segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Bença, mãe!


Eu saí de Minas há mais de dois anos, vim andando, andando e ainda não cheguei. Olho pra trás e Minas tá ali mesmo, na primeira curva do caminho. Neste tempo que estou fora de Belo Horizonte, não passo um dia sem ler o-maior-jornal-dos-mineiros não só para matar a saudade, mas para que eu tenha ainda mais motivos para falar de lá. Que é bom a gente garrar a conversar de vezinquando.

Outro dia um rapazinho, desses que se acham entendidos de todos os assuntos, me veio com uma conversa boba. “Você sabia que o Mineirinho tá sendo reformado?”, eu disse “Hum?”, que se traduz em: “E daí? Por que este sujeito está vindo com este papo?”. Insistiu, como se eu não soubesse o que era o Mineirinho: “É, aquela quadra de vôlei, sabe, o Mineirinho?”. Hum!? Quadra de vôlei?! Fiquei tão brava! Senti como se tivessem xingado a minha mãe. “Quadra de vôlei meu filho, tá doido?! O segundo maior ginásio poliesportivo do Brasil!” (Quantas exclamações!).

Posso até pecar pelo excesso, ao achar que o rapazinho é obrigado a conhecer o Complexo Esportivo da Pampulha, mas chamar o Mineirinho de quadra de vôlei é demais! Porque é assim mesmo, como se falassem mal da minha mãe.

É claro que isto é implicância minha com o menino. Um amigo dele voltou a pouco de uma viagem a Belo Horizonte, trazendo esta informação (sei lá porque) e ele quis puxar assunto, ser simpático e, de quebra, mostra-se "entendido", tadim. Mas, sinceramente, é um horror ver um monte de gente falando como quem grunhe não sabendo exatamente o que está dizendo. As pessoas repetem o que ouvem, colocam no contexto a seu alcance, e mandam ver. Cada dia que passa, os assuntos vão ficando mais sem sentido.

Eu tenho mesmo a maior implicância com gente "autorizada" que não sabe, exatamente, o que está falando. “Sei que você está querendo me agradar, cara, você com este abraço apertado, esse tapa nas minhas costas, esse sorriso espalhafatoso e esse papo cabeça. Mas, aqui pra nós, fica caladinho”.

Bem, não era nada disto que eu ia falar. Ia falar da mãe aí do título. É o seguinte: eu queria mesmo era ter escrito o que o Betinho já escreveu: “Minas na verdade hoje é mil amigos que não vejo e minha mãe. Bença, mãe!” A só que conversa boba, sem pé, nem cabeça!

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Repetição

Ando sumida do blog... deve ser meu Inferno astral aliado a correria do dia a dia... ando sem paciência, principalmente comigo. Mas passa, isso é bom.

Lendo o último post de minha querida amiga Anoca, Tina ou Tinoca (nossa esse é das antigas! rs) fiquei pensando no quanto isso é sério... Refiro-me a essa repetição da vida de nossas Mães.

Tenho trabalhado muito isso em minha análise e parece que quanto mais tento fugir desse "modelo", esbarro sempre na Repetição...

Não que minha Mãe não tenha sido um exemplo a ser seguido, pelo contrário, quisera eu ser uma mãe tão amorosa, dedicada, participativa e paciente como ela...Mayra estaria feita! E ela me cobra isso pra piorar...

Mas psicanaliticamente falando, a compulsão à repetição é um impulso à ação que substitui o recordar; sendo assim, quanto maior a atuação, maior a resistência e menor a recordação. Logo, a repetição é definida como algo que faz oposição ao saber, sendo ela da ordem da ação. O essencial do material recalcado não encontra outra saída senão a repetição, e é aí que reside meu temor!!!

Tenho consciência que venho repetindo algumas atitudes, vivências, sofrimentos e situações tristes, anteriormente vivenciadas por minha Mãe... e claro, sofro com isso. Sendo assim, NÃO quero repetir sua história como um sintoma! E vou lutar para fugir disso! Não vai ser repetindo seus ritos que suprirei sua ausência... e fico feliz que tenhamos (eu e Tina) consciência disso.
Foram ótimas mães e sofrimentos à parte, foram EXEMPLARES!!!!

