quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Eu indico

Fui apresentada a um blog pela minha insana querida Ana Cristina, em fevereiro de 2008. Não parei mais de ler.

A história de uma mulher, grávida de 7 meses que perde seu companheiro dois meses antes do nascimento de seu único filho. Enredo para uma novela do Manoel Carlos, hein?
Cristiana Guerra é mineira, publicitária e fez desse fatídico acontecimento um legado de histórias bonitas para que seu filho pudesse receber as lembranças do pai. Uma prova de amor.

Delicie-se!
É surpreendente como o tempo (eh, aquele mesmo! Que a gente tem vontade de matar quem o inventou) foi capaz de transformar dor em alegria, lamentos em poesia.

http://parafrancisco.blogspot.com/

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Sim, eu falo sozinha

Ando ansiosa o suficiente para entender que a loucura não vem só no inferno astral, apesar da Iza ter me lembrado que faltam só 13 dias para ele chegar. Mas, existe uma arte, que me conforta: a de conversar sozinha. Não enxergo vultos ou personagens que gesticulam saudosamente. Esta é outra arte, a da pessoa que passeia para fora. E estou falando de outra viagem.

Aprendi isso muito nova. E criança ainda, quando minha mãe me pegava pelos cantos naquele papo-cabeça comigo mesma, eu simulava uma cantiga. Hoje não. É diferente essa conversa de quem se esgalha por onde tem suas raízes, num malabarismo de tempos e espaços.

Não são apenas conversas existências. São discussões, muitas vezes acaloradas, sobre todos os assuntos, com duas pessoas, que convivem aqui, dentro de mim. Na vida, essas duas são uma só, claro. Ou ainda.

Eu tenho pensado que esta é uma situação de certo risco, de alta periculosidade, como um soldado que andasse em campo minado e por isto sabe que cada passo é fatal (ou vital). Não, não é exatamente isso. Porque o soldado não sabe onde estão escondidas as minas. Eu sei. E, com frequência, piso nelas.

Mas, está também é uma situação mágica. Mais que articular espelhos, é desvelar e construir um crescente mundo suplementar. E eu adoro esse voo solo. Insanidade pura.

Preciso de terapia urgente, mas não confio no terapeuta que eu ainda nem conheço. Gosto tanto do meu papo, que Narciso ficaria com vergonha. Eu tenho medo. Eu tenho muito medo.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Bem-vindo, meu pequeno!



O mês de setembro sempre me foi muito especial. Pessoas muito queridas fazem aniversário nele. Não sei bem até que ponto os astros influenciam as relações das pessoas, mas o fato é que tenho muitíssima afinidade com aqueles nascidos sob a regência setembrina. Pois bem, setembro trouxe este ano mais um presente à minha vida, não sendo pouca a coincidência de ser justamente nesse mês, chegou no dia 9 de setembro o meu quarto sobrinho!

Pedro Henrique nasceu de cesariana, com aproximadamente 3,5 Kg e com um rostinho lindo de viver. Ele tem os olhos espertos, a boquinha bem desenhada e um furinho no queixo muito charmoso! Apesar da pouca idade, já dá para perceber nele muitos traços da minha cunhada e do meu amor.

O que eu acho mais incrível disso tudo é perceber como é possível nascer no coração um amor tão grande por uma pessoinha que acabou de chegar. Foi amor à primeira vista! Olhei para aquela coisinha pequenina e imediatamente meu coração se inundou de afeto e meus olhos de alegria.

Esses dias ele esteve internado por conta de uma icterícia, mas enfrentou tudo com muita coragem, e no final de semana estava de volta à sua casa, com os olhinhos ainda meio amarelinhos mas cheios de curiosidade e vontade de enxergar as novidades.

Bom, esse post de tia coruja é para dar boas-vindas ao meu pequeno e compartilhar com vocês a imensa felicidade que estou sentindo!

