quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Tripla jornada

Já repararam como as pessoas acreditam que repetir por aí que levam uma vida difícil, sempre ocupada, emana respeito? Sofrer de estresse com o trabalho faz com que elas se sintam mais importantes, dignas mesmo da admiração dos outros.

Parece que todos estão condicionados a encontrar uma razão que justifique toda e qualquer ação. Fazer algo por simples prazer é quase um crime, uma insanidade. Se caminham, é para suar e fortificar os músculos, pra perder calorias. O happy hour é pra fazer networking. Sinal vermelho, pra escutar audiobooks. Final de semana, pra colocar o trabalho em dia.

O trabalho não é um valor absoluto. Muito menos em excesso. Ficar repetindo isso então, a torto e a direito, queném uma nossa senhora desesperada, só faz o sujeito parecer inseguro.

Quer saber?! Tripla jornada, pra mim, é coisa do Bernard do vôlei. Cês pensam que eu tô ironizando? Tô falando sério! Eu me permito não fazer nada, de vez em quando, desculpa aí! Dar uma volta a pé para refrescar a cabeça. Ficar deitada olhando pro teto, pensando no que poderia fazer para otimizar a total liberdade de não fazer nada, é um direito que eu me dou, mesmo que isso possa parecer uma heresia. E digo mais: adoro um sinal vermelho! Vou até diminuindo a velocidade quando percebo que ele está amarelando. E não é pra prestar mais atenção no audiobook, mas pra ter um tempinho ali parada, só pra mim, sem fazer nadica de nada.

Adoro teorias conspiratórias e se quisesse defender a hipótese aqui diria que, a necessidade de impor o trabalho duro como um valor absoluto reflete outros interesses. Se o cara trabalha até 14 horas por dia e ainda fica feliz com o “sucesso” que está fazendo, mais feliz fica o dono da empresa. Mas não vou entrar aqui no mérito da questão.

O ritual diário de sair correndo, ficar engarrafada, correr risco de ser assaltada, de morrer atropelada e passar o dia ereta na frente do computador, pode fazer parte da minha realização. Mas, se eu quisesse e meu dinheiro desse, eu ficaria em casa, lendo dezenas de livros com as pernocas pro ar e me realizaria plenamente com isso. Ócio não é sinônimo de tédio, não senhor.

Olha lá hein, não tô aqui fazendo apologia a vagabundagem. Não vá pegar meu texto e sair correndo por aí, pra justificar sua falta ao trabalho. Claro, que não tem nada de errado em alguém se realizar por meio do trabalho. Eu até gosto. Quero dizer apenas, que não é só através do trabalho que o homem pode se realizar e que é muito chato esse nhenhenhém de “ó vida, ó azar, quanto trabalho! Não tenho tempo pra nada nessa vida! Olha como eu sou ocupado e estressadinho...” Ninguém te admira por isso, só acham você um mala! Ah, e na maioria das vezes, sabem que você tá exagerando um tiquim, ó, falei!

3 comentários:

  1. hahahahha! Ocê mandou um recado pra mim????
    Você sabe o quanto sou viciada em trabalho e que costumo não ter tempo para absolutamente nada. Mas quando tenho tempo livre, o teto é a vista mais linda do mundo. Ficar sem fazer absolutamente nada é absolutamente prazeroso.

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  2. Iza, se o seu teto não estiver decorado com planilhas e gráficos, você não se enquadra nesse perfil. rs...

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  3. Acho que reclamar já faz parte do ser humano, ninguém escapa...eu então...há quase 3 anos minha rotina de trabalho triplicou, mas a parte boa é que com isso pude começar a conquistar minhas coisinhas materiais, que sem dúvida me proporcionam muito orgulho e alegria. Mas...bom mesmo seria trabalhar 2 vezes menos e continuar conquistando as coisas...infelizmente não dá, né?? Aaah, e quer saber?? Se alguém me achar chata e reclamona, não ligo a mínima...por acaso é esse alguém que paga as minhas contas?? Bjs

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