SAUDADES!!!!

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Estranha terapia




Depois da morte da minha mãe ( isso faz 13 anos ) fiz muitas coisas para tentar ficar parecida com ela. Algumas inteligentes, outras nem tanto... Cheguei a copiar o seu vício pelo cigarro para viver o que ela sentia diariamente em suas tragadas. O cigarro virou meu companheiro de luto, era eu sentir solidão e lá estava ele irradiando aquela nicotina em minhas entranhas como se fosse um remédio para qualquer dor. Me lembro de gostar de sentar em uma mesa de bar e acendê-lo, para mim era como reviver algo que vi muitas vezes a minha mãe fazer. Me lembro também da primeira vez que apareci em família fumando um cigarro, e da cara de não-espanto dos meus irmãos, afinal já tinha 23 anos e era dona do meu nariz ( e principalmente do dinheiro que comprava aquela estupidez ). Acho que fiz aquilo pensando ser um ato de rebeldia, querendo que alguém me questionasse alguma coisa, mas me esqueci da minha postura fechada e que não aceitava pitacos, principalmente dos meus irmãos. Graças a Deus, a genética não é tudo, e esse período de fumaça durou somente cerca de 3 anos em minha vida. Hoje tenho pavor de cigarro, do seu cheiro, e das péssimas lembranças que ele me traz.

Outro ritual que minha mãe tinha era o seu café. Apesar de eu não gostar de degustá-lo naquela época, uma das sensações que mais tenho saudade é de acordar sentindo o cheiro de um cafezinho novo sendo coado. Esse cheiro é a coisa que mais me aproxima fisicamente da minha mãe. Até hoje. Então, também depois de velha, passei a tomar café todos dias e, ao contrário do cigarro, esse hábito tornou-se essencial em minha rotina, não vivo sem o meu bom e forte café preto.

Demorei alguns anos para perceber que esses artifícios não me tornariam mais parecida com a minha mãe, nem muito menos amenizariam a sua falta. Mas, de alguma forma, fizeram parte de uma terapia que eu mesma inventei no doloroso processo da aceitação de sua falta ( processo que sei, durará toda a minha existência ). Hoje, em meus momentos de inquietudes e medo, continuo tentando copiá-la, pois ela era uma fonte inesgotável de coragem e força, e ao mesmo tempo um pote de mel em gestos e carinhos. Busco ser algo parecido com ela, uma mulher que driblou todas as dificuldades que a vida lhe colocou; uma mulher que não tinha medo do trabalho; e que fazia tudo por nós. Busco ser um dia para os filhos que espero ter, uma mãe como ela foi. E assim vou seguindo o meu caminho, sempre com ela no coração, um dia de cada vez.

Panela velha é que faz comida boa

Estava voltando do trabalho, puxando o carrinho de compras abarrotado de verduras e frutas quando ouvi um assoviozinho, daqueles que pedreiro faz quando a gente passa pelo canteiro de obras: “fiuuuu”. Não ouvi o primeiro “fiu”, só escutei o segundo, já se apagando. Não virei para olhar, óbvio, nem achei que a coisa fosse comigo. Mas quando novamente o tal silvo agudo se repetiu, olhei para trás. Podia ser alguém conhecido, sabe como é. Não era. Era um grupo de adolescentes na porta do colégio. “Panela velha é que faz comida boa”, um deles falou. Encarei-o nos olhos, assim mesmo, com cara de quem não gostou nada, nada, mas não contive o riso e apressei o passo.

É normal que consideremos velhos todos aqueles que têm mais idade do que nós. Isso é mais radical quando somos muito jovens. Dois ou três anos de diferença (não que fosse só esta a distância entre a idade dos adolescentes e a minha) é o bastante para que olhemos torto os nossos semelhantes, como se estivessem com o pé na cova. Lembro direitinho de uma conversa, por volta dos meus 16 anos, quando alguém me perguntou se eu namoraria um rapaz de 20. “Creeeeeeeeeedo”, foi o que eu respondi. Bem feito! Aaaaaaaaaah gente, mas, “panela velha é que faz comida boa” nãaao, né?!

