domingo, 20 de fevereiro de 2011

Os 7 anos no ponto de ônibus

A caminho de casa, esperando pelo mercedes que ia para o Nova Floresta, vi passar uma menininha de cabelo arrumado, gloss cor-de-rosa nos lábios e sandália dourada nos pés. Um senhor sentado no banco do ponto também acompanhava aquela menina com o mesmo olhar que eu quando, então, ela tirou do bolso do short um aparelho de celular apenas para ver as horas. A garota não passava dos 7 anos.

Rapidamente fui levada ao passado, aos meus 7 anos. Eu andava por aí, de cabelo desgrenhado, com os pés descalços, provavelmente com um short na cor azul que um dia fora do meu irmão mais velho e ainda passou pelo do meio e minha mãe só trocou o elástico ou pregou o botão que estava faltando, costurou as emendas e pronto. Estava novo. E o short certamente estaria cheio de carrapicho ou sujo de areia da pracinha do bairro. Do bolso, eu sacaria as minhas inseparáveis cinco-marias.

O velho ao lado olhou para mim e sorriu. Ele tinha acabado de ir à infância dele. No bolso de seu short? Talvez um saquinho de bolas de gude, um estilingue ou um pião.
E nós dois tínhamos o mesmo pensamento: não havia pressa aos 7 anos. Só voltávamos para casa quando a fome apertava.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A tal zona de conforto

O mês de janeiro foi uma surpresa para mim. Estaria de férias, mas acabei recebendo uma proposta para cobrir as férias de uma revisora em outra agência. Sorte grande, pensei, pois 2011 será um ano de muitas despesas e muitas alegrias! Aceitei sem pestanejar, e nem sabia o bem que isso iria me fazer ( só o financeiro, claro).

Quem me conhece sabe o quão sistemática eu sou, adoro uma boa rotina e só de pensar em sair dela, tenho calafrios... sério... comodismo puro, eu sei, mas nada tão grandioso que me impeça de trilhar novos rumos, quando necessário. Foi assim há 3 anos, quando deixei meu emprego de secretária para arriscar minha tão almejada carreira de revisora... formei-me em Letras e demorei quase 1 ano para conseguir uma oportunidade. Pedir demissão de um emprego quando seu pão e seu teto dependem dele não é fácil, mas há muito já me sentia infeliz exercendo uma profissão que não mais me acrescentava nada...então quando surgiu a chance de colocar em prática minha vida acadêmica, lá fui eu, morrendo de medo de dar errado, mas colocando toda a minha fé e esforço para que desse certo. E deu e continua dando. Amém.

Pois bem, em janeiro, senti algo muito parecido com isso. Nunca pensei que sair da minha zona de conforto me faria tão bem. E foi tão bom me sentir testada de novo, querer dar o máximo de mim trabalho após trabalho. Joguei meus medos fora, testei meus limites e tive a certeza de que posso fazer isso sempre que julgar necessário. Aprendi novas maneiras de revisar, conheci pessoas maravilhosas e, o melhor de tudo, senti-me reconhecida profissionalmente.

No meio da minha permanência na agência nova, pude matar as saudades de três amigas especiais. Três que fazem esse cincoetanto ser muitíssimo importante para mim. Apesar de bastante abandonado, este blog tem alma própria, o que essas mulheres colocam aqui tem uma verdade única, a verdade delas, a minha verdade, escrevemos como o coração e nos sentimos abraçadas com os comentários. Ju, Iza e Karine, mulheres com as quais aprendo sempre e entendo o que significa estar perto mesmo estando longe. Espero que este ano nossos encontros sejam mais frequentes e que sejamos sempre o que significamos uma para a outra: amizade, companheirismo e lealdade. Amo vocês.



Semana passada acabou meu período de substituição e voltei ao meu habitual trabalho, tive uma gostosa sensação de dever cumprido e de forças renovadas para enfrentar o novo ano! Quero que esse sentimento me acompanhe sempre.

Um beijo e até a próxima.