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

A cartomante

Dias atrás, em um post revelador, mencionei uma das minhas facetas e, diga-se de passagem, a mais extraordinária delas. Um dia, eu fui cartomante.
Assumo não saber nada dessa arte milenar. Mas, em uma mente hiperativa como a minha, tudo é possível.
Os nomes das cartas que ilustram essa história não são condizentes com as revelações que as madames ou ciganas da vida fazem. Utilizei esses personagens apenas para dar um ar oculto, preservar o mistério encantador que existe em falar do futuro sem conhecer passado e presente.
Mas uma coisa eu posso revelar a vocês: essa história aconteceu. E foi assim:

Nunca pude imaginar que, um dia, iria vivenciar um texto do escritor Luis Fernando Veríssimo. Mas a vida acabou imitando a arte...
Não. Não vasculhei seu lixo. Acho que não somos vizinhos (pelo menos não de apartamento), nem sou uma detetive possivelmente contratada por uma ex-namorada ou por uma pretende curiosa.
Sou apenas uma freqüentadora de restaurante que, um dia, teve um lampejo metafisiocósmicotranscedental de observar pessoas mais do que a própria comida no prato.

Assim, comecei a fazer suposições de algumas pessoas, mas não obtive o resultado. Não desisti. Sabia que essas premeditações resultariam em algo. Talvez uma simples crônica (longe de ser comparada ao Luis Fernando Veríssimo, por favor!).
Então você fez parte do meu campo de visão e, a partir daí, passei a conhecer seus passos.

XIV – A Temperança
Passos típicos de quem não foge da rotina. Almoço no mesmo horário: entre 11h45 e 12h15. Almoço lento, com saladas, carboidratos, proteínas e, claro, coca light (com gelo e limão?).

II – A Grã-Sacerdotisa
Almoço. Hum... Seria seu pai? Um tio muito próximo? Pai. Certamente.

Profissão? Aí vinha o dilema. Sempre de branco, não seria médico? Enfermeiro? Pai-de-santo? Dentista.
Ah, mas esse quesito não foi adivinhação. Apenas um descuido seu ao falar ao celular sobre obturação. Dentista.

I – O Mago

Daqueles cuja especialidade é estética? Canal? Retirada de siso? Isso explicaria a prática do tênis como esporte.

O Louco (para a cartomante)
Mas que tolice minha... (Às vezes é difícil controlar as premeditações) Como se esse esporte fosse o único indicado para a extração de siso. Poderia ser remo ou até mesmo o simples puxar de ferro.

Hum... acho melhor tênis mesmo, para aliviar o estresse do dia-a-dia.
Ah... tem mais? Tem sim.

XVII – A Estrela
Você tem o perfil de quem gosta de algo relaxante, pacato, que combine com a rotina de quem freqüenta o mesmo restaurante há anos.
Um sítio. Com piscina e churrasqueira para receber os amigos.

IX – O Ermitão
Cuidadoso, sempre se preocupa com o bem-estar da família e dos amigos.
Fala mansa, tom de voz sereno. Tímido, mas sem se preocupar com a timidez. Sorriso largo abrilhanta e desperta a empatia e curiosidade de quem está ao seu redor ou na mesa à frente.


Desculpe-me, mas as cartas só não revelaram algo... Qual o seu nome?

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

E-mail de bêbado não vale


Vaia de bêbado não vale, como já dizia João Gilberto. E-mail também não. Sabe aqueles dias em que a pessoa chega em casa de porre, de pileque, talvez simplesmente alcoolizada, ok, podre de bêbada? 4h da matina, descabelada, sem rumo e com as sandálias na mão. Todo mundo sabe que a coragem aumenta diretamente proporcional à quantidade de álcool no sangue. Cheia dela, a pessoa senta na frente do computador e ai-ai-meu-Deus-do-céu. Alguém já viu essa cena? Alguém?

Depois de uma dessas, quando o sujeito acorda, na manhã seguinte, mal sabe seu próprio nome, que dirá o que fez de madrugada. Com imenso esforço reúne a pouca lucidez que consegue amealhar, procura abrir os olhos a duras penas, levanta-se com imenso sacrifício, sai da cama tropeçando nas próprias pernas e... faz o que?

E-mails ou telefonemas de bêbados, ou de “cidadãos sob a influência do álcool” (adoro essa expressão sob influência...) durante a madrugada, não são coisa nova. Sempre que se deixam, digamos, influenciar um pouco além da conta, as pessoas ligam para alguém e descarregam tudo aquilo que o bom senso e a autocensura lhe proibiam de dizer sóbrias.