Encasquetei mais ainda quando cheguei ao trabalho hoje e vi o convite do Chá de Bebê do Pietro, filho da minha prima, Maira, uns três anos só mais nova que eu. É o Psyfrauda, uma rave misturada com Chá de Frauda. São 11 horas de “evento”, em um sítio com doze DJs. A entrada é um pacote de fraudas P, M ou G, das marcas Turma da Mônica ou Pampers, porque são as mais indicadas pelos pediatras. Gente, é sério! E eu ainda pensando naquele “Chá das Cinco” básico, com mocinhas elegantes. Tô por fora! O melhor sempre está por vir mesmo.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Um VIVA aos AMIGOS!


Não cometo desatinos. Falo de amizade.
Não me contenho em só falar. Cometo desatinos.
Eu fiz amigos no pé de jabuticaba, andando de bicicleta.
Eu fiz amigos bebendo leite (sim!), tomando sorvete e bebendo cerveja (fiz muitos!)
Fiz amigos na escola, na faculdade, no trabalho e continuo fazendo amigos.
Eu tenho amigos que nasceram comigo. Outros que já se foram pela beleza da morte e muitos outros que se foram sem beleza alguma.
Eu tenho amigos que, poucas vezes ou nunca, tive oportunidade de abraçar. Eu tenho amigos que abraço diariamente em pensamento e amigos que, quando chega o fim de semana, abraço, abraço...
Amigos que a cada dia descubro mais de mim. Amigos que me decifram.
Eu tenho amigos de coincidências assustadoras e que só me fazem rir. Amigos que só de falar "oi" já sabem onde está doendo e o porquê de estar feliz. Amigos de brindes e goles. Amigos de riso escancarado. Amigos que, num simples silêncio, diz tudo.
Nesse acervo eu tenho Anas, Várias Anas. Karines, Geaninis ou Flavinhas. Jubas, Lola, Laura, Lica,Tê, Ci. Carolinas e suas variações. Xarás, Danis, Tus, Marias e Manus. Lupes, Fofas, Didis, Lulis e Fão.
E se me esqueço de algum amigo... Ora, eu vivo cometendo desatinos!

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O que é um ser “sem-mãe”

Acho que a escola primária devia voltar a ensinar boas maneiras. Devia haver uma matéria chamada Respeito ao Próximo. As pessoas perderam a noção, simplesmente! Perderam o compromisso com o outro em todos os sentidos. Não só no sentido da solidariedade, mas da educação, do respeito e dos limites.

Todos os dias, quando você menos espera, aparece um sem-mãe na sua vida cujo propósito (infernal) é te aporrinhar, irritar você, acabar com seu eventual bom humor. Vejam alguns poucos exemplos baseados na experiência recente desta que vos fala.

“Colegas” de trabalho – O óbvio é aquela coisa que a gente acha que, por ser tão óbvio, todo mundo já sabe. É óbvio, por exemplo, que em um ambiente de trabalho, você tem que respeitar o espaço do colega. Como na vida. Não é porque você gosta de trabalhar escutando música alta, que os seus colegas de trabalho têm que compartilhar o seu festival diário. Óbvio, não? Não! O sujeito sem-mãe e sem decência, chega e liga o som do computador na última altura. Ou seja, além de sem-mãe o infeliz é surdo. Já perceberam que toda figura inconveniente se acha o máximo? Ele também acha a música dele o máximo! Ah, minha Nossa-Senhora-do-Céu! O cara não tem noção, que existem outras pessoas trabalhando ao lado dele, que precisam de silêncio, ou que, simplesmente, não gostam da música que ele esta escutando. Isto aí nem é falta de educação, é grosseria pura, mesmo.

Este é o primeiro evento desagradável do dia, fruto da conspiração dos sem-mães contra seu bom humor.

Mesa de trabalho – a mesa e a sala onde você trabalha, a não ser que você seja o dono, são de propriedade da empresa. Mas, as coisas que estão em cima dela são suas, poxa! Traduzindo: o cara não pode chegar mexendo em tudo sem a sua permissão, e ainda deixar bagunçado. Óbvio? Não, em um mundo de sem-mães não é óbvio.

