sexta-feira, 11 de junho de 2010

Prefira o ogro

Mesmo num mundo com menos preconceito, muitos homens ainda não saíram do escurinho do armário. Mas tem um tipo de homem, que me deparo sempre e cada dia mais: ele é heterossexual convicto, nada gay, mas detesta mulher. Em vez de desejar a mulher, ele deseja a si mesmo, o que reflete na retina feminina.

Sabe que precisa de uma mulher, e até gosta de desfilar com aquela que ele considera privilegiada, mas pouco se importa com as emoções dela. É o cara que trata a mulher que o acompanha com desdém, até que apareça uma amiga dela ou dele. Aí ele se acende como se fosse árvore de Natal na Lagoa da Pampulha. Quer mesmo é fazer a social e depois correr para contar seus feitos para os amigos.

É monotemático na conversa. Só fala de carro. Só fala de golfe. Só fala de trabalho. Só fala dele. Ama um espelho. Aposta no físico perfeito, mas é emocionalmente um banana. Coloca-se como porta-voz , interrompe e fala pela mulher, mesmo quando o assunto são os projetos dela.

Ele curte sair com os camaradas, comentar a boa forma do Paulão, vai religiosamente à academia, mas nunca leu uma lauda. Lá no fundo, ele acredita que há um lugar muito especial, superior, reservado aos homens, e que as mulheres, nessa escalada evolutiva, estão lutando contra a própria natureza.

Fujam desse tipo. Ele é o príncipe encantado do Sherek. Prefira o ogro.

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