Ontem eu estava configurando umas coisas no meu e-mail e descobri que o Google decidiu dar sua contribuição para a grande aflição do biriteiro, no dia seguinte ao porre. O serviço chama-se Óculos de Proteção para E-mails e pode ser ativado no labs de todos os Gmails.

A coisa funciona assim: o cavalheiro ou a dama marca os dias da semana que costuma fazer uso de substâncias alcoólicas. E marca também as horas. Depois de meia-noite, por exemplo. Aí, nestes dias marcados, para testar seu grau de empilecamento antes de enviar um e-mail, o Gmail te pede para resolver alguns problemas de matemática.

O recado deles é o seguinte: “As mensagens que você envia tarde da noite em fins de semana podem ser úteis, mas você pode acabar se arrependendo delas na manhã seguinte. Basta resolver alguns problemas simples de matemática e você estará pronto para continuar. Caso contrário, tenha uma boa noite de sono e tente novamente pela manhã.” Quando é de se presumir que o sujeito já esteja sóbrio ou demasiadamente chumbado para sequer tentar enviar o e-mail novamente.

Não é o máximo? Porque não inventaram isso antes? Porque não inventam esse recurso para celular também?

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Feliz aniversário, Karine!

Me lembro bem como se fosse hoje, quando vi na minha sala aquela pessoinha que levava Danete de merenda. Não sei ao certo quantos anos eu tinha, cerca de 8 ou 9, mas ali estava prestes a iniciar a convivência com a minha maior amiga de todos os tempos. Sempre fomos de convívio difícil, por isso é engraçado lembrar de nossa aproximação e de como no dia a dia isso ia se tornando tão grande e especial. Me lembro de amar ir à aula só por causa dela. Me lembro de nossas intermináveis conversas, das incríveis risadas, das incontáveis aventuras, da vontade de estar com ela 24h por dia, todos os dias da semana. Com ela aprendi o significado de amizade e tantos outros. Com ela atravessei a infância e a adolescência, e não chegaria da adolescência à “maturidade”, sem sua mão amiga e segura. Hoje, procuro lembrar de um só momento importante bom ou ruim, em que ela não estivesse presente. Não há. Lá estava ela, seu abraço, suas palavras nas horas certas, seu afastamento quando necessário, meu porto-seguro. Durante as tempestades em minha vida afastei muita gente, principalmente aqueles que mais amava, mas ela soube entender esses difíceis momentos, e quando voltei ao meu prumo, me recebeu como se nada tivesse acontecido, e continuamos nossa trajetória como se nunca a tivéssemos interronpido. De tudo que vivemos juntas, guardo no coração o dia em fui visitá-la na maternidade, e vi nos seus olhos a felicidade brilhando enquanto me apresentava a sua Mayra. Na verdade, nossa Mayra, já que ela foi e é um grande sonho sonhado por nós duas, e que faz ser delicioso assistir durante o seu crescimento tanto da personalidade e inteligência da minha amiga.


Fiquei tentando chegar perto da definição da nossa amizade. E aí veio em minha cabeça a última cena do filme Thelma & Louise, em que no auge da fuga das duas, elas pararam em frente a um canyon, olharam uma dentro da alma da outra, seguraram as mãos e em silêncio aceleraram o carro rumo ao despenhadeiro. Acho que isso é a coisa mais próxima da definição do que sinto por você: uma confiança sem limites, uma certeza de que estarei ao seu lado incondicionalmente, não importa o que aconteça. E, que, a recíproca é verdadeira.

Para você, além dos desejos de muita felicidade e amor sempre, o meu muitíssimo obrigada por tudo que vivemos ao longo desses vinte e tantos anos de amizade, pelo que iremos viver, e por significar tanto em minha vida.

Feliz aniversário, Karine.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Meu melhor presente


Eu não a idealizava totalmente porque sempre tive os pés no chão quanto a grandes expectativas. Por causa disso me permitia modelar em minha cabeça uma imagem sua apenas rascunhada, aberta aos caprichos do destino. Só existia um ensaio mental de sua figura. Podia ser um pouco assim. Um pouco assado. A genética fala alto, mas o ambiente também. E se for chata? Se não gostar de mim? E lá veio ela, aquele bolinho de gente, com três espessos tufos de cabelos na cabecinha, uma pinta no braço direito e um olhar... ah, um olhar...