Na padaria – Você entra no carro depois de um cansativo dia de trabalho e resolve passar na padaria que está no caminho, pensando no pãzinho quentinho que deve estar saindo naquela hora. Apetitoso, atraente, cheiroso até. E lá vamos nós aguardar a nossa vez de sermos atendidos, já que nesta hora, várias pessoas pensaram o mesmo que você. Quando chega a sua vez, a balconista pergunta: próximo? E o sujeito espertinho que chegou depois de você diz: eu! Assim, na cara-de-pau. Você dá aquela olhada infravermelha e o sem-mãe finge que não é com ele.

Bloqueiam o cruzamento - O sinal está vermelho, mas em poucos segundos fica verde, permitindo que os carros parados na esquina arranquem e sigam suas vidas. Sim, seria assim, se um sem-mãe não fechasse o cruzamento. Pra mim, quem fecha cruzamento é igual mulher traída, sabe? “Se não é meu, não é de ninguém”. O sujeito sabe que não vai dar pra ele passar, mas ele segue, e fica ali parado com aquela cara de tacho, como se estivesse num drive-thru esperando o lanche. Ah, tenha paciência! O motorista-mulher-traída-sem-mãe ultrapassa todos os limites. Inclusive, o da civilidade.

Os vizinhos – Odeio os meus vizinhos. Não, não devia odiá-los. Devia ficar feliz por tê-los por perto. Talvez, se eu morasse em meio ao nada, e somente o nada tivesse por companhia, ia sentir falta deles. Será? Vou reformular a frase: odeio minha atual vizinha: uma igreja evangélica. Os sujeitos exercitam a fé num volume tão absurdo que não entendo como eles próprios suportam. É qualquer coisa que ultrapassa a barreira de captação de um tímpano humano. Há uma vaga hipótese de todos eles serem surdos. Mas não, são todos o que? Sem-mães! E não me venham com qualquer discurso sobre liberdade religiosa. Ela não importa em desrespeito à liberdade do cidadão, que tem direito à tranquilidade de moradia, ao silêncio, e a não ser incomodado pelo exercício histérico da fé. Aaaah, tenha dó!

Minhas desculpas pelo desabafo, mas é que eu acabo de chegar em casa depois de ter passado por um sem número de sem-mães pelo caminho... Por hoje, chega!

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

O casal de Woodstock


Registros, vestidos, identidades, certidões, comprovantes e assinaturas. O que tudo isso tem a ver com amor? Não importa. É assim que noivos selam o compromisso oficialmente, se fazem questão de uma cerimônia formal (na verdade, mais ainda, suas famílias). Casamentos sempre me pareceram cerimônias de ficção. Essa história de “até que a morte nos separe” não faz sentido algum. Morte de que? De quem? Como assim cara-pálida? Até pode ser sim, mas, não é ali que se define isso.

Sei que há pessoas que enxergam nesse ritual de promessa algo transcendental. O amor é lindo. Aahhnn, tá bom. Acredito sim no companheirismo, no amor sincero e na vontade de construir projetos comuns. São estas e outras características, como paciência, muita paciência, que vão determinar se um casal vai ou não seguir em frente. Tenho certeza que é justamente a possibilidade de não ser para sempre, que faz com que os casais continuem. Pelo menos aqueles que continuam felizes.

A felicidade não pode ser uma promessa. “Prometo ser feliz e fiel, bla, bla, bla...”. Ela deve acontecer aqui e agora.

Alguns vão dizer que as escolhas que pressupõem renúncias são fáceis de serem feitas. Escolhas dignas mesmo, seriam aquelas que são para sempre, indissolúveis. Esse negócio de querer pesar feito cruz nas tuas costas que te retalha em postas… isso é muito romântico, mas só na prosa e fantasia de Ruy Guerra e Chico Buarque. Na vida real - menos, gente. To falando de vida, que até que me provem o contrário, é uma só. Se não deu certo, pega as suas coisinhas e volta lá pro fim da fila.

