quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Que venha 2010

Aceitemos que é impossível ficar indiferente à onda de esperança que assola as pessoas nesta época do ano. Quem acha um saco, como eu, esse clima de falsas gentilezas que abra um crédito e goze isto, pelo menos, por um momento. Não faz mal. Afinal, é legítimo achar que tudo é lindo ao menos uma vez no ano. Aliás, que cada um se pergunte: em que outra época do ano o povo exibi tanta esperança? Tanta solidariedade? Tanta alegria? Tanto otimismo?

Mas eu quero mais. Que 2010 seja um ano de opostos. Essa coisa de seguir o beabá das cartilhas me deixa confusa. “Quero chegar lá”. Lá onde? “Quero ser uma pessoa melhor” Melhor do que quem cara-pálida? Gandhi? Oprah?

Minhas feridas e cicatrizes não abrem e fecham? Lágrimas e sorrisos não escorrem e secam? Então, eu quero tudo. O sol, a chuva. O tédio, o gozo. A paz, o tormento. A sinceridade, a ironia. E que o que esteja por vir seja imprevisível, porque de mesmice já basta os escândalos de corrupção, os buracos na rua e as enchentes de verão.

Mas acho que o que quero mesmo em 2010, é continuar tendo paciência, persistência e fé. Paciência para entender que a vida tem um ritmo próprio que, muitas vezes, é diferente do nosso. Persistência para nunca desistir, mesmo nos momentos críticos, doloridos, difíceis, ter força para seguir em frente, “beber, cair e levantar”. E ter fé, muita fé. Em mim, nos meus, nos outros.

Que tudo isso me leve a 2010 da mesma forma que cheguei sã e salva a 2009, mas claro, de uma maneira completamente inusitada, diferente. Porque de mesmice já basta o aumento dos combustíveis, os dólares na cueca, aquela coisa toda...

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

2009 na balança

Fim de ano, correria, luzes de natal. O amigo-oculto de sempre, os desejos e estimas, as ruas cheias de carros, as sacolas cheias de presentes e a fila para pagar em 8x na loja de departamentos.
Tal qual o bom velhinho, a velha rotina.

As promessas da dieta, da matrícula na academia, de arrumar o armário, de ser mais tolerante, de trabalhar menos, de guardar dinheiro, de encontrar um amor.
Tal qual o bom velhinho, a velha cartinha de pedidos.

E, assim, é chegada a hora de pegar o ano velho e colocá-lo na balança. E aí, o que você fez?

2009 foi um ano bom. Eu o definiria como "o Ano do Reencontro". Retornei ao meu antigo emprego com a felicidade estampada, apesar do desgaste e cansaço que ele me provoca. Mas voltei. Com mais alegria e vontade.

Também, em 2009, reencontrei em mim uma saudosa auto-estima, um riso fácil, uma presença de espírito embora, muitas vezes, disfacei a tristeza com óculos escuros e enchi a lixeira com lenços de papel. Ah! Digamos que, romanticamente, me encontrei.
Ok. Precisei perder alguém e alguns para me encontrar, mas encontrei.

2009 também me presenteou com lindos amigos, lindas amizades. No trabalho, no boteco em frente ao trabalho, na porta da minha casa, no antigo trabalho, no boteco em frente ao antigo trabalho e em algum boteco por aí.
Sem contar no reencontro com os velhos amigos. Estes que nem precisam de encontros marcados em botecos. Amizade mesmo. Que se renova e se reencontra a cada nova publicação neste blog.

2009 foi um ano cheio e intenso que nem vi passar. Ontem mesmo brindava a sua chegada e agora antecipo a despedida com uma saudade passageira e infantil.
Vá com Deus, 2009!
Chega mais, 2010!

Boas Festas, pessoal!
Muita Paz, Luz, Alegriasssssssss!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Um espírito nada natalino



Todos os anos, nessa mesma época, sinto-me como aquele duende interpretado pelo Jim Carrey, o Grinch, que odeia o Natal. Além dessa data, como muitas outras, em minha opinião, ser usada com excessivo apelo comercial, há vários outros motivos que nem Freud explica, que fazem com que eu me sinta assim.

Tenho algum problema em lembrar fatos da minha infância, não sei o motivo, talvez seja um bloqueio psicológico ou uma forma de me resguardar, sei lá, o fato é que não consigo trazer à tona qualquer lembrança boa de Natal. Outro dia, no caminho do restaurante com colegas de trabalho, caímos no assunto “Natal” e quando um deles me perguntou se eu gostava dessa data, respondi : “Quem não tem mãe não pode gostar de Natal”, assim, na lata. De repente aquele silêncio mortal e eu me sentindo a pessoa mais amarga do mundo. Para quem não vive essa ausência pode parecer bobagem, mas para alguém que tinha como seu tudo a sua mãe, sentir-se feliz numa data na qual tudo gira em torno da família é bastante difícil. Mesmo que esse alguém seja uma marmanja de 31 anos.

Tem também um outro porém, mais um capítulo da minha novela particular mexicana, perdi meu pai aos 14 anos, no dia 21 de dezembro, bem às vésperas de um Natal. E, assim, fica claro que qualquer lembrança doce que poderia haver, apagou-se.

Bom, tudo isso é para tentar justificar a minha resposta cheia de fel ao meu amigo, e ainda que ninguém mereça receber uma afirmativa desse tipo, pois afinal “ema, ema, ema, cada um com seus...”, eu me dou o direito de não gostar desse período do ano.

Não creio que de um modo geral eu seja uma pessoa amarga, inclusive tenho bastante medo de sê-la, mas confesso que em algumas situações sou realista ao extremo e tenho consciência de que essa atitude me faz mais mal do que bem.

Por isso esse desabafo um pouco cruel sobre o Natal é na verdade uma defesa à ferida que ele faz arder mais nessa época, mas que na maior parte do tempo, vitoriosamente, dia após dia, aprendo a acalmar.

Quem sabe um dia isso não passa... se até uva passa...???kkk.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Mesmo assim foram se conhecer

Ela, engajada e de esquerda, quem sabe uma esquerda liberal, mas, de qualquer forma uma esquerda atrapalhada já que admirava Marx e acreditava no Lula. Coração inflamado. Ouve Tom, Caetano e acha o Chico Buarque um gato. Clichê talvez. Oscila no jeito neo-hippie irritante, intelectual e cafeína. E mesmo assim foram se conhecer. Ele, tênis, camiseta, alheio a pensamentos políticos, entende tudo de qualquer esporte e não dispensa um futebol na prática e na teoria, não gosta de pessoas engajadas, ouve Dire Straits, New Order e Supertramp. E foram se encontrar no lugar mais improvável.

Ele, de um otimismo que chega às raias do irritante. Ela mais pé no chão quanto a grandes expectativas. Ele sabe que somando dois com dois vai chegar ao quatro. Ela acha que somando dois com dois pode chegar a vários resultados, até mesmo, eventualmente, ao quatro.

Ele faz grandes planos para o futuro, prefere a quimera imaginativa. Ela, planos pra depois do almoço. Ele inspira simpatia, dado à vida social, não falta a reuniões grandes ou pequenas, particulares ou oficiais, lembra de todos os rostos, todos os nomes. Ela, autista por opção, não ouve quando chamam, prefere seu casulo, vive no mundo da lua. Ele generoso e bonachão. Ela sabe que mineiro é desconfiado e mantém a tradição.

Ela tem uma extrema necessidade de incorporar uma sinceridade absoluta a tudo o que faz. Ele polido, diz “não vamos porque já temos outro compromisso, obrigado, deixa pra próxima”. Ela diz no outro dia, “não, a gente não estava a fim de ir mesmo”. Ela do dia, ele da noite. Mas, quando se deram conta, era sol de meio-dia.

Ela discursa com indignação contra o imperalismo ianque e a grande ditadura das corporações, que impõe o modelo familiar fundado no capitalismo, blá, blá, blá. Ele acha a maior graça. Ela perdeu a conta de quantos guarda-chuvas, chaves e livros, largou por onde andou. Nem se lembra mais da maioria. Ele vem atrás recolhendo.

Hoje eles estão juntos e se completando a cada dia por causa de todas as diferenças. Na próxima terça, farão três anos de casados. Ela continua fã de Chico e ele de rock. Ela, sedentária inveterada e ele fiel ao futebol no final de semana. Ela ainda luta por qualquer causa que seja e ele ainda sonha em ser um empresário milionário, mas quando um sorri, o outro ainda perde a voz. E como a raposa do Saint Exupéry: “Se eu sei que você vai chegar às três e meia, às três eu já começo a ser feliz.”

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Não gostei!

Eu ando sumida daqui (todas nós!) e com muita saudade deste espaço.
Eu ando sumida de mim e com uma saudade gorda de ter mais tempo pra mim.

Eu não entendo... Desde criança escutava minha mãe falar para estudar bastante no primeiro semestre para ficar "folgada" no segundo. Sempre fazia o inverso.

Hoje, não é culpa minha. O ano de 2009 vai ser marcado pelo retorno do trabalho forçado. Ano passado, reclamava do meu antigo emprego. Das mesmices de segunda à sexta-feira. Procurava desafios.

Ok! Mas não precisava ser levada tão a sério.

Mas eu gosto. Felizmente ou infelizmente eu gosto dessa loucura que é minha vida. Gosto de não ter tempo, de chegar em casa esbudegada.

Eu fui promovida essa semana. Mas não gostei. Não me pergunte: como não gostou? Não. Não gostei. Não fui promovida financeiramente. Não por enquanto.

Me deram mais uma função. A função de falar pelas ventas. Mas não gostei. Logo eu que vou a Roma, Paris, Londres, Praga... quando abro a boca. Logo eu que converso com cachorro e até com os cactos aqui de casa, que entro no chuveiro e converso comigo mesma sobre tudo que aconteceu no dia, da resposta que não dei, do email que esqueci de mandar. Logo eu que até dormindo converso. Ora, não gostei!

