terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Um espírito nada natalino



Todos os anos, nessa mesma época, sinto-me como aquele duende interpretado pelo Jim Carrey, o Grinch, que odeia o Natal. Além dessa data, como muitas outras, em minha opinião, ser usada com excessivo apelo comercial, há vários outros motivos que nem Freud explica, que fazem com que eu me sinta assim.

Tenho algum problema em lembrar fatos da minha infância, não sei o motivo, talvez seja um bloqueio psicológico ou uma forma de me resguardar, sei lá, o fato é que não consigo trazer à tona qualquer lembrança boa de Natal. Outro dia, no caminho do restaurante com colegas de trabalho, caímos no assunto “Natal” e quando um deles me perguntou se eu gostava dessa data, respondi : “Quem não tem mãe não pode gostar de Natal”, assim, na lata. De repente aquele silêncio mortal e eu me sentindo a pessoa mais amarga do mundo. Para quem não vive essa ausência pode parecer bobagem, mas para alguém que tinha como seu tudo a sua mãe, sentir-se feliz numa data na qual tudo gira em torno da família é bastante difícil. Mesmo que esse alguém seja uma marmanja de 31 anos.

Tem também um outro porém, mais um capítulo da minha novela particular mexicana, perdi meu pai aos 14 anos, no dia 21 de dezembro, bem às vésperas de um Natal. E, assim, fica claro que qualquer lembrança doce que poderia haver, apagou-se.

Bom, tudo isso é para tentar justificar a minha resposta cheia de fel ao meu amigo, e ainda que ninguém mereça receber uma afirmativa desse tipo, pois afinal “ema, ema, ema, cada um com seus...”, eu me dou o direito de não gostar desse período do ano.

Não creio que de um modo geral eu seja uma pessoa amarga, inclusive tenho bastante medo de sê-la, mas confesso que em algumas situações sou realista ao extremo e tenho consciência de que essa atitude me faz mais mal do que bem.

Por isso esse desabafo um pouco cruel sobre o Natal é na verdade uma defesa à ferida que ele faz arder mais nessa época, mas que na maior parte do tempo, vitoriosamente, dia após dia, aprendo a acalmar.

Quem sabe um dia isso não passa... se até uva passa...???kkk.

2 comentários:

  1. Tô com você Anoca. Acho essa obrigação social natalina um saco.

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  2. Ana! Incrível como as nossas sensações tamém são parecidas.
    É exatamente assim que eu me sinto. Quem não tem mãe sabe muito bem que o Natal perde o sentido. Existe alegria, sim. Mas a tristeza tá ali, gritando, acenando pra você e dizendo Ho ho ho.
    Também não gosto do Natal. Gosto apenas das luzes, das árvores decoradas nas ruas. Apenas isso.
    Ainda bem que vem o Reveillon na semana seguinte e a gente renova as esperanças de ser cada dia melhor no ano que se aproxima e toma um porre de cerveja, champagne pra afogar as bobagens e rir com os amigos.

    Beijoooooooooooos!

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