Eu fiz este rodeio todo pra falar de uma matéria que eu li hoje no G1. Nick e Bobbi (o casal da foto) viraram ícones da geração Woodstock, ao figurar na capa do álbum e no pôster do documentário sobre o festival, lançado em 1970. O casal está junto até hoje e ainda mora próximo à cidadezinha, onde foi realizado o festival, considerado o grande marco do movimento de contracultura da década de 60, o sonho hippie.

O dionisíaco festival de Woodstock revelou ao mundo a força da geração paz e amor. Diziam não à guerra, pregavam a paz, o amor e a liberdade sexual. Questionavam valores e condenavam a hipocrisia. Logo eles, da geração “ninguém é de ninguém”, estão aí velhinhos e juntos. Que fofo!

Vamos combinar que, quando a gente pode ser de ninguém ou de todo mundo, fica muito mais fácil ser de alguém.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Formas de Amar...

Quanto jeito que há de amar. Um telefonema pra saber da saúde, uma oferta de carona, um elogio, um livro emprestado, uma carta respondida, uma mensagem pelo celular, repartir o que se tem, cuidados para não magoar, dizer a verdade quando ela é saluta..., e mentir, sim, com carinho, se for para evitar feridas e dores desnecessárias. Quanto jeito que há de amar... (Adélia Prado)

Não gostava muito da Adélia (íntima... RS) achava muito amargurada e melancólica em suas palavras. Mas agora estou lendo-a com outros olhos e amando a simplicidade com que fala do Amor. E o sofrimento anexado a ele que antes me incomodava, hoje vejo quase como parte do Amar e realmente é como diria, não existe amor sem dor... quem ama, por algum motivo acaba sofrendo, seja por saudades, distância, rejeição, amor demais...enfim.Mas o melhor é que existem formas bonitas, suaves, gentis e delicadas de amar e expressar o amor ao próximo; pra família, pro cachorro, amigos, namorado, filhos...etc.
Pequenos gestos que podem fazer toda a diferença no dia de alguém tornando-o mais feliz!
São sutilezas, lembranças, boas palavras, cuidados, sutilezas, afagos, ... Amo Amar... deveria amar menos, mas sou assim, quando gosto, gosto com vontade e por vezes acabo sofrendo esperando receber um amor nas mesmas proporções... mas aprendi também que cada um tem seu jeito de amar (e demonstrar esse amor) e de nada adianta tal sofrimento...
Portanto, aprendi com todos esses anos de "janela" que o Amor deve ser vivido e "compartilhado", não importa qual retorno seja esperado!
Vou continuar amando... doando mais do que recebendo... mas o que importa?
Se o que me importa é Amar...

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Explico


Tudo parece muito impessoal. A gente não manda mais cartão, envia um webcard, não liga mais nos aniversários, cumprimenta pelo orkut, as flores também são virtuais, os beijos viraram símbolos, os sorrisos, os abraços, até mostrar a língua a gente mostra assim ó: :-P . Códigos modernos não suprem afagos, mas, às vezes, trazem boas notícias.

Há muito, nós pensávamos em fazer este blog. Um espaço para, se não substituir, amenizar a menor frequencia dos encontros. O diálogo acontece aqui nas linhas e entrelinhas. Imagino as meninas abrindo uma página em branco, como quem participa de um ritual, e caprichosamente preenchendo as linhas com emoção, com lágrimas, com um sorriso, esparramando sobre o branco a firmeza do propósito, o ponto final, a dúvida por onde começar... Daqui, eu vou devorando sílaba por sílaba, suspiro por suspiro.

Eu me lembro como cada uma delas entrou na minha vida, mas parece que elas sempre estiveram comigo. Em mim hoje brilham dotes que, tenho certeza, são próprios delas. Amigas, parceiras, comadres, elas confirmam as minhas melhores expectativas com relação à vida e aos seres humanos. Em cada uma delas, as qualidades todas que fazem alguém ser especial.

Da Ana, lembro desde o primeiro sorriso de boas vindas, a tantos outros que se seguiram de gargalhadas sinceras.

Karine chegou pelas mãos da Anoca, que já falava dela com tanto amor, que ficou assim, como uma herança.