Melhor ficar em silêncio... pelo menos agora. Pelo menos por essa noite. Ando gorda e roxa de saudade de mim.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Amanhã é dia da flor do dia!!



Julieta, Jú, Juliana banana, Julieta brabuleta azul, como preferir, eu a chamo de vários jeitos, mas todos com muito carinho.

Pois bem, Julieta entrou na minha vida quando eu ainda trabalhava na FUMEC ( acho que há uns 7 anos, sei lá ), lembro-me claramente de como gostei dela de graça e a achava inteligente. Aos poucos fomos nos tornando amigas e, quanto mais a conhecia, mais gostava dela e crescia a minha admiração.

Vivemos muitas coisas juntas, o trabalho às vezes nos presenteia com pessoas que irão nos acompanhar pelo resto da vida. Costumo dizer que além da saudade que a FUMEC me deixou e da falta que sinto do convívio diário com as pessoas de lá, ela me deixou uma amizade sincera, forte e sem tamanho, que qualquer distância e tempo do mundo não abala. Sei que a Juliana sabe disso e também sente assim.

Juliana Coelho, com esse nome de jornalista famosa- o que não é à toa, é uma menina de sorriso fácil, sua alegria contagia; generosa, inteligente, doce, amiga, apaixonada por tudo que faz, menina de personalidade forte, ideologias grandes e ideias borbulhantes. Foi convivendo com uma pessoa assim que muito de mim voltou a ser como era antes. Juliana me incentivou a não desistir de tentar vestibular, acreditou em mim com tanta verdade, que eu mesma passei a acreditar de novo. E foi por causa dessa sementinha que eu acreditei, tentei, passei ( e inúmeros milagres aconteceram nesse meio tempo ) e hoje sou tão orgulhosa de ser uma “letrada”. Não bastasse só isso tudo, foi ela que me apresentou um escritor que se tornaria o meu favorito, aquele que mudaria meu gosto pela leitura e transformaria minha forma alienada de pensar e ver o mundo: Dostoiévski.

Sinto saudade de nossas conversas intermináveis, dos pensamentos insanos que de tão absurdos, acabavam nos fazendo quase morrer de rir. Acho que quando encontramos uma irmã de alma é assim: não importa onde estejamos, sempre a trazemos no coração e pensamento; às vezes acontece alguma coisa ou vejo algo ( uma notícia, um livro, uma música )e eu logo me lembro da minha amiga querida, nessas horas sua presença quase fica tão forte quanto se ela estivesse mesmo ali, o que não deixa de ser verdade: ela está tão mais aqui do que muitos que me rodeiam!

Julieta, sei que sabe o quanto é importante para mim, mas acho que é bom repetir o quanto admiro você, torço pelo seu sucesso e felicidade sempre! Parece meio clichê, mas estarei aí em coração, tomando aquela cerveja gelada em comemoração ao seu aniversário!Depois tiramos o atraso sem moderação!!rsrs

Feliz aniversário, adiantado!!!!

Com carinho,

terça-feira, 3 de novembro de 2009

29 motivos para sorrir

Lá vai a minha, com 29 motivos para sorrir:


1. Ler alguma coisa realmente boa, boa mesmo

2. Fico feliz quando noto que as pessoas ficam felizes ao me verem chegar

3. Sinto uma alegria sem explicação, do nada, quando vejo meu marido brincando feliz com o Deco, nosso cachorro

4. Ter em casa, dois pés de amora, um de caju, um de limão, um de acerola, um de coco e um de figo

5. Ver minha irmã, meu pai ou minha mãe rindo, se divertindo, me dá assim uma felicidade besta

6. Passar horas debatendo com meu marido se a nossa casa vai ser verde, azul ou branca, se vai ter madeira, vidro ou pedra

7. Acordar domingo pensando que é segunda

8. Escutar ao longe um “procê”

9. Ficar assim, horas naquela conversinha boba de beira de fogão, sem eira nem beira

10. Sol no rosto, chuva no rosto, pé no chão

11. Café com queijo, sinal que papai veio visitar

12. Ficar naquele quebra-cabeça gostoso com as palavras e no fim do texto pensar “nossa, era exatamente isso que eu queria dizer”

13. Dirigir cantando alto, bem alto

14. Inventar dancinhas

15. Receber um e-mail, um telefonema ou uma carta (aaah! Uma carta) de alguém que eu não esperava

16. Ouvir histórias, principalmente, se elas forem boas

17. Encontro de luluzinhas

18. Escutar inesperadamente aquela música, sabe aquela, aquela?

19. Caminhar na lagoa da Pampulha com minha irmã

20. Ver fotos antigas

21. A comidinha da mamãe

22. Escutar assim ó: “Senhores passageiros: dentro de alguns minutos aterrissaremos em Belo Horizonte”

23. Doce, qualquer doce

24. Ficar na cama até mais tarde

25. Papo-cabeça sem compromisso

26. Fazer cócegas na minha irmã

27. Planejar viagens

28. Andar de bicicleta, sem compromisso também

29. Saudar as amigas com um sonoro "Bom diiiiiiiiiiiiiiiiia flor do dia!!!"

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

27 razões para sorrir

Lá vai minha listinha:

1 - Ir para casa da família e voltar para meu apê;
2 - estar ao lado dos amigos;
3 - ver o sorriso do meu afilhado;
4- dançar sozinha ou acompanhada;
5- ler, ler e ler;
6- poesia;
7- cineminha;
8- lembrar da minha mãe;
9- ver o pé de jabuticaba da minha casa;
10- comer trufa ou qualquer chocolate;
11- gritar GALOOOOO!;
12- piadas e trocadilhos do Luli e do Diego;
13- ter um fim de semana de folga;
14- saber que tudo que é ruim, um dia, passa;
15- comer as gostosuras que a Dau faz pra mim;
16- escutar as músicas da tia Ligia e vê-la relembrando o passado;
17- ganhar livros de presente;
18- terminar o mês com a conta bancária no azul;
19- escrever;
20- cerveja e camarão na praia ou em qualquer lugar;
21- mensagem de alguém na caixa de email ou no celular;
22- dormir;
23- receber um "bom dia, flor do dia!";
24- ver um cachorro;
25- caixinhas de música;
26- ter esperança ou mesmo a certeza que o amor virá;
27-Por fim, minha imaginação hiperativa

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

27 razões para sorrir, só para começar!

Depois dessa novidade de virar blogueira, vivo em andanças pela rede para visitar blogs, me inspirar e ler coisas boas; nessas visitas acabo me deparando com muita coisa diferente, conhecendo histórias de pessoas que conseguem passar tanta mensagem positiva por meio dos seus blogs, que visitá-los acaba se tornando uma prática diária e deliciosa. Foi assim que “conheci” algumas mulheres fantásticas, que acabaram me levando a conhecer outras e outras e, assim, ampliando a minha rede de coisas boas para se ler e acompanhar. Sigo os blogs delas no anonimato, mas adoro a forma e o conteúdo dos seus textos. Pois bem, por causa da Flávia ( do blog “ Casa da Flá” ) cheguei no blog da Cláudia ( "Feito a mão"), e por ela cheguei no "Ainda MininaMá", da Patrícia,e é pela criatividade dela, que este post está existindo.

A Patrícia fez aniversário no dia 10 de outubro e convidou todo mundo a fazer como ela: listar 27 motivos que fazem sorrir ( no caso dela porque fez 27 aninhos, no meu caso seriam 31 ( ui!), mas vou seguir a métrica da dona da ideia,rs), e quem fizer essa lista também poderá participar do sorteio de um livro que a faz sorrir, do Drummond - "A senha do mundo" e mais alguns presentinhos surpresas confeccionados por ela(entre aqui e veja como participar, mas entre logo porque o prazo vai só até dia 31/10). Adorei a ideia e vou torcer para ser sorteada. Segue a minha listinha:

1- Ter encontrado o grande amor da minha vida ( depois de já ter desistido e achado que essa coisa de amor verdadeiro não era para mim );

2- Acordar e vê-lo dormindo ao meu lado e me sentir muito amada;

3- Sonhar em ser mãe;

4- Ter conseguido, este ano, começar a financiar meu apê “próprio” ( mesmo que ele seja do tamanho de um ovo de codorna );

5- Imaginar todos os detalhes de decoração da casa nova;

6- Ter com quem dividir os meus sonhos e objetivos, e isso tudo virar nossos sonhos e objetivos;

7- Meus sobrinhos;

8- Ter amigas verdadeiras ( somos poucas, mas lindas!!rsrs);

9- Ser formada em Letras;

10- Ler Machado de Assis, Dostoiévski, Chico Buarque e Clarice Lispector;

11- Ouvir Bossa Nova;

12- Tirar uma sonequinha depois do almoço nos fins de semana;

13- Comer brigadeiro quente e de colher;

14- Tomar cerveja com os amigos;

15- Receber os amigos em casa;

16- Minhas calopsitas de estimação;

17- Ir ao cinema;

18- Assistir qualquer coisa que tenha: Tony Ramos, Lima Duarte, Fernanda Montenegro, Patrícia Pilar, Tom Hanks, Morgan Freeman, Al Pacino e Sally Field;

19- Ver, este ano, o meu nome como revisora de um livro! ( conheça aqui o Pipocas! );

20- Cheiro de roupa de cama recém-lavada;

21- Escrever;

22- Aprender coisas novas;

23- Ouvir causos sobre minha mãe e pai;

24- Ver o Cruzeiro ganhar do Galo;

25- Ser mineira;

26- Este blog e o fato de dividi-lo com 4 amigas queridas;

27- Feriados.

Bom, é isso, convido a todos a fazerem o mesmo, além de ser muito gostoso, ainda é possível, de quebra, ganhar um livro do Drummond!

