quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Feliz Aniversário, Stephanie

Foi minha mãe quem deu a notícia que a casa ao lado teria novos moradores. Foi minha mãe também quem me disse que naquela casa uma menina da minha idade iria morar. Eu fiquei radiante com a ideia de ter uma nova amiga para brincar. As garotas da rua eram sempre mais velhas e entre a turma toda de meninos e meninas eu era a “copo de leite”.

Antes da sua chegada ficava o tempo todo imaginando como seria essa nova amiga. Será que ela é legal? Será que ela vai me emprestar seus brinquedos? Ela é loira ou morena? Bonita ou feia? Eu também desenhava a sua família em minha cabeça, planejava as brincadeiras, os aniversários de boneca e os passeios de bicicleta.

E ela apareceu. Não me lembro exatamente quando, mas ela apareceu. Loira. Loirinha, de bermuda cor de rosa, camiseta cor de rosa e pés descalços. No cabelo, uma maria-chiquinha que sempre escorregava, deixando o rabo-de-cavalo desajeitado. Jamais imaginaria que minha futura amiga tinha aquela imagem. E ela passou a ser o xodó da turma. Ela e seu irmão de cinco anos assumiram o posto de novos “copos de leite”. E eu me transformei em “copo de leite sênior” (uma promoção dada pelo líder da turma, meu irmão – que não era o mais velho do bando, mas sempre se destacava no grupo da rua).

Casas geminadas, jardins na entrada, mobília de mogno no quarto. Ela tinha um gato enorme de porcelana. Eu, um gato boêmio que encontrei na garagem da minha casa. Ela tinha uma coleção de disquinhos e historinhas que me encantavam. Minha barbie era loira. A dela era uma ruiva dos anos 70, de pantalona e tamanco, que mexia os ombros quando se apertava as costas. Ela tinha uma infinidade de móveis da barbie. Eu tinha alguns poucos, mas quando a gente juntava os brinquedos era uma tarde inteira de diversão.

Ela tinha a Moranguinho. Eu, a Uvinha. E nós duas tínhamos a Tetê. Uma boneca que tomava mamadeira e fazia xixi para a fralda ser trocada. Ela tinha uma máquina de escrever Olivetti amarela que eu era fascinada. Eu tinha uma bicicleta cor de rosa que ela andou antes de mim.

Ela tinha o Quadro Mágico e eu o Jogo da Vida. Nos pés descalços, a sujeira das aventuras nos terrenos baldios. E na minha testa, um galo e uma cicatriz por aquela aposta de corrida que estava vencendo e fui derrubada.

O primeiro cigarro foi experimentado juntamente com ela. E o primeiro porre... Deve ter sido com ela também (Eu não me lembro).

Na adolescência, os segredos. Os planos para ficar com aquele garoto que tinha um primo mais velho que dirigia. Nessa mesma adolescência, a separação. A distância de um muro baixo, que passou a ser de quatro casas deu lugar a uma distância de 450km e a convivência diária passou a ser curtida apenas nos feriados prolongados e nas férias. É que eu fui morar em Belo Horizonte e ela quis ficar no interior.

Mas não vou houve distância que nos separasse. Nem mesmo nos grandes acontecimentos. Quando eu perdi a minha mãe, ela estava lá, esperando por mim em minha casa. Ela e um abraço silencioso. Porque não cabia naquele momento nenhuma palavra, somente um abraço silencioso. E quando a tristeza era minha companhia, ela deitava na minha cama e só saía de lá quando eu melhorava.

Eu também estava lá em alguns momentos especiais. E isso está registrado! Fui madrinha de seu enlace e passei na fila dos cumprimentos pelos menos três vezes. É que a alegria era tão grande que a gente precisava se abraçar em silêncio a todo instante.

E foi debaixo do pé de jabuticaba lá de casa que fui uma das primeiras a saber que dali a nove meses chegaria para nossas vidas um lindo presente. Enzo! Que é seu filho e também um filho de coração para mim.

Então, naquele dia em que ela se mudou para minha rua, eu não ansiei a sua chegada à toa. Talvez eu já soubesse que ali chegava a minha melhor amiga. O tempo moldou essa amizade. As brigas e birras eram superadas assim que a próxima brincadeira começava. A saudade, constante companheira, temperou os momentos de reencontro com risadas e lembranças. É assim uma amizade sincera.

Naquele dia em que aquela loirinha de roupa cor-de-rosa, maria-chiquinha no cabelo e pés descalços foi morar na minha rua, eu ganhei a melhor amiga do mundo e a melhor irmã do mundo também.


segunda-feira, 25 de outubro de 2010

E daí?

