quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Que venha 2010

Aceitemos que é impossível ficar indiferente à onda de esperança que assola as pessoas nesta época do ano. Quem acha um saco, como eu, esse clima de falsas gentilezas que abra um crédito e goze isto, pelo menos, por um momento. Não faz mal. Afinal, é legítimo achar que tudo é lindo ao menos uma vez no ano. Aliás, que cada um se pergunte: em que outra época do ano o povo exibi tanta esperança? Tanta solidariedade? Tanta alegria? Tanto otimismo?

Mas eu quero mais. Que 2010 seja um ano de opostos. Essa coisa de seguir o beabá das cartilhas me deixa confusa. “Quero chegar lá”. Lá onde? “Quero ser uma pessoa melhor” Melhor do que quem cara-pálida? Gandhi? Oprah?

Minhas feridas e cicatrizes não abrem e fecham? Lágrimas e sorrisos não escorrem e secam? Então, eu quero tudo. O sol, a chuva. O tédio, o gozo. A paz, o tormento. A sinceridade, a ironia. E que o que esteja por vir seja imprevisível, porque de mesmice já basta os escândalos de corrupção, os buracos na rua e as enchentes de verão.

Mas acho que o que quero mesmo em 2010, é continuar tendo paciência, persistência e fé. Paciência para entender que a vida tem um ritmo próprio que, muitas vezes, é diferente do nosso. Persistência para nunca desistir, mesmo nos momentos críticos, doloridos, difíceis, ter força para seguir em frente, “beber, cair e levantar”. E ter fé, muita fé. Em mim, nos meus, nos outros.

Que tudo isso me leve a 2010 da mesma forma que cheguei sã e salva a 2009, mas claro, de uma maneira completamente inusitada, diferente. Porque de mesmice já basta o aumento dos combustíveis, os dólares na cueca, aquela coisa toda...

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

2009 na balança

Fim de ano, correria, luzes de natal. O amigo-oculto de sempre, os desejos e estimas, as ruas cheias de carros, as sacolas cheias de presentes e a fila para pagar em 8x na loja de departamentos.
Tal qual o bom velhinho, a velha rotina.

As promessas da dieta, da matrícula na academia, de arrumar o armário, de ser mais tolerante, de trabalhar menos, de guardar dinheiro, de encontrar um amor.
Tal qual o bom velhinho, a velha cartinha de pedidos.

E, assim, é chegada a hora de pegar o ano velho e colocá-lo na balança. E aí, o que você fez?

2009 foi um ano bom. Eu o definiria como "o Ano do Reencontro". Retornei ao meu antigo emprego com a felicidade estampada, apesar do desgaste e cansaço que ele me provoca. Mas voltei. Com mais alegria e vontade.

Também, em 2009, reencontrei em mim uma saudosa auto-estima, um riso fácil, uma presença de espírito embora, muitas vezes, disfacei a tristeza com óculos escuros e enchi a lixeira com lenços de papel. Ah! Digamos que, romanticamente, me encontrei.
Ok. Precisei perder alguém e alguns para me encontrar, mas encontrei.

2009 também me presenteou com lindos amigos, lindas amizades. No trabalho, no boteco em frente ao trabalho, na porta da minha casa, no antigo trabalho, no boteco em frente ao antigo trabalho e em algum boteco por aí.
Sem contar no reencontro com os velhos amigos. Estes que nem precisam de encontros marcados em botecos. Amizade mesmo. Que se renova e se reencontra a cada nova publicação neste blog.

2009 foi um ano cheio e intenso que nem vi passar. Ontem mesmo brindava a sua chegada e agora antecipo a despedida com uma saudade passageira e infantil.
Vá com Deus, 2009!
Chega mais, 2010!

Boas Festas, pessoal!
Muita Paz, Luz, Alegriasssssssss!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Um espírito nada natalino



Todos os anos, nessa mesma época, sinto-me como aquele duende interpretado pelo Jim Carrey, o Grinch, que odeia o Natal. Além dessa data, como muitas outras, em minha opinião, ser usada com excessivo apelo comercial, há vários outros motivos que nem Freud explica, que fazem com que eu me sinta assim.

Tenho algum problema em lembrar fatos da minha infância, não sei o motivo, talvez seja um bloqueio psicológico ou uma forma de me resguardar, sei lá, o fato é que não consigo trazer à tona qualquer lembrança boa de Natal. Outro dia, no caminho do restaurante com colegas de trabalho, caímos no assunto “Natal” e quando um deles me perguntou se eu gostava dessa data, respondi : “Quem não tem mãe não pode gostar de Natal”, assim, na lata. De repente aquele silêncio mortal e eu me sentindo a pessoa mais amarga do mundo. Para quem não vive essa ausência pode parecer bobagem, mas para alguém que tinha como seu tudo a sua mãe, sentir-se feliz numa data na qual tudo gira em torno da família é bastante difícil. Mesmo que esse alguém seja uma marmanja de 31 anos.

Tem também um outro porém, mais um capítulo da minha novela particular mexicana, perdi meu pai aos 14 anos, no dia 21 de dezembro, bem às vésperas de um Natal. E, assim, fica claro que qualquer lembrança doce que poderia haver, apagou-se.

Bom, tudo isso é para tentar justificar a minha resposta cheia de fel ao meu amigo, e ainda que ninguém mereça receber uma afirmativa desse tipo, pois afinal “ema, ema, ema, cada um com seus...”, eu me dou o direito de não gostar desse período do ano.

Não creio que de um modo geral eu seja uma pessoa amarga, inclusive tenho bastante medo de sê-la, mas confesso que em algumas situações sou realista ao extremo e tenho consciência de que essa atitude me faz mais mal do que bem.

Por isso esse desabafo um pouco cruel sobre o Natal é na verdade uma defesa à ferida que ele faz arder mais nessa época, mas que na maior parte do tempo, vitoriosamente, dia após dia, aprendo a acalmar.

Quem sabe um dia isso não passa... se até uva passa...???kkk.