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Parceiros de astral

Sim, é mais fácil crer nas conjunções celestes, do que aceitar os fatos terrenos. Tudo fica mais simples quando o culpado é o Cosmo. Não acredito em Astrologia, mas leio horóscopos, vou à cartomante, faço mapas-astrais, e aceito todas as informações com as quais concordo. E, adoro as descrições do meu signo, até as piores.

Mas, tem gente que diz que esse negócio de horóscopo é t-u-d-o-m-e-n-t-i-r-a. Até gostaria que essas pessoas não tivessem razão, que este negócio de horóscopo não “fosse t-u-d-o-m-e-n-t-i-r-a”. Imaginem vocês que, no dia mesmo do meu aniversário, quem faria 108 anos? Cecília Meireles.

Fiquei feliz quando descobri isso hoje, porque as estrelas da constelação de escorpião transformam a Cecília em uma das pessoas mais influentes da minha vida. Vou contar por que.

Foi na quarta série, que minha professora de Literatura despertou em mim a paixão pela escrita. Não aprendi a escrever nas aulas de gramática, sabe por quê? Em geral, os professores desta disciplina não sabem o valor das palavras. A minha professora de Literatura sabia e me ensinou que a palavra é imensa, é reveladora. Mas, mais que isso, ela me deu motivo.

Toda aula, ela levava um poema da Cecília Meireles. Nós líamos juntos e analisávamos palavra por palavra. No final, o exercício era o seguinte: em cima da métrica do poema da Cecília, nós tínhamos que escrever outro poema, trocando as rimas. Assim, ela escrevia:

“Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta”.


E o meu ficava:

“Eu sonho porque pra mim é brincadeira
e a minha vida tem esperança.
Não sou teimosa nem sou arteira:
sou criança”.


Simples, né? Mas, eu achava o máximo. Eu acreditava piamente que os poemas eram meus. Eu tinha motivo, entende? Mostrava o meu caderninho cheio desses poemas pra todas as pessoas que visitavam minha casa. Eu devia ter uns nove, dez anos e me achava a rainha da cocada preta, queria publicar meu caderninho para mostrar o tanto que eu sabia escrever. Aquilo era paixão.

Aí, um dia o jornal publicou umas poesias da Cecília, dizendo que ela era uma das mais importantes representantes da lírica em língua portuguesa. Mostrei a página do jornal pro meu pai: “Olha aí, pai. É ela, tá vendo? Eu escrevo do jeitinho que ela escreve. Tô feita!" Meu pai me olhou com calma e me disse: “Minha filha, ainda não. Isto aqui eu não sei bem o que é, mas se o jornal está dizendo estas coisas do poema dela é porque o que ela escreve deve ser muito importante. Tão importante que nós não entendemos. Deixa você crescer que aí, você vai entender. Seu pai não sabe como te explicar.” Eta, pai!!!

Bom seria se todos os professores tivessem condições de fazer o que a minha professora de Literatura fazia. Ainda lembro de uma carta dela me incentivando a escrever mais. Hoje, acredito que sei escrever mais ou menos direitinho, por causa dela – mas ainda não sei nada de gramática. Não gosto muito de classificar gerações, mas acredito que hoje falta um pouco dessa paixão. Acho essa garotada meio descrente na vida, uma geração meio blasé, meio apática…

Ainda falando sobre bichos estelares, aí vem outro grande amor da minha vida: Carlos Drummond de Andrade. Pois não é que, sábado que vem, ele faria 107 anos, primeiro decanato de escorpião, nascido também em Minas. Mistério lindo este de descobrir, que duas das maiores admirações que cultivei na minha vida tenham sido por dois parceiros de astral.

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Imagina que quando eu comecei a escrever sobre meu aniversário, queria dizer alguma coisa sobre inferno astral. Ah, gente! Inferno que nada!

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Parabéns, Iza!!!



Seguindo a série de homenagens de aniversário deste blog, hoje o texto é todinho da Iza! Não sei se vou conseguir colocar aqui tudo que eu queria dizer a você, mas aí segue a tentativa:

Conheci a Iza por intermédio da Jú e de cara e de graça me encantei pela pessoa dela. Menina doce e inteligente como poucas. Sabe falar de qualquer coisa no mundo que seja introduzida em um assunto e tem sempre uma resposta ( e das boas ) na ponta da língua. Acho que isso é uma característica de jornalistas inteligentes ( e olha que aqui nesse blog temos 3 excelentes representantes disso ).

Sei de muitas coisas difíceis que enfrentou em sua vida e sei também que continuou o caminho com grande força e coragem; e por isso e tantas outras coisas tenho uma admiração enorme por ela. Manteve a doçura acima de tudo e nunca deixou de correr atrás dos seus sonhos e projetos; sei que alcançará tudo o que desejar.

Iza, querida, você sabe o carinho enorme que tenho por você e o tanto de sentimentos e experiências parecidas que compartilhamos. Desejo a você hoje e todos os dias muito sucesso, saúde e amooooooooooooooorrr sempre. Feliz aniversário!!!

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Vamos ajudar?


"Para receberes tudo, tens que abrir a tua mão e dar."

TELETON 2009!

Então gente... vamos ajudar os pequenos da AACD???

Com certeza elas ficarão muiiiiiiiitoooooo felizes!


Para doar R$5,00 – 0500 12345 05
Para doar R$10,00 -0500 12345 10
Para doar R$30,00 ou acima desse valor, as ligações devem ser feitas para –0800 775 2009 ou no site da campanha -
https://teleton.locaweb.com.br/doacoes09/


http://lilyzemuner.blogspot.com/2009/10/teleton-2009.html

domingo, 18 de outubro de 2009

8, 18, 28

Coincidência. Uma cigana me contou o significado do número 8. Resumidamente, um número de mudanças e significações. Não daria importância se este número não fosse tão marcante pra mim.

Eu me lembro de um outubro chegando e a expectativa de ser a primeira da família a fazer aniversário na casa nova. Eu ia fazer 8 anos.
Era uma casa enorme, com quartos grandes, salas grandes, uma área externa com jardins e prefeita para as bicicletas e brincadeiras com os amigos. Mas o que mais me encantava naquela casa era o pé de jabuticaba.

Naquela primavera, ele floriu e deu frutos como em nenhum outro ano. Talvez na tentativa de nos dar boas vindas. Eram jabuticabas suculentas e o nosso prazer era ficar debaixo dela, comendo os frutos. Debaixo do pé de jabuticaba eu via as estrelas, acompanhava os passos das formigas e colhia suas folhas para enfeitar os doces de moranguinho e os bolos dos meus aniversários seguintes.
Meses antes de completar 18 anos eu me mudei de cidade. Deixei o pé de jabuticaba para trás - dele, apenas a lembrança recordada em eventuais reencontros.

Aos 18 anos eu entrei na faculdade, fiz novas amizades, comecei a ganhar o mundo. E a perder também.
Em minha maioridade eu me senti mínima. A fragilidade se fez. Descobri o gosto amargo que às vezes a vida tem.
A partir daí comecei a aprender que a vida é feita de boas e más colheitas. Aprendi também (e me esforço diariamente para não esquecer) que a vida tem uma beleza delicada como as flores de uma jabuticabeira. Aprendi também que a gente se descasca todos os dias como um pé de jabuticaba para sempre se renovar, mesmo que algumas feridas deixem cicatrizes.

Eu não sei o que me espera aos 28. Nem mesmo aquela cigana. Mas desejo imensamente que eles sejam doces como as jabuticabas das minhas lembranças.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Minha vaca Menuda

Quem é mineiro sabe que não é nada bom perder o trem. E quando a gente percebe que ele se foi, ai, como dói! Ficamos a lastimar o que não foi, a sofrer por não ter agido com mais coragem, a desejar fervorosamente o que não volta. Como deixamos aquela oportunidade ir embora?

Bem pequena ainda, eu tinha uma vaca chamada Menuda. Pois bem, eu gostava muito da Menuda, que morava na fazenda onde meu pai nasceu, e que, naquela época, era cuidada – a fazenda e a Menuda – por minha tia Tita. Quando a minha tia morreu, eles precisaram vender a fazenda e meu pai me explicou que eu não poderia trazer a Menuda pra casa. Muito triste eu aceitei que vendessem a Menuda. Com o dinheiro, eu comprei uma bicicleta Caloi amarela.

Nem acreditei quando vi o caminhão chegando com minha bike linda, brilhando sob a luz do sol. Esqueci de tudo, inclusive da Menuda. Foi uma emoção sem tamanho. No meio das pilhas de caixas, lá estava a minha magrela. Todo dia passeava com ela, cuidava tanto para não arranhar, não pegar chuva, não enferrujar, não descascar. Até que um dia, deixei a magrela um minutinho na porta de casa pra beber água. Quando voltei, ela não estava mais lá.

Fiz um escândalo! Aí alguém disse que viu alguém que disse que tinha visto quem tinha pegado a minha bicicleta. Chamaram a polícia. Foram até a casa do menino. O menino já tinha vendido a bicicleta pra outra pessoa. Trouxeram o menino pra minha casa, não sei por que cargas d’água, pra ele contar com quem estava a bicicleta. Meu pai deu água com açúcar pra ele se acalmar e ele contou. No fim, trouxeram minha magrela de volta. Que trauma!

Chegou a minha magrela amarela toda destroçada tadinha. Peguei um balde, uma escovinha, sabão e deixei ela nova de novo. Joguei um spray para dar uma lubrificada geral. Pedalei pela garagem do edifício para testar, que beleza! Subi com ela e deixei estacionada na sala, até que meu pai providenciasse uma tranca poderosa.