E daí se minha pizza predileta é a de milho?
E daí se durmo de cobertor o ano inteiro?
E se para dormir eu precise de escuridão total e barulho?
E daí se a melancia me provoca dor de cabeça? Ela é minha fruta predileta!
E daí se uso calculadora para somar 13+9?
Se falo mal do meu chefe? Ele é um saco mesmo!

E daí de achar academia o ó?
De esquecer de pagar o IPTU?
E daí se como chocolate religiosamente depois do almoço?
Se não tenho religião, mas faço o sinal da cruz assim que me deito ou chego no trabalho?
E daí se eu não gostar de Sol?
E daí se eu não gostar do dia do meu aniversário?
De não ver graça no Natal e ter preguiça de viajar para o carnaval?
E daí se gosto de ver desfile e apuração de escola de samba?

E daí se leio revista de fofoca e se meu humor é sempre o mau humor?
Se meu bife tem que ser "bem tostado"?
E daí se não gosto da picanha do churrasco?
E daí se prefiro bijuteria a jóia?
Se não como manteiga e palmito?
E daí?

E daí se meu dia predileto é dia nublado?
E daí se nunca ganhei flores de namorado?
E daí se escrevo errado?
E daí???? Hein????
E daí?

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Drama canino




Sai do trabalho, passei no supermercado, no banco, na padaria e no posto de gasolina. Segui para casa, guardei as compras, coloquei a papelada em ordem, fiz continhas e mais continhas, dei uma lida rápida nas correspondências e recolhi as roupas do varal. Depois de todos os pequenos afazeres domésticos, tomei um banho demorado, coloquei o meu pijama mais confortável, catei um monte de travesseiros, dei uma passada rápida pela geladeira para pegar um todinho, apaguei as luzes e me joguei no sofá para ver o filme mais seção da tarde dos últimos tempos, que já estava reservado há mais de uma semana, “Ele não está tão a fim de você”.

Uma histeria repentina invadiu a sala. O estardalhaço foi tamanho, que o canudinho do todinho saiu pelos ares. Eis um drama familiar instalado. Um cachorrinho titico de vinte centímetros conseguiu passar por debaixo do portão. Acho que ele não imaginava que do outro lado esperava por ele um amigo-tipo-felícia-ansioso-por-companhia, de um metro e meio: Deco. Deco por causa do jogador luso-brasileiro, apesar de eu saber pouca coisa da cara dele até ele vir jogar no Fluminense. Mas, achei o nome sonoro, harmonioso e suave. Como o visitante não se apresentou vou chamá-lo de Figo, que é, em minha opinião, o segundo nome mais sonoro, harmonioso e suave para cachorro.

Surpreendido por Deco, o Figo gritava, mas gritava tanto, que custei a entender que ele era um cachorro. Deco rolava Figo no chão com tanto entusiasmo, que se colocasse areia diriam que eram dois amantes nas Dunas de Itaunas. Pareciam dois lutadores de sumô. Como o tempo passa. Voa! Num dia a gente é filho irresponsável, no outro, é responsável por duas vidas. Pensei: Ah, idolatrada lei do mais forte, o que eu vou fazer com um defunto no meu quintal. Mas não, o Deco só queria brincar com a ilustre visita. A ilustre visita não entendia, claro, e gritava como se estivesse sendo atacado por um urso polar em plena floresta Amazônica.

Corri atrás dos dois, batendo palmas e gritando "XÔ! XÔ!". Não deu certo. Tentei conversar numa boa com o intruso petulantezinho. Ofereci suquinho, leitinho, pãozinho, aguinha e o raio da criatura não parava de se esgoelar. “Não adianta gritar, que eu não sou surda!", a essa altura eu é quem estava berrando. Eu tinha que dar um jeito na situação.

Tentei a minha arma sempre poderosa nos momentos mais tensos com o Deco. A palavra chave é: comida! Sempre que digo comida! bem alto, ele para o que está fazendo e me olha atentamente. Funcionou da última vez, quando ele pegou duas notas de vinte reais que estavam sobre a mesa. Dessa vez, nada.

Desesperada, fui cercando os dois pelas beiradas num estilo zagueiro ou mineiro de ser. Quando estava prestes a me jogar pro outro lado do muro, fiz um drible, digno de Garrincha, entre Deco e Figo. (Com a maioria aqui é feminina, vou explicar bem o que seria isso: fingir que se vai fazer uma coisa e fazer outra. Fingir, por exemplo, que vai sair pela esquerda, e sair pela direita).

E não é que deu certo? Perpendicular à linha de fundo, fechando em diagonal, consegui segurar a coleira do Deco. Impressionante, minha prática. Parece até que fiz curso no Senac. Ele arregalou os olhos, e me olhou com uma cara espantada, do tipo 'não estou acreditando que essa maluca me separou do meu único amiguinho'. Figo me olhou meio desconfiado e vazou por debaixo do portão.