Iza é prosa e verso ao mesmo tempo, o fogo e a água, a razão e a inconsequência, o carinho sempre presente.

Flavinha é toda companhia que transborda, tanto e quanto for preciso. Alegria certa e autêntica, diversão constante.

A verdade é que hoje conto histórias nossas, como se tivessem acontecido ontem. Mesmo longe, guardo tudo o que elas são, para que eu possa prosseguir.

Somos isso, cinco e tanto!

Homenagem às amigas

Vanzolini sabia das coisas...

Chorei
Não procurei esconder
Todos viram, fingiram
Pena de mim não precisava
Ali onde eu chorei
Qualquer um chorava
Dar a volta por cima que eu dei
Quero ver quem dava
Um homem de moral
Não fica no chão
Nem quer que mulher
Lhe venha dar a mão
Reconhece a queda
E não desanima
Levanta, sacode a poeira
E dá a volta por cima

Volta por cima, sim.
Graças Pai! Eu tenho amigas!

Escrevo

Escrevo porque há linhas e enquanto houver linhas, mesmo as de expressão, escreverei.
Escrevo na solidão, a esmo. Para que a dor de escrever transforme meu coração.
Escrevo porque escrever é a minha cura.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Um prato e um pai

Semana passada aconteceu uma coisa incomum. Dessas que fazem a gente pensar que realmente tudo tem um quê e um pra quê. Minha madrinha me devolveu um prato, desses que se penduram na parede, que era do meu pai, e minha mãe havia dado a ela de presente logo depois de sua morte, como uma homenagem por todo o carinho que ambos sentiram ao longo da vida. Juro que havia me esquecido desse prato, um prato com países e a marca da ONU no meio, que foi dado a ele quando serviu o exército e que sempre enfeitou nossa casa e era motivo de orgulho para ele. É triste pensar que além de uma camisa preta de seda que guardo até hoje, é esse prato a coisa mais concreta que tenho do meu pai: lá estão histórias que ele viveu na guerra, lembranças de uma vida que eu não tive tempo de ouvir e nem ele de me contar. Meu pai era puro coração, talvez por isso me lembre de tantos erros, mas também por isso era fácil amá-lo e querer ouvir suas risadas. Me lembro do cabelo macio ( ou falta dele, rs), dos olhos amendoados, da doçura com a qual durante 14 anos tive a sorte de ser rodeada. Lembro dos boleros antigos, da maçã picadinha com leite condensado, da batata frita mais gostosa do mundo. Lembro de ser a sua caçula e de me sentir a menina mais feliz do mundo. Feliz dia dos pais, papai.

domingo, 9 de agosto de 2009

PAI


Não fomos melhores amigos
Não fomos melhores no passado
Mas a vida nos transforma todos os dias, amadurecemos e nos tornamos mais compreensíveis com erros, vibramos com os acertos.
Ele não foi minha inspiração. Mas isso é passado. E este passado não costumo visitar. Porque olho para o futuro, caminhamos juntos neste presente.
Hoje, um porto seguro.
Diferenças sempre vão existir. Mas também existirá o respeito e existirá a gratidão.
Mesmo ausente e com todos os erros cometidos, exemplos aprendi e assim a gente vai se aproximando...
Feliz Dia dos Pais

Izabella

Dia dos Pais


Hoje só tenho a agradecer... além de ter me dado a vida, me deu uma irmã maravilhosa, está sempre ao nosso lado pronto pra ajudar no que for preciso... é um avô nota 10, engraçado, amigo, ranzinza, companheiro... enfim, esse é o Meu Pai! O famoso Zé Maria!
Obrigada por tudo Pai!

sábado, 8 de agosto de 2009

Meu pai

Juliana Coelho

Já tenho idade para ser mãe, mas é muito comum ser invadida por uma enorme sensação de desamparo, quando lembro que meu pai está longe. Não há como explicar. É tão intenso, que devo parecer uma meninoca de braços abertos, chorosa, esperando o colo do pai.

Hoje, acordei com uma saudade imensa dele, assim, sem maiores explicações. Talvez porque amanhã seja Dia dos Pais. Meu pai me veio quase assim, concretizado na maneira com que, através das palavras de sua propriedade, ele se comunica com as filhas, cadê o toucinho que estava aqui?