Ela veio por muita insistência minha. Demorou dez anos. Podia ter demorado menos, mas se viesse mais rápido, não seria ela. O nome era outro até quase ela chegar. Mudou e não poderia mesmo ser outro. Uniu a força bíblica da “mulher que ocupa o primeiro lugar” ao enigmático hebraico daquilo que é “cheio de graça”.

De mãos dadas e olhos cuidadosos, eu ajudei a dar os primeiros passinhos. Também fui responsável pelo primeiro tombo de verdade, quando ela escorregou no banheiro e bateu a cabeça no degrau. Quase tive um troço. Depois do susto, apelidamos o machucado de tomate, e assim, o episódio ficou mais divertido. A primeira vez que ensaiou as braçadas na piscina também. Quase afogou, tadinha, mas se saiu bem. E, na bicicleta, quem soltou a mão, para que ela seguisse sozinha, fui eu.

Aprendi a dar banho, a lavar os longos cachos, sem deixar um fio cair na mão pequena, porque ela tinha muito medo do próprio cabelo, vai entender... Tinha medo também da fantasia de palhaço do primeiro aninho de vida. E do homem que passava de caminhão vendendo batata. Ele era inclusive a saída de quem ainda não tinha nenhuma psicologia infantil. “Não faz isso, senão o homem da batata vem pegar você”. Ela obedecia.

Aprendi a lavar e a passar as fraudas, que ainda eram de pano. Com todo cuidado do mundo, fazia todas as dobras que minha mãe dizia necessárias fazer. Contava histórias e ensinava as letras de todas as músicas, que, com aquela idade, eu achava importante saber. Buscar na escola e ensinar as tarefas me fazia sentir muito mais responsável, do que eu era na verdade.

Ter uma irmã, pelo menos no meu caso, significou muito companheirismo e noções práticas de solidariedade, justiça e espírito coletivo. Dividindo aprendi a somar. Pelo afeto daquela menininha que eu ajudei a gerar, eu ganhei um novo mundo. Inteirinho e só pra mim. E isso me alegra demais, todos os dias. Nada supera a satisfação de saber que nossos frutos são árvores, prontas para enriquecer a humanidade com sua maneira encantadora de ser.

Minha irmã é a filha que eu ainda não tive, a amiga que eu vou ter para sempre e a certeza que só veio coisa boa nessa entrega especial da natureza. Desculpem, é piegas, eu sei, mas minha parca habilidade literária me impede de achar termo menos clichê para dizer exatamente isso. Por isso repito e aqui está escrito: muito obrigada!

terça-feira, 1 de setembro de 2009

PENSAMENTOS INSANOS MESMO!!!!!

Eu já fui cartomante. Revelei o impossível abrindo cartas.
Já fui insensível e disso desconfio. Porque sorvi uma taça de vinho sem mudar o semblante.
Também já fui criança. Mas até hoje brinco com meu amigo invisível.
Até professora eu já fui. E dessa arte eu gostei.

Eu já fui porra-louca. Fiz coisas que somente eu e a cartela de neosaldina poderão lembrar.

Eu já fui adulta aos nove anos e falei verdades que hoje nem acredito que saíram de mim.
Já fiz poesia. Enchi os cadernos de pensamentos rimados e histórias de vida.

Já pensei em vingança, em matar, em correr riscos. Mas o máximo que fiz foi estourar o cartão de crédito.
Já fui triste. E resolvi a tristeza comendo uma pizza gigante e um pote de sorvete sozinha.
Eu já fui dançarina. Dentro do meu quarto, um partner daqueles me conduzia com leveza e suavidade por aí.

Eu já colei em provas de matemática, física e química. Mas ajudei meus colegas em inglês, história e geografia.
Eu já tive insônia e li livros a madrugada inteira.
Já falei ao celular por mais de duas horas e fora um interurbano.

Eu já vivi um amor ou vários. E ainda vivo!

Dessas várias que se fazem em mim e de outras que não quis revelar, eu já fui o que sou e serei o que era. Era eu que sempre serei.