Tudo esclarecido, fui tomar outro banho. Tive que superar um drama familiar, perdi uma parte do filme, mas acho que a experiência, se não me fez crescer como ser humano, pelo menos amenizou meu lado desumano. Aprendi a ter mais respeito com o outro, mesmo que esse “outro” tenha apenas vinte centímetros de altura.

domingo, 26 de setembro de 2010

Cantos e Contos

Não tenho o que contar
Cantar um conto. Contar um canto.
Canto para esconder
O conto
O canto do quarto - um esconderijo.

Esconder o canto
Aquela melodia de encanto
O pranto
Um conto cantado.

Não tenho o que cantar
Só conto o tempo e faço conto
Cantador de contos.

Conto os cantos e os quantos.
Os cânticos dos contos
Os cantos do quarto - encontrados.
Encantada.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Eu e minha magrela

A bike é meu meio de transporte oficial do trabalho para casa. É uma opção saudável, sustentável e, principalmente, econômica, o que contribui para eu estar sempre bem vestida e com o cabelo hidratado. Tenho uma relação carinhosa com elas como já disse aqui. Todos os dias, vou pra casa pedalando feliz, faceira e sem pressa. Cantamos juntas, rimos das coisas engraçadas que encontramos pelo caminho, trepidamos sobre as mesmas ruas esburacadas.

Do trabalho até minha casa deve dar uns três quilômetros, a maior parte de retas, bem diferente de Minas. Outro dia, estava eu bem peralta quase chegando em casa, quando um erro de cálculo me fez amargar um tombaçasso.

Na penúltima curva antes de casa, dei de cara com um grupinho de vacas (sim, vacas!), que provavelmente voltavam de um passeio, com seu guia bem atrás de moto (agora eles andam de moto e não mais de cavalo, como num quadro que tem lá na casa da minha tia). Logo depois da curva, tem um morrinho mínimo. Um mineiro diria mesmo que insignificante. Tentei frear, já que, não sei quem tem preferência, segundo as leis de trânsito, as vacas ou eu. Decidi não arriscar. Não esperava que a minha bike pudesse derrapar, mas ela derrapou e eu voei.

Vê só como a gente se engana nessa vida. Meu erro foi frear só com o freio dianteiro. Deveria ter usados os dois ao mesmo tempo, foi o que eu descobri depois (vai ser útil agora). Num piscar de olhos, a minha magrela, pobrezinha, tão indefesa e vulnerável voou pra um lado e eu pro outro. Fez um barulhinho assim “plaft”, quando eu me choquei com uma coisa dura, que graças a Deus não era uma vaca. Era um barranco.

Se alguém viu, além do guia das vacas, não vi. Ele seguiu, elas pararam por um minuto, sensíveis, e depois correram, coitadas. Vacas têm coração, cês tão pensando o quê. Nossa, há quanto tempo eu não tomava um tombaço desses cinematográficos. O último que lembro, eu devia ter uns 12 anos, e me deixou uma cicatriz enorme no braço direito, perto do cotovelo. E ali sem ter ninguém por perto que pudesse me acudir (tá bom, exagerei!).

Mas, depois que limpei a poeira da roupa e, o mais rápido que pude, subi na bike e desapareci, deu uma sensação boa, como quem acabasse de fazer uma travessura. Saímos assim, morrendo de rir as duas.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Confrarias de Mulheres cervejeiras!



Hoje, passeando por um blog do qual gosto muito, Casos e Coisas da Bonfa, descobri que existe uma Confraria de mulheres que fabricam sua própria cerveja e têm um conhecimento enormeeeeee sobre tudo relacionado ao imenso prazer, do qual compartilho, de degustar cervas! O nome desse grupo de 6 mulheres é FemaAle Carioca, o link do blog delas está aqui, vale a pena entrar e saber mais sobre essa empreitada. E não é que pelo blog das FemAle fiquei sabendo que as pioneiras nessa arte são nada mais, nada menos que mineiras??!! Eu, uma belorizontina nata, adoradora do movimento de levantamento de copos, não tinha conhecimento de que existia uma Confraria Feminina de Cerveja aqui em BH, e que é a primeira nessa categoria no Brasil! O blog da Confece também é muito legal, sem contar que é ótimo mergulhar no conhecimento delas sobre os estudos e degustações dos mais variados tipos de cerveja. Fiquei superorgulhosa dessas mineiras pioneiras e talentosas e, no final das contas, além de ficar doida de vontade de experimentar várias cervejas, me deu também uma pontinha de anseio de aprender a fabricar essas delícias!

Afinal, como disse uma das integrantes da FemAle: “ninguém faz amigos tomando leite”. Concordo!



Bora tomar uma geladinha?