Durante as horas que a minha magrela amarela ficou perdida, eu lembrei da Menuda. Fiquei pensando, porque eu não tinha insistido com meu pai e trazido a Menuda pra casa. A minha vaca ninguém ia roubar, eu tinha certeza. Tadinha da Menuda! Tinha abandonado a minha vaca e depois, não tinha vaca, nem bicicleta amarela.

Hoje, eu fico pensando que processo tirano de autopunição é esse que nos faz acordar para uma coisa somente quando ela não é mais viável? Porque que o que passou não é só um tempo bom que ficou lá atrás e ponto? Porque ficar tentando recuperar o tempo perdido, os momentos desperdiçados?

Tem aquela frase, que diz: “Eu aprendi que as oportunidades nunca são perdidas, alguém vai aproveitar as que você perdeu”. Sabe o que eu acho mesmo? As oportunidades são perdidas sim e não retornam, "já era", mas outras vêm. Ou não. Como você nunca vai saber, acredite que algo muito bom sempre está por vir. Sempre está mesmo.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Bem-vinda, pequena Júlia!



Hoje peço licença para mais um “post tia-coruja”, mas não tem como deixar passar em branco a chegada da pequena Júlia. Ano abençoado esse de 2009: 2 sobrinhos chegaram e 1 está encomendado pra janeiro ou fevereiro do ano que vem! Nem deu tempo de parar de babar com o Pedro Henrique e a Júlia chegou pra renovar meu estoque de corujice sem fim.

Dizem que todo neném é igual. Discordo. Júlia ( apesar de ainda não ter conseguido vê-la de olhos abertos ) faz derreter qualquer coração, é tão pequenininha e delicada, que dá vontade de ficar só olhando pra ela. Chegou numa data especial: dia da padroeira do Brasil, dia das crianças! Que sorte: ela nunca vai precisar trabalhar nem ir à aula no dia do seu aniversário. Chegou também num dia de clássico: Cruzeiro x Atlético, Cruzeiro (claro) ganhou de 1x0 do Galo, e eu ( como única tia cruzeirense de uma família inteira ) vou tentar usar isso no futuro para trazê-la para o lado bom da força(rs)!

Ela será a princesinha dos primos, já que a diferença de idade entre eles será mínima, e já é fácil imaginá-los correndo pela casa e deixando todo mundo doido! Só tenho a desejar muita saúde a essa pequenina linda, muito sucesso em tudo que buscar na vida, que ela puxe a determinação e a força da sua mãe e o coração mole do seu pai, ou vice-versa, o que vier já está no lucro! Por aqui estará uma tia sempre pronta a ouvi-la, apoiá-la e amá-la. Mais uma vez compartilho com vocês essa imensa alegria! Beijos em todos.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Não cola...

A curiosidade é uma característica humana e informação demais faz parte do nosso cotidiano. Vivemos cheios de perguntas. Principalmente sobre o mundo, sobre o outro, mais do que sobre nós mesmos. Pensar muito cansa. Informação demais, também. Por isso, alguns adotam na vida a postura do “copia e cola”.

Tem gente se especializando em repetir o que os outros dizem. Ideias, teorias, projetos. Sem dar crédito, claro. Isso também cansa. E pode até induzir ao sucesso, mas dura pouco. Quem vive de lugar-comum não contextualiza, não tem argumento, portanto, não se constitui no seu todo.

Não percebe que, o que de fato conta, o que é essencial, é a totalidade das coisas, não uma frase ou um discurso recortado aqui ou ali, numa busca aflita por reconhecimento. Quem repete ideias sem contexto, não se aventura. Anda errante e feliz, olhando para o sol para não ver. Feliz com a cegueira.

Dissimulados são vítimas do seu próprio disfarce. O exaustivo empenho dos que querem parecer cultos é sempre uma tortura para eles e quem os ouve. A necessidade de parecer instruído afugenta a instrução. Quem vive à cata, à espreita das palavras dos outros se presta ao ridículo, porque hora ou outra, a falta do todo grita.

É assim: as pessoas repetem o que acham inteligente, porque precisam de atenção. Acontece que quanto menos honesto é o discurso - no sentido de ser singular mesmo, de ser seu - mais os corpos vão se afastando uns dos outros. É instintivo, o corpo vai recuando. E surge uma indisposição, não é? Uma espécie de irritação surda, que vai crescendo e fica difícil prestar atenção em alguma coisa...

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Eu indico

Fui apresentada a um blog pela minha insana querida Ana Cristina, em fevereiro de 2008. Não parei mais de ler.

A história de uma mulher, grávida de 7 meses que perde seu companheiro dois meses antes do nascimento de seu único filho. Enredo para uma novela do Manoel Carlos, hein?
Cristiana Guerra é mineira, publicitária e fez desse fatídico acontecimento um legado de histórias bonitas para que seu filho pudesse receber as lembranças do pai. Uma prova de amor.

Delicie-se!
É surpreendente como o tempo (eh, aquele mesmo! Que a gente tem vontade de matar quem o inventou) foi capaz de transformar dor em alegria, lamentos em poesia.

http://parafrancisco.blogspot.com/

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Sim, eu falo sozinha

Ando ansiosa o suficiente para entender que a loucura não vem só no inferno astral, apesar da Iza ter me lembrado que faltam só 13 dias para ele chegar. Mas, existe uma arte, que me conforta: a de conversar sozinha. Não enxergo vultos ou personagens que gesticulam saudosamente. Esta é outra arte, a da pessoa que passeia para fora. E estou falando de outra viagem.

Aprendi isso muito nova. E criança ainda, quando minha mãe me pegava pelos cantos naquele papo-cabeça comigo mesma, eu simulava uma cantiga. Hoje não. É diferente essa conversa de quem se esgalha por onde tem suas raízes, num malabarismo de tempos e espaços.

Não são apenas conversas existências. São discussões, muitas vezes acaloradas, sobre todos os assuntos, com duas pessoas, que convivem aqui, dentro de mim. Na vida, essas duas são uma só, claro. Ou ainda.

Eu tenho pensado que esta é uma situação de certo risco, de alta periculosidade, como um soldado que andasse em campo minado e por isto sabe que cada passo é fatal (ou vital). Não, não é exatamente isso. Porque o soldado não sabe onde estão escondidas as minas. Eu sei. E, com frequência, piso nelas.

Mas, está também é uma situação mágica. Mais que articular espelhos, é desvelar e construir um crescente mundo suplementar. E eu adoro esse voo solo. Insanidade pura.

Preciso de terapia urgente, mas não confio no terapeuta que eu ainda nem conheço. Gosto tanto do meu papo, que Narciso ficaria com vergonha. Eu tenho medo. Eu tenho muito medo.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Bem-vindo, meu pequeno!



O mês de setembro sempre me foi muito especial. Pessoas muito queridas fazem aniversário nele. Não sei bem até que ponto os astros influenciam as relações das pessoas, mas o fato é que tenho muitíssima afinidade com aqueles nascidos sob a regência setembrina. Pois bem, setembro trouxe este ano mais um presente à minha vida, não sendo pouca a coincidência de ser justamente nesse mês, chegou no dia 9 de setembro o meu quarto sobrinho!

Pedro Henrique nasceu de cesariana, com aproximadamente 3,5 Kg e com um rostinho lindo de viver. Ele tem os olhos espertos, a boquinha bem desenhada e um furinho no queixo muito charmoso! Apesar da pouca idade, já dá para perceber nele muitos traços da minha cunhada e do meu amor.

O que eu acho mais incrível disso tudo é perceber como é possível nascer no coração um amor tão grande por uma pessoinha que acabou de chegar. Foi amor à primeira vista! Olhei para aquela coisinha pequenina e imediatamente meu coração se inundou de afeto e meus olhos de alegria.

Esses dias ele esteve internado por conta de uma icterícia, mas enfrentou tudo com muita coragem, e no final de semana estava de volta à sua casa, com os olhinhos ainda meio amarelinhos mas cheios de curiosidade e vontade de enxergar as novidades.

Bom, esse post de tia coruja é para dar boas-vindas ao meu pequeno e compartilhar com vocês a imensa felicidade que estou sentindo!

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

A cartomante

Dias atrás, em um post revelador, mencionei uma das minhas facetas e, diga-se de passagem, a mais extraordinária delas. Um dia, eu fui cartomante.
Assumo não saber nada dessa arte milenar. Mas, em uma mente hiperativa como a minha, tudo é possível.
Os nomes das cartas que ilustram essa história não são condizentes com as revelações que as madames ou ciganas da vida fazem. Utilizei esses personagens apenas para dar um ar oculto, preservar o mistério encantador que existe em falar do futuro sem conhecer passado e presente.
Mas uma coisa eu posso revelar a vocês: essa história aconteceu. E foi assim:

Nunca pude imaginar que, um dia, iria vivenciar um texto do escritor Luis Fernando Veríssimo. Mas a vida acabou imitando a arte...
Não. Não vasculhei seu lixo. Acho que não somos vizinhos (pelo menos não de apartamento), nem sou uma detetive possivelmente contratada por uma ex-namorada ou por uma pretende curiosa.
Sou apenas uma freqüentadora de restaurante que, um dia, teve um lampejo metafisiocósmicotranscedental de observar pessoas mais do que a própria comida no prato.

Assim, comecei a fazer suposições de algumas pessoas, mas não obtive o resultado. Não desisti. Sabia que essas premeditações resultariam em algo. Talvez uma simples crônica (longe de ser comparada ao Luis Fernando Veríssimo, por favor!).
Então você fez parte do meu campo de visão e, a partir daí, passei a conhecer seus passos.

XIV – A Temperança
Passos típicos de quem não foge da rotina. Almoço no mesmo horário: entre 11h45 e 12h15. Almoço lento, com saladas, carboidratos, proteínas e, claro, coca light (com gelo e limão?).

II – A Grã-Sacerdotisa
Almoço. Hum... Seria seu pai? Um tio muito próximo? Pai. Certamente.

