A caminho de casa, esperando pelo mercedes que ia para o Nova Floresta, vi passar uma menininha de cabelo arrumado, gloss cor-de-rosa nos lábios e sandália dourada nos pés. Um senhor sentado no banco do ponto também acompanhava aquela menina com o mesmo olhar que eu quando, então, ela tirou do bolso do short um aparelho de celular apenas para ver as horas. A garota não passava dos 7 anos.
Rapidamente fui levada ao passado, aos meus 7 anos. Eu andava por aí, de cabelo desgrenhado, com os pés descalços, provavelmente com um short na cor azul que um dia fora do meu irmão mais velho e ainda passou pelo do meio e minha mãe só trocou o elástico ou pregou o botão que estava faltando, costurou as emendas e pronto. Estava novo. E o short certamente estaria cheio de carrapicho ou sujo de areia da pracinha do bairro. Do bolso, eu sacaria as minhas inseparáveis cinco-marias.
O velho ao lado olhou para mim e sorriu. Ele tinha acabado de ir à infância dele. No bolso de seu short? Talvez um saquinho de bolas de gude, um estilingue ou um pião.
E nós dois tínhamos o mesmo pensamento: não havia pressa aos 7 anos. Só voltávamos para casa quando a fome apertava.
domingo, 20 de fevereiro de 2011
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"Não havia pressa aos 7 anos. Só voltávamos para casa quando a fome apertava." Que bonito isso. Hoje as crianças já nascem adultas, essa é a impressão que eu tenho.
ResponderExcluirBjos!
Margot Félix
Oi, Iza!! Essa pressa de perder a infância é tão ruim...e quando elas perceberem não tem volta mais...são raras as crianças que preservam a inocência...infelizmente...culpa delas, dos pais, da mídia, da vida??? Sei lá...Bjs
ResponderExcluirIza q saudade deste cantinho aqui e sempre bom ler o q vc esscreve e melhro ainda o q suas amigas tb postam..... um grande beijo
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