Muito mais do que os pais de sua geração, no bairro onde fomos criadas, papai brinca com as filhas: tenho perfeita lembrança de sair com um baldinho de areia na mão, pra brincar com ele, de castelos de areia, no canteiro de obras de uma grande avenida que estava sendo construída perto da minha casa. Mesmo a milhares de quilômetros da praia, ele me fazia sentir a brisa do mar. Ninguém entendia o que aquela menininha fazia com o balde de areia na mão, na cagunda do pai, a caminho de um imenso barranco, de terra batida. Meu pai entendia.

Essa sensação me volta sempre de maneira insistente. Fico me lembrando das vezes em que pintava o rosto dele com o batom da mamãe e fazia chuquinhas em seu cabelo. Ele ficava imóvel, como eu pedia, até que chegasse a hora de mostrar minha obra prima no espelho. E, por minha ordem, ele permanecia assim pintado a tarde inteira.

Meu pai foi criado na roça e teve uma educação rígida de mãe beata, ao lado de muitos irmãos. Nunca o ouvi dizer palavrões. Só quando batia a canela na quina de algum móvel. Aí, falava qualquer palavrão de um jeito meio embolado e, quando percebia que eu estava perto, ria, ria. E eu gargalhava, satisfeita por ter pegado ele no flagra.

Também nunca o vi levantar a voz. Nunca. Ele sempre teve um jeito especial de mostrar quando eu estava errada. E faz com uma delicadeza, que constrange. Meu pai é do tipo que tem muita dificuldade para dizer não. Mas sabe como mostrar, só com um olhar, que aquele não era mesmo o melhor caminho. Por isso, medo nunca foi um sentimento presente em nossa relação. Admiração, talvez seja o sentimento mais presente.

A mim, sempre chamou de Maricota do Carrocha. Não posso imaginar de onde meu pai tirou. Se fazia uma graça, ganhava um dez na escola ou se trazia para casa qualquer alegria ou motivo de orgulho, ele, muitas vezes com os olhos úmidos, dizia: “Ah... Maricota do Carrocha!!!” Vá entender o que Carrocha tem a ver com emoções tão diversas.

Quando pequeninha, ouvia o cantarolar de várias canções que eu achava que pertenciam, exclusivamente, ao universo de uma geração. Lembro-me dele assobiando qualquer coisa de bossa nova no banheiro, e achava meu pai para lá de moderno.

Mesmo longe, ele está presente em todos os meus sentidos, é o que estou tentando dizer. No universo de minha vida, ele é o que de mais palpável eu posso querer.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Karine

“Sugiro que se recorra ao vinho para seduzir e dou pelo menos duas receitas de sucesso garantido: escrever com vinho algumas palavras lisonjeiras na mesa ou beber do mesmo copo por onde ela bebeu”. Ovídio (o mestre do amor).

Recorro hoje à primeira sugestão de Ovídio, pois com uma taça na mão, sexta em minha solidão, tento expressar algo com alguma (ou nenhuma) razão...

Pensar, pensar e pensar... essa tem sido minha principal ocupação...
Penso e repenso sobre tudo, o que fiz e o que deixei de fazer, caminhos, escolhas, acertos, talvez mais erros, não consigo parar de pensar.
Penso com saudade... depois mudo o rumo do pensar...
Penso em planos, metas, prazos... penso em um Amor que ainda quero viver...
Será o peso da idade? O peso de uma suposta maturidade que “deveria” ter?
Maturidade sentimental, emocional, maternal, profissional... (sinto que não tenho nenhuma delas), e volto a pensar novamente em quais caminhos percorrerei para conquistá-las! Então me agarro na certeza de que dá pra construir qualquer coisa que ainda não aconteceu!
Chega! Cansei de pensar por hoje!!!


Sou composto por urgências: minhas alegrias são intensas; minhas tristezas, absolutas. Me entupo de ausências, me esvazio de excessos. “Eu não caibo no estreito, eu só vivo nos extremos.” CLARICE LISPECTOR