Profissão? Aí vinha o dilema. Sempre de branco, não seria médico? Enfermeiro? Pai-de-santo? Dentista.
Ah, mas esse quesito não foi adivinhação. Apenas um descuido seu ao falar ao celular sobre obturação. Dentista.

I – O Mago

Daqueles cuja especialidade é estética? Canal? Retirada de siso? Isso explicaria a prática do tênis como esporte.

O Louco (para a cartomante)
Mas que tolice minha... (Às vezes é difícil controlar as premeditações) Como se esse esporte fosse o único indicado para a extração de siso. Poderia ser remo ou até mesmo o simples puxar de ferro.

Hum... acho melhor tênis mesmo, para aliviar o estresse do dia-a-dia.
Ah... tem mais? Tem sim.

XVII – A Estrela
Você tem o perfil de quem gosta de algo relaxante, pacato, que combine com a rotina de quem freqüenta o mesmo restaurante há anos.
Um sítio. Com piscina e churrasqueira para receber os amigos.

IX – O Ermitão
Cuidadoso, sempre se preocupa com o bem-estar da família e dos amigos.
Fala mansa, tom de voz sereno. Tímido, mas sem se preocupar com a timidez. Sorriso largo abrilhanta e desperta a empatia e curiosidade de quem está ao seu redor ou na mesa à frente.


Desculpe-me, mas as cartas só não revelaram algo... Qual o seu nome?

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

E-mail de bêbado não vale


Vaia de bêbado não vale, como já dizia João Gilberto. E-mail também não. Sabe aqueles dias em que a pessoa chega em casa de porre, de pileque, talvez simplesmente alcoolizada, ok, podre de bêbada? 4h da matina, descabelada, sem rumo e com as sandálias na mão. Todo mundo sabe que a coragem aumenta diretamente proporcional à quantidade de álcool no sangue. Cheia dela, a pessoa senta na frente do computador e ai-ai-meu-Deus-do-céu. Alguém já viu essa cena? Alguém?

Depois de uma dessas, quando o sujeito acorda, na manhã seguinte, mal sabe seu próprio nome, que dirá o que fez de madrugada. Com imenso esforço reúne a pouca lucidez que consegue amealhar, procura abrir os olhos a duras penas, levanta-se com imenso sacrifício, sai da cama tropeçando nas próprias pernas e... faz o que?

E-mails ou telefonemas de bêbados, ou de “cidadãos sob a influência do álcool” (adoro essa expressão sob influência...) durante a madrugada, não são coisa nova. Sempre que se deixam, digamos, influenciar um pouco além da conta, as pessoas ligam para alguém e descarregam tudo aquilo que o bom senso e a autocensura lhe proibiam de dizer sóbrias.

Ontem eu estava configurando umas coisas no meu e-mail e descobri que o Google decidiu dar sua contribuição para a grande aflição do biriteiro, no dia seguinte ao porre. O serviço chama-se Óculos de Proteção para E-mails e pode ser ativado no labs de todos os Gmails.

A coisa funciona assim: o cavalheiro ou a dama marca os dias da semana que costuma fazer uso de substâncias alcoólicas. E marca também as horas. Depois de meia-noite, por exemplo. Aí, nestes dias marcados, para testar seu grau de empilecamento antes de enviar um e-mail, o Gmail te pede para resolver alguns problemas de matemática.

O recado deles é o seguinte: “As mensagens que você envia tarde da noite em fins de semana podem ser úteis, mas você pode acabar se arrependendo delas na manhã seguinte. Basta resolver alguns problemas simples de matemática e você estará pronto para continuar. Caso contrário, tenha uma boa noite de sono e tente novamente pela manhã.” Quando é de se presumir que o sujeito já esteja sóbrio ou demasiadamente chumbado para sequer tentar enviar o e-mail novamente.

Não é o máximo? Porque não inventaram isso antes? Porque não inventam esse recurso para celular também?

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Feliz aniversário, Karine!

Me lembro bem como se fosse hoje, quando vi na minha sala aquela pessoinha que levava Danete de merenda. Não sei ao certo quantos anos eu tinha, cerca de 8 ou 9, mas ali estava prestes a iniciar a convivência com a minha maior amiga de todos os tempos. Sempre fomos de convívio difícil, por isso é engraçado lembrar de nossa aproximação e de como no dia a dia isso ia se tornando tão grande e especial. Me lembro de amar ir à aula só por causa dela. Me lembro de nossas intermináveis conversas, das incríveis risadas, das incontáveis aventuras, da vontade de estar com ela 24h por dia, todos os dias da semana. Com ela aprendi o significado de amizade e tantos outros. Com ela atravessei a infância e a adolescência, e não chegaria da adolescência à “maturidade”, sem sua mão amiga e segura. Hoje, procuro lembrar de um só momento importante bom ou ruim, em que ela não estivesse presente. Não há. Lá estava ela, seu abraço, suas palavras nas horas certas, seu afastamento quando necessário, meu porto-seguro. Durante as tempestades em minha vida afastei muita gente, principalmente aqueles que mais amava, mas ela soube entender esses difíceis momentos, e quando voltei ao meu prumo, me recebeu como se nada tivesse acontecido, e continuamos nossa trajetória como se nunca a tivéssemos interronpido. De tudo que vivemos juntas, guardo no coração o dia em fui visitá-la na maternidade, e vi nos seus olhos a felicidade brilhando enquanto me apresentava a sua Mayra. Na verdade, nossa Mayra, já que ela foi e é um grande sonho sonhado por nós duas, e que faz ser delicioso assistir durante o seu crescimento tanto da personalidade e inteligência da minha amiga.


Fiquei tentando chegar perto da definição da nossa amizade. E aí veio em minha cabeça a última cena do filme Thelma & Louise, em que no auge da fuga das duas, elas pararam em frente a um canyon, olharam uma dentro da alma da outra, seguraram as mãos e em silêncio aceleraram o carro rumo ao despenhadeiro. Acho que isso é a coisa mais próxima da definição do que sinto por você: uma confiança sem limites, uma certeza de que estarei ao seu lado incondicionalmente, não importa o que aconteça. E, que, a recíproca é verdadeira.

Para você, além dos desejos de muita felicidade e amor sempre, o meu muitíssimo obrigada por tudo que vivemos ao longo desses vinte e tantos anos de amizade, pelo que iremos viver, e por significar tanto em minha vida.

Feliz aniversário, Karine.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Meu melhor presente


Eu não a idealizava totalmente porque sempre tive os pés no chão quanto a grandes expectativas. Por causa disso me permitia modelar em minha cabeça uma imagem sua apenas rascunhada, aberta aos caprichos do destino. Só existia um ensaio mental de sua figura. Podia ser um pouco assim. Um pouco assado. A genética fala alto, mas o ambiente também. E se for chata? Se não gostar de mim? E lá veio ela, aquele bolinho de gente, com três espessos tufos de cabelos na cabecinha, uma pinta no braço direito e um olhar... ah, um olhar...

Ela veio por muita insistência minha. Demorou dez anos. Podia ter demorado menos, mas se viesse mais rápido, não seria ela. O nome era outro até quase ela chegar. Mudou e não poderia mesmo ser outro. Uniu a força bíblica da “mulher que ocupa o primeiro lugar” ao enigmático hebraico daquilo que é “cheio de graça”.

De mãos dadas e olhos cuidadosos, eu ajudei a dar os primeiros passinhos. Também fui responsável pelo primeiro tombo de verdade, quando ela escorregou no banheiro e bateu a cabeça no degrau. Quase tive um troço. Depois do susto, apelidamos o machucado de tomate, e assim, o episódio ficou mais divertido. A primeira vez que ensaiou as braçadas na piscina também. Quase afogou, tadinha, mas se saiu bem. E, na bicicleta, quem soltou a mão, para que ela seguisse sozinha, fui eu.

Aprendi a dar banho, a lavar os longos cachos, sem deixar um fio cair na mão pequena, porque ela tinha muito medo do próprio cabelo, vai entender... Tinha medo também da fantasia de palhaço do primeiro aninho de vida. E do homem que passava de caminhão vendendo batata. Ele era inclusive a saída de quem ainda não tinha nenhuma psicologia infantil. “Não faz isso, senão o homem da batata vem pegar você”. Ela obedecia.

Aprendi a lavar e a passar as fraudas, que ainda eram de pano. Com todo cuidado do mundo, fazia todas as dobras que minha mãe dizia necessárias fazer. Contava histórias e ensinava as letras de todas as músicas, que, com aquela idade, eu achava importante saber. Buscar na escola e ensinar as tarefas me fazia sentir muito mais responsável, do que eu era na verdade.

Ter uma irmã, pelo menos no meu caso, significou muito companheirismo e noções práticas de solidariedade, justiça e espírito coletivo. Dividindo aprendi a somar. Pelo afeto daquela menininha que eu ajudei a gerar, eu ganhei um novo mundo. Inteirinho e só pra mim. E isso me alegra demais, todos os dias. Nada supera a satisfação de saber que nossos frutos são árvores, prontas para enriquecer a humanidade com sua maneira encantadora de ser.

Minha irmã é a filha que eu ainda não tive, a amiga que eu vou ter para sempre e a certeza que só veio coisa boa nessa entrega especial da natureza. Desculpem, é piegas, eu sei, mas minha parca habilidade literária me impede de achar termo menos clichê para dizer exatamente isso. Por isso repito e aqui está escrito: muito obrigada!

terça-feira, 1 de setembro de 2009

PENSAMENTOS INSANOS MESMO!!!!!

Eu já fui cartomante. Revelei o impossível abrindo cartas.
Já fui insensível e disso desconfio. Porque sorvi uma taça de vinho sem mudar o semblante.
Também já fui criança. Mas até hoje brinco com meu amigo invisível.
Até professora eu já fui. E dessa arte eu gostei.

Eu já fui porra-louca. Fiz coisas que somente eu e a cartela de neosaldina poderão lembrar.

Eu já fui adulta aos nove anos e falei verdades que hoje nem acredito que saíram de mim.
Já fiz poesia. Enchi os cadernos de pensamentos rimados e histórias de vida.

Já pensei em vingança, em matar, em correr riscos. Mas o máximo que fiz foi estourar o cartão de crédito.
Já fui triste. E resolvi a tristeza comendo uma pizza gigante e um pote de sorvete sozinha.
Eu já fui dançarina. Dentro do meu quarto, um partner daqueles me conduzia com leveza e suavidade por aí.

Eu já colei em provas de matemática, física e química. Mas ajudei meus colegas em inglês, história e geografia.
Eu já tive insônia e li livros a madrugada inteira.
Já falei ao celular por mais de duas horas e fora um interurbano.

Eu já vivi um amor ou vários. E ainda vivo!

Dessas várias que se fazem em mim e de outras que não quis revelar, eu já fui o que sou e serei o que era. Era eu que sempre serei.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Bença, mãe!


Eu saí de Minas há mais de dois anos, vim andando, andando e ainda não cheguei. Olho pra trás e Minas tá ali mesmo, na primeira curva do caminho. Neste tempo que estou fora de Belo Horizonte, não passo um dia sem ler o-maior-jornal-dos-mineiros não só para matar a saudade, mas para que eu tenha ainda mais motivos para falar de lá. Que é bom a gente garrar a conversar de vezinquando.

Outro dia um rapazinho, desses que se acham entendidos de todos os assuntos, me veio com uma conversa boba. “Você sabia que o Mineirinho tá sendo reformado?”, eu disse “Hum?”, que se traduz em: “E daí? Por que este sujeito está vindo com este papo?”. Insistiu, como se eu não soubesse o que era o Mineirinho: “É, aquela quadra de vôlei, sabe, o Mineirinho?”. Hum!? Quadra de vôlei?! Fiquei tão brava! Senti como se tivessem xingado a minha mãe. “Quadra de vôlei meu filho, tá doido?! O segundo maior ginásio poliesportivo do Brasil!” (Quantas exclamações!).

Posso até pecar pelo excesso, ao achar que o rapazinho é obrigado a conhecer o Complexo Esportivo da Pampulha, mas chamar o Mineirinho de quadra de vôlei é demais! Porque é assim mesmo, como se falassem mal da minha mãe.

É claro que isto é implicância minha com o menino. Um amigo dele voltou a pouco de uma viagem a Belo Horizonte, trazendo esta informação (sei lá porque) e ele quis puxar assunto, ser simpático e, de quebra, mostra-se "entendido", tadim. Mas, sinceramente, é um horror ver um monte de gente falando como quem grunhe não sabendo exatamente o que está dizendo. As pessoas repetem o que ouvem, colocam no contexto a seu alcance, e mandam ver. Cada dia que passa, os assuntos vão ficando mais sem sentido.

Eu tenho mesmo a maior implicância com gente "autorizada" que não sabe, exatamente, o que está falando. “Sei que você está querendo me agradar, cara, você com este abraço apertado, esse tapa nas minhas costas, esse sorriso espalhafatoso e esse papo cabeça. Mas, aqui pra nós, fica caladinho”.

Bem, não era nada disto que eu ia falar. Ia falar da mãe aí do título. É o seguinte: eu queria mesmo era ter escrito o que o Betinho já escreveu: “Minas na verdade hoje é mil amigos que não vejo e minha mãe. Bença, mãe!” A só que conversa boba, sem pé, nem cabeça!

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Repetição

Ando sumida do blog... deve ser meu Inferno astral aliado a correria do dia a dia... ando sem paciência, principalmente comigo. Mas passa, isso é bom.

Lendo o último post de minha querida amiga Anoca, Tina ou Tinoca (nossa esse é das antigas! rs) fiquei pensando no quanto isso é sério... Refiro-me a essa repetição da vida de nossas Mães.

Tenho trabalhado muito isso em minha análise e parece que quanto mais tento fugir desse "modelo", esbarro sempre na Repetição...

Não que minha Mãe não tenha sido um exemplo a ser seguido, pelo contrário, quisera eu ser uma mãe tão amorosa, dedicada, participativa e paciente como ela...Mayra estaria feita! E ela me cobra isso pra piorar...

Mas psicanaliticamente falando, a compulsão à repetição é um impulso à ação que substitui o recordar; sendo assim, quanto maior a atuação, maior a resistência e menor a recordação. Logo, a repetição é definida como algo que faz oposição ao saber, sendo ela da ordem da ação. O essencial do material recalcado não encontra outra saída senão a repetição, e é aí que reside meu temor!!!

Tenho consciência que venho repetindo algumas atitudes, vivências, sofrimentos e situações tristes, anteriormente vivenciadas por minha Mãe... e claro, sofro com isso. Sendo assim, NÃO quero repetir sua história como um sintoma! E vou lutar para fugir disso! Não vai ser repetindo seus ritos que suprirei sua ausência... e fico feliz que tenhamos (eu e Tina) consciência disso.
Foram ótimas mães e sofrimentos à parte, foram EXEMPLARES!!!!

SAUDADES!!!!

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Estranha terapia




Depois da morte da minha mãe ( isso faz 13 anos ) fiz muitas coisas para tentar ficar parecida com ela. Algumas inteligentes, outras nem tanto... Cheguei a copiar o seu vício pelo cigarro para viver o que ela sentia diariamente em suas tragadas. O cigarro virou meu companheiro de luto, era eu sentir solidão e lá estava ele irradiando aquela nicotina em minhas entranhas como se fosse um remédio para qualquer dor. Me lembro de gostar de sentar em uma mesa de bar e acendê-lo, para mim era como reviver algo que vi muitas vezes a minha mãe fazer. Me lembro também da primeira vez que apareci em família fumando um cigarro, e da cara de não-espanto dos meus irmãos, afinal já tinha 23 anos e era dona do meu nariz ( e principalmente do dinheiro que comprava aquela estupidez ). Acho que fiz aquilo pensando ser um ato de rebeldia, querendo que alguém me questionasse alguma coisa, mas me esqueci da minha postura fechada e que não aceitava pitacos, principalmente dos meus irmãos. Graças a Deus, a genética não é tudo, e esse período de fumaça durou somente cerca de 3 anos em minha vida. Hoje tenho pavor de cigarro, do seu cheiro, e das péssimas lembranças que ele me traz.

Outro ritual que minha mãe tinha era o seu café. Apesar de eu não gostar de degustá-lo naquela época, uma das sensações que mais tenho saudade é de acordar sentindo o cheiro de um cafezinho novo sendo coado. Esse cheiro é a coisa que mais me aproxima fisicamente da minha mãe. Até hoje. Então, também depois de velha, passei a tomar café todos dias e, ao contrário do cigarro, esse hábito tornou-se essencial em minha rotina, não vivo sem o meu bom e forte café preto.

Demorei alguns anos para perceber que esses artifícios não me tornariam mais parecida com a minha mãe, nem muito menos amenizariam a sua falta. Mas, de alguma forma, fizeram parte de uma terapia que eu mesma inventei no doloroso processo da aceitação de sua falta ( processo que sei, durará toda a minha existência ). Hoje, em meus momentos de inquietudes e medo, continuo tentando copiá-la, pois ela era uma fonte inesgotável de coragem e força, e ao mesmo tempo um pote de mel em gestos e carinhos. Busco ser algo parecido com ela, uma mulher que driblou todas as dificuldades que a vida lhe colocou; uma mulher que não tinha medo do trabalho; e que fazia tudo por nós. Busco ser um dia para os filhos que espero ter, uma mãe como ela foi. E assim vou seguindo o meu caminho, sempre com ela no coração, um dia de cada vez.

Panela velha é que faz comida boa

Estava voltando do trabalho, puxando o carrinho de compras abarrotado de verduras e frutas quando ouvi um assoviozinho, daqueles que pedreiro faz quando a gente passa pelo canteiro de obras: “fiuuuu”. Não ouvi o primeiro “fiu”, só escutei o segundo, já se apagando. Não virei para olhar, óbvio, nem achei que a coisa fosse comigo. Mas quando novamente o tal silvo agudo se repetiu, olhei para trás. Podia ser alguém conhecido, sabe como é. Não era. Era um grupo de adolescentes na porta do colégio. “Panela velha é que faz comida boa”, um deles falou. Encarei-o nos olhos, assim mesmo, com cara de quem não gostou nada, nada, mas não contive o riso e apressei o passo.

É normal que consideremos velhos todos aqueles que têm mais idade do que nós. Isso é mais radical quando somos muito jovens. Dois ou três anos de diferença (não que fosse só esta a distância entre a idade dos adolescentes e a minha) é o bastante para que olhemos torto os nossos semelhantes, como se estivessem com o pé na cova. Lembro direitinho de uma conversa, por volta dos meus 16 anos, quando alguém me perguntou se eu namoraria um rapaz de 20. “Creeeeeeeeeedo”, foi o que eu respondi. Bem feito! Aaaaaaaaaah gente, mas, “panela velha é que faz comida boa” nãaao, né?!

Encasquetei mais ainda quando cheguei ao trabalho hoje e vi o convite do Chá de Bebê do Pietro, filho da minha prima, Maira, uns três anos só mais nova que eu. É o Psyfrauda, uma rave misturada com Chá de Frauda. São 11 horas de “evento”, em um sítio com doze DJs. A entrada é um pacote de fraudas P, M ou G, das marcas Turma da Mônica ou Pampers, porque são as mais indicadas pelos pediatras. Gente, é sério! E eu ainda pensando naquele “Chá das Cinco” básico, com mocinhas elegantes. Tô por fora! O melhor sempre está por vir mesmo.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Um VIVA aos AMIGOS!


Não cometo desatinos. Falo de amizade.
Não me contenho em só falar. Cometo desatinos.
Eu fiz amigos no pé de jabuticaba, andando de bicicleta.
Eu fiz amigos bebendo leite (sim!), tomando sorvete e bebendo cerveja (fiz muitos!)
Fiz amigos na escola, na faculdade, no trabalho e continuo fazendo amigos.
Eu tenho amigos que nasceram comigo. Outros que já se foram pela beleza da morte e muitos outros que se foram sem beleza alguma.
Eu tenho amigos que, poucas vezes ou nunca, tive oportunidade de abraçar. Eu tenho amigos que abraço diariamente em pensamento e amigos que, quando chega o fim de semana, abraço, abraço...
Amigos que a cada dia descubro mais de mim. Amigos que me decifram.
Eu tenho amigos de coincidências assustadoras e que só me fazem rir. Amigos que só de falar "oi" já sabem onde está doendo e o porquê de estar feliz. Amigos de brindes e goles. Amigos de riso escancarado. Amigos que, num simples silêncio, diz tudo.
Nesse acervo eu tenho Anas, Várias Anas. Karines, Geaninis ou Flavinhas. Jubas, Lola, Laura, Lica,Tê, Ci. Carolinas e suas variações. Xarás, Danis, Tus, Marias e Manus. Lupes, Fofas, Didis, Lulis e Fão.
E se me esqueço de algum amigo... Ora, eu vivo cometendo desatinos!

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O que é um ser “sem-mãe”

Acho que a escola primária devia voltar a ensinar boas maneiras. Devia haver uma matéria chamada Respeito ao Próximo. As pessoas perderam a noção, simplesmente! Perderam o compromisso com o outro em todos os sentidos. Não só no sentido da solidariedade, mas da educação, do respeito e dos limites.

Todos os dias, quando você menos espera, aparece um sem-mãe na sua vida cujo propósito (infernal) é te aporrinhar, irritar você, acabar com seu eventual bom humor. Vejam alguns poucos exemplos baseados na experiência recente desta que vos fala.

“Colegas” de trabalho – O óbvio é aquela coisa que a gente acha que, por ser tão óbvio, todo mundo já sabe. É óbvio, por exemplo, que em um ambiente de trabalho, você tem que respeitar o espaço do colega. Como na vida. Não é porque você gosta de trabalhar escutando música alta, que os seus colegas de trabalho têm que compartilhar o seu festival diário. Óbvio, não? Não! O sujeito sem-mãe e sem decência, chega e liga o som do computador na última altura. Ou seja, além de sem-mãe o infeliz é surdo. Já perceberam que toda figura inconveniente se acha o máximo? Ele também acha a música dele o máximo! Ah, minha Nossa-Senhora-do-Céu! O cara não tem noção, que existem outras pessoas trabalhando ao lado dele, que precisam de silêncio, ou que, simplesmente, não gostam da música que ele esta escutando. Isto aí nem é falta de educação, é grosseria pura, mesmo.

Este é o primeiro evento desagradável do dia, fruto da conspiração dos sem-mães contra seu bom humor.

Mesa de trabalho – a mesa e a sala onde você trabalha, a não ser que você seja o dono, são de propriedade da empresa. Mas, as coisas que estão em cima dela são suas, poxa! Traduzindo: o cara não pode chegar mexendo em tudo sem a sua permissão, e ainda deixar bagunçado. Óbvio? Não, em um mundo de sem-mães não é óbvio.

Na padaria – Você entra no carro depois de um cansativo dia de trabalho e resolve passar na padaria que está no caminho, pensando no pãzinho quentinho que deve estar saindo naquela hora. Apetitoso, atraente, cheiroso até. E lá vamos nós aguardar a nossa vez de sermos atendidos, já que nesta hora, várias pessoas pensaram o mesmo que você. Quando chega a sua vez, a balconista pergunta: próximo? E o sujeito espertinho que chegou depois de você diz: eu! Assim, na cara-de-pau. Você dá aquela olhada infravermelha e o sem-mãe finge que não é com ele.

Bloqueiam o cruzamento - O sinal está vermelho, mas em poucos segundos fica verde, permitindo que os carros parados na esquina arranquem e sigam suas vidas. Sim, seria assim, se um sem-mãe não fechasse o cruzamento. Pra mim, quem fecha cruzamento é igual mulher traída, sabe? “Se não é meu, não é de ninguém”. O sujeito sabe que não vai dar pra ele passar, mas ele segue, e fica ali parado com aquela cara de tacho, como se estivesse num drive-thru esperando o lanche. Ah, tenha paciência! O motorista-mulher-traída-sem-mãe ultrapassa todos os limites. Inclusive, o da civilidade.

Os vizinhos – Odeio os meus vizinhos. Não, não devia odiá-los. Devia ficar feliz por tê-los por perto. Talvez, se eu morasse em meio ao nada, e somente o nada tivesse por companhia, ia sentir falta deles. Será? Vou reformular a frase: odeio minha atual vizinha: uma igreja evangélica. Os sujeitos exercitam a fé num volume tão absurdo que não entendo como eles próprios suportam. É qualquer coisa que ultrapassa a barreira de captação de um tímpano humano. Há uma vaga hipótese de todos eles serem surdos. Mas não, são todos o que? Sem-mães! E não me venham com qualquer discurso sobre liberdade religiosa. Ela não importa em desrespeito à liberdade do cidadão, que tem direito à tranquilidade de moradia, ao silêncio, e a não ser incomodado pelo exercício histérico da fé. Aaaah, tenha dó!

Minhas desculpas pelo desabafo, mas é que eu acabo de chegar em casa depois de ter passado por um sem número de sem-mães pelo caminho... Por hoje, chega!

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

O casal de Woodstock


Registros, vestidos, identidades, certidões, comprovantes e assinaturas. O que tudo isso tem a ver com amor? Não importa. É assim que noivos selam o compromisso oficialmente, se fazem questão de uma cerimônia formal (na verdade, mais ainda, suas famílias). Casamentos sempre me pareceram cerimônias de ficção. Essa história de “até que a morte nos separe” não faz sentido algum. Morte de que? De quem? Como assim cara-pálida? Até pode ser sim, mas, não é ali que se define isso.

Sei que há pessoas que enxergam nesse ritual de promessa algo transcendental. O amor é lindo. Aahhnn, tá bom. Acredito sim no companheirismo, no amor sincero e na vontade de construir projetos comuns. São estas e outras características, como paciência, muita paciência, que vão determinar se um casal vai ou não seguir em frente. Tenho certeza que é justamente a possibilidade de não ser para sempre, que faz com que os casais continuem. Pelo menos aqueles que continuam felizes.

A felicidade não pode ser uma promessa. “Prometo ser feliz e fiel, bla, bla, bla...”. Ela deve acontecer aqui e agora.

Alguns vão dizer que as escolhas que pressupõem renúncias são fáceis de serem feitas. Escolhas dignas mesmo, seriam aquelas que são para sempre, indissolúveis. Esse negócio de querer pesar feito cruz nas tuas costas que te retalha em postas… isso é muito romântico, mas só na prosa e fantasia de Ruy Guerra e Chico Buarque. Na vida real - menos, gente. To falando de vida, que até que me provem o contrário, é uma só. Se não deu certo, pega as suas coisinhas e volta lá pro fim da fila.

Eu fiz este rodeio todo pra falar de uma matéria que eu li hoje no G1. Nick e Bobbi (o casal da foto) viraram ícones da geração Woodstock, ao figurar na capa do álbum e no pôster do documentário sobre o festival, lançado em 1970. O casal está junto até hoje e ainda mora próximo à cidadezinha, onde foi realizado o festival, considerado o grande marco do movimento de contracultura da década de 60, o sonho hippie.

O dionisíaco festival de Woodstock revelou ao mundo a força da geração paz e amor. Diziam não à guerra, pregavam a paz, o amor e a liberdade sexual. Questionavam valores e condenavam a hipocrisia. Logo eles, da geração “ninguém é de ninguém”, estão aí velhinhos e juntos. Que fofo!

Vamos combinar que, quando a gente pode ser de ninguém ou de todo mundo, fica muito mais fácil ser de alguém.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Formas de Amar...

Quanto jeito que há de amar. Um telefonema pra saber da saúde, uma oferta de carona, um elogio, um livro emprestado, uma carta respondida, uma mensagem pelo celular, repartir o que se tem, cuidados para não magoar, dizer a verdade quando ela é saluta..., e mentir, sim, com carinho, se for para evitar feridas e dores desnecessárias. Quanto jeito que há de amar... (Adélia Prado)

Não gostava muito da Adélia (íntima... RS) achava muito amargurada e melancólica em suas palavras. Mas agora estou lendo-a com outros olhos e amando a simplicidade com que fala do Amor. E o sofrimento anexado a ele que antes me incomodava, hoje vejo quase como parte do Amar e realmente é como diria, não existe amor sem dor... quem ama, por algum motivo acaba sofrendo, seja por saudades, distância, rejeição, amor demais...enfim.Mas o melhor é que existem formas bonitas, suaves, gentis e delicadas de amar e expressar o amor ao próximo; pra família, pro cachorro, amigos, namorado, filhos...etc.
Pequenos gestos que podem fazer toda a diferença no dia de alguém tornando-o mais feliz!
São sutilezas, lembranças, boas palavras, cuidados, sutilezas, afagos, ... Amo Amar... deveria amar menos, mas sou assim, quando gosto, gosto com vontade e por vezes acabo sofrendo esperando receber um amor nas mesmas proporções... mas aprendi também que cada um tem seu jeito de amar (e demonstrar esse amor) e de nada adianta tal sofrimento...
Portanto, aprendi com todos esses anos de "janela" que o Amor deve ser vivido e "compartilhado", não importa qual retorno seja esperado!
Vou continuar amando... doando mais do que recebendo... mas o que importa?
Se o que me importa é Amar...

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Explico


Tudo parece muito impessoal. A gente não manda mais cartão, envia um webcard, não liga mais nos aniversários, cumprimenta pelo orkut, as flores também são virtuais, os beijos viraram símbolos, os sorrisos, os abraços, até mostrar a língua a gente mostra assim ó: :-P . Códigos modernos não suprem afagos, mas, às vezes, trazem boas notícias.

Há muito, nós pensávamos em fazer este blog. Um espaço para, se não substituir, amenizar a menor frequencia dos encontros. O diálogo acontece aqui nas linhas e entrelinhas. Imagino as meninas abrindo uma página em branco, como quem participa de um ritual, e caprichosamente preenchendo as linhas com emoção, com lágrimas, com um sorriso, esparramando sobre o branco a firmeza do propósito, o ponto final, a dúvida por onde começar... Daqui, eu vou devorando sílaba por sílaba, suspiro por suspiro.

Eu me lembro como cada uma delas entrou na minha vida, mas parece que elas sempre estiveram comigo. Em mim hoje brilham dotes que, tenho certeza, são próprios delas. Amigas, parceiras, comadres, elas confirmam as minhas melhores expectativas com relação à vida e aos seres humanos. Em cada uma delas, as qualidades todas que fazem alguém ser especial.

Da Ana, lembro desde o primeiro sorriso de boas vindas, a tantos outros que se seguiram de gargalhadas sinceras.

Karine chegou pelas mãos da Anoca, que já falava dela com tanto amor, que ficou assim, como uma herança.

Iza é prosa e verso ao mesmo tempo, o fogo e a água, a razão e a inconsequência, o carinho sempre presente.

Flavinha é toda companhia que transborda, tanto e quanto for preciso. Alegria certa e autêntica, diversão constante.

A verdade é que hoje conto histórias nossas, como se tivessem acontecido ontem. Mesmo longe, guardo tudo o que elas são, para que eu possa prosseguir.

Somos isso, cinco e tanto!

Homenagem às amigas

Vanzolini sabia das coisas...

Chorei
Não procurei esconder
Todos viram, fingiram
Pena de mim não precisava
Ali onde eu chorei
Qualquer um chorava
Dar a volta por cima que eu dei
Quero ver quem dava
Um homem de moral
Não fica no chão
Nem quer que mulher
Lhe venha dar a mão
Reconhece a queda
E não desanima
Levanta, sacode a poeira
E dá a volta por cima

Volta por cima, sim.
Graças Pai! Eu tenho amigas!

Escrevo

Escrevo porque há linhas e enquanto houver linhas, mesmo as de expressão, escreverei.
Escrevo na solidão, a esmo. Para que a dor de escrever transforme meu coração.
Escrevo porque escrever é a minha cura.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Um prato e um pai

Semana passada aconteceu uma coisa incomum. Dessas que fazem a gente pensar que realmente tudo tem um quê e um pra quê. Minha madrinha me devolveu um prato, desses que se penduram na parede, que era do meu pai, e minha mãe havia dado a ela de presente logo depois de sua morte, como uma homenagem por todo o carinho que ambos sentiram ao longo da vida. Juro que havia me esquecido desse prato, um prato com países e a marca da ONU no meio, que foi dado a ele quando serviu o exército e que sempre enfeitou nossa casa e era motivo de orgulho para ele. É triste pensar que além de uma camisa preta de seda que guardo até hoje, é esse prato a coisa mais concreta que tenho do meu pai: lá estão histórias que ele viveu na guerra, lembranças de uma vida que eu não tive tempo de ouvir e nem ele de me contar. Meu pai era puro coração, talvez por isso me lembre de tantos erros, mas também por isso era fácil amá-lo e querer ouvir suas risadas. Me lembro do cabelo macio ( ou falta dele, rs), dos olhos amendoados, da doçura com a qual durante 14 anos tive a sorte de ser rodeada. Lembro dos boleros antigos, da maçã picadinha com leite condensado, da batata frita mais gostosa do mundo. Lembro de ser a sua caçula e de me sentir a menina mais feliz do mundo. Feliz dia dos pais, papai.

domingo, 9 de agosto de 2009

PAI


Não fomos melhores amigos
Não fomos melhores no passado
Mas a vida nos transforma todos os dias, amadurecemos e nos tornamos mais compreensíveis com erros, vibramos com os acertos.
Ele não foi minha inspiração. Mas isso é passado. E este passado não costumo visitar. Porque olho para o futuro, caminhamos juntos neste presente.
Hoje, um porto seguro.
Diferenças sempre vão existir. Mas também existirá o respeito e existirá a gratidão.
Mesmo ausente e com todos os erros cometidos, exemplos aprendi e assim a gente vai se aproximando...
Feliz Dia dos Pais

Izabella

Dia dos Pais


Hoje só tenho a agradecer... além de ter me dado a vida, me deu uma irmã maravilhosa, está sempre ao nosso lado pronto pra ajudar no que for preciso... é um avô nota 10, engraçado, amigo, ranzinza, companheiro... enfim, esse é o Meu Pai! O famoso Zé Maria!
Obrigada por tudo Pai!

sábado, 8 de agosto de 2009

Meu pai

Juliana Coelho

Já tenho idade para ser mãe, mas é muito comum ser invadida por uma enorme sensação de desamparo, quando lembro que meu pai está longe. Não há como explicar. É tão intenso, que devo parecer uma meninoca de braços abertos, chorosa, esperando o colo do pai.

Hoje, acordei com uma saudade imensa dele, assim, sem maiores explicações. Talvez porque amanhã seja Dia dos Pais. Meu pai me veio quase assim, concretizado na maneira com que, através das palavras de sua propriedade, ele se comunica com as filhas, cadê o toucinho que estava aqui?

Muito mais do que os pais de sua geração, no bairro onde fomos criadas, papai brinca com as filhas: tenho perfeita lembrança de sair com um baldinho de areia na mão, pra brincar com ele, de castelos de areia, no canteiro de obras de uma grande avenida que estava sendo construída perto da minha casa. Mesmo a milhares de quilômetros da praia, ele me fazia sentir a brisa do mar. Ninguém entendia o que aquela menininha fazia com o balde de areia na mão, na cagunda do pai, a caminho de um imenso barranco, de terra batida. Meu pai entendia.

Essa sensação me volta sempre de maneira insistente. Fico me lembrando das vezes em que pintava o rosto dele com o batom da mamãe e fazia chuquinhas em seu cabelo. Ele ficava imóvel, como eu pedia, até que chegasse a hora de mostrar minha obra prima no espelho. E, por minha ordem, ele permanecia assim pintado a tarde inteira.

Meu pai foi criado na roça e teve uma educação rígida de mãe beata, ao lado de muitos irmãos. Nunca o ouvi dizer palavrões. Só quando batia a canela na quina de algum móvel. Aí, falava qualquer palavrão de um jeito meio embolado e, quando percebia que eu estava perto, ria, ria. E eu gargalhava, satisfeita por ter pegado ele no flagra.

Também nunca o vi levantar a voz. Nunca. Ele sempre teve um jeito especial de mostrar quando eu estava errada. E faz com uma delicadeza, que constrange. Meu pai é do tipo que tem muita dificuldade para dizer não. Mas sabe como mostrar, só com um olhar, que aquele não era mesmo o melhor caminho. Por isso, medo nunca foi um sentimento presente em nossa relação. Admiração, talvez seja o sentimento mais presente.

A mim, sempre chamou de Maricota do Carrocha. Não posso imaginar de onde meu pai tirou. Se fazia uma graça, ganhava um dez na escola ou se trazia para casa qualquer alegria ou motivo de orgulho, ele, muitas vezes com os olhos úmidos, dizia: “Ah... Maricota do Carrocha!!!” Vá entender o que Carrocha tem a ver com emoções tão diversas.

Quando pequeninha, ouvia o cantarolar de várias canções que eu achava que pertenciam, exclusivamente, ao universo de uma geração. Lembro-me dele assobiando qualquer coisa de bossa nova no banheiro, e achava meu pai para lá de moderno.

Mesmo longe, ele está presente em todos os meus sentidos, é o que estou tentando dizer. No universo de minha vida, ele é o que de mais palpável eu posso querer.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Karine

“Sugiro que se recorra ao vinho para seduzir e dou pelo menos duas receitas de sucesso garantido: escrever com vinho algumas palavras lisonjeiras na mesa ou beber do mesmo copo por onde ela bebeu”. Ovídio (o mestre do amor).

Recorro hoje à primeira sugestão de Ovídio, pois com uma taça na mão, sexta em minha solidão, tento expressar algo com alguma (ou nenhuma) razão...

Pensar, pensar e pensar... essa tem sido minha principal ocupação...
Penso e repenso sobre tudo, o que fiz e o que deixei de fazer, caminhos, escolhas, acertos, talvez mais erros, não consigo parar de pensar.
Penso com saudade... depois mudo o rumo do pensar...
Penso em planos, metas, prazos... penso em um Amor que ainda quero viver...
Será o peso da idade? O peso de uma suposta maturidade que “deveria” ter?
Maturidade sentimental, emocional, maternal, profissional... (sinto que não tenho nenhuma delas), e volto a pensar novamente em quais caminhos percorrerei para conquistá-las! Então me agarro na certeza de que dá pra construir qualquer coisa que ainda não aconteceu!
Chega! Cansei de pensar por hoje!!!


Sou composto por urgências: minhas alegrias são intensas; minhas tristezas, absolutas. Me entupo de ausências, me esvazio de excessos. “Eu não caibo no estreito, eu só vivo nos extremos.” CLARICE LISPECTOR