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Tripla jornada

Já repararam como as pessoas acreditam que repetir por aí que levam uma vida difícil, sempre ocupada, emana respeito? Sofrer de estresse com o trabalho faz com que elas se sintam mais importantes, dignas mesmo da admiração dos outros.

Parece que todos estão condicionados a encontrar uma razão que justifique toda e qualquer ação. Fazer algo por simples prazer é quase um crime, uma insanidade. Se caminham, é para suar e fortificar os músculos, pra perder calorias. O happy hour é pra fazer networking. Sinal vermelho, pra escutar audiobooks. Final de semana, pra colocar o trabalho em dia.

O trabalho não é um valor absoluto. Muito menos em excesso. Ficar repetindo isso então, a torto e a direito, queném uma nossa senhora desesperada, só faz o sujeito parecer inseguro.

Quer saber?! Tripla jornada, pra mim, é coisa do Bernard do vôlei. Cês pensam que eu tô ironizando? Tô falando sério! Eu me permito não fazer nada, de vez em quando, desculpa aí! Dar uma volta a pé para refrescar a cabeça. Ficar deitada olhando pro teto, pensando no que poderia fazer para otimizar a total liberdade de não fazer nada, é um direito que eu me dou, mesmo que isso possa parecer uma heresia. E digo mais: adoro um sinal vermelho! Vou até diminuindo a velocidade quando percebo que ele está amarelando. E não é pra prestar mais atenção no audiobook, mas pra ter um tempinho ali parada, só pra mim, sem fazer nadica de nada.

Adoro teorias conspiratórias e se quisesse defender a hipótese aqui diria que, a necessidade de impor o trabalho duro como um valor absoluto reflete outros interesses. Se o cara trabalha até 14 horas por dia e ainda fica feliz com o “sucesso” que está fazendo, mais feliz fica o dono da empresa. Mas não vou entrar aqui no mérito da questão.

O ritual diário de sair correndo, ficar engarrafada, correr risco de ser assaltada, de morrer atropelada e passar o dia ereta na frente do computador, pode fazer parte da minha realização. Mas, se eu quisesse e meu dinheiro desse, eu ficaria em casa, lendo dezenas de livros com as pernocas pro ar e me realizaria plenamente com isso. Ócio não é sinônimo de tédio, não senhor.

Olha lá hein, não tô aqui fazendo apologia a vagabundagem. Não vá pegar meu texto e sair correndo por aí, pra justificar sua falta ao trabalho. Claro, que não tem nada de errado em alguém se realizar por meio do trabalho. Eu até gosto. Quero dizer apenas, que não é só através do trabalho que o homem pode se realizar e que é muito chato esse nhenhenhém de “ó vida, ó azar, quanto trabalho! Não tenho tempo pra nada nessa vida! Olha como eu sou ocupado e estressadinho...” Ninguém te admira por isso, só acham você um mala! Ah, e na maioria das vezes, sabem que você tá exagerando um tiquim, ó, falei!

domingo, 8 de agosto de 2010

Eu odeio Gisele

Eu odeio a Gisele Bündchen! Não. Pera aí. Não odeio a pessoa Gisele. Não posso falar isso de uma uma pessoa que não conheço pessoalmente. Eu a acho linda, diferente. A estrela dela brilha mais que o Sol, né?
Isso é para poucos. Bem sucedida, milionária, casada com um gato, mãe de um filho fofíssimo e referência no mundo da moda. Além disso, é capaz de entrar num jeans 38 dois meses após o nascimento do filho.

O que eu odeio é o padrão "Gisele". Reparou que as roupas têm diminuido de tamanho? É fato! Tempo atrás eu achei uma calça velha no meu armário da casa do meu pai. A long time ago eu vestia 38, gente!!!!! Juro! Então, eu trouxe esse jeans para BH e comparei com as calças de mesmo número da minha prima (ela é deve ser parente da Gisele!) e percebi que a medida dass calças e o formato eram bem diferentes. A 38 de hoje é beeeeem mais justa, bem menor.

As lojas resolveram entrar na onda. Tamanho G é "G" de Gisele. O padrão de beleza mudou. Todo mundo tem que vestir calça 38, camisa P (pra não falar no tal tamanho único), ter peitão siliconado para eles ficarem inchados, subindo a camiseta para mostrar a barriguinha sarada e, se bobear, aparecer aquele piercing horroroso no biguiú.

Não concordo. Brasileiras são mulheres reais. E a realidade aceita peito normal, quadril largo ou sem quadril, pernas grossas ou de sabiá, dobra na barriguinha quando se senta, celulite e estria.
Não existe nada mais feminino do que uma celulite, gente!

Mulheres reais são aquelas que tem desejo de comer massa, tomar um sorvete de creme com calda de chocolate, bater um copão de refrigerante SEM CULPA!
Alguém pode me dizer se algum dia teve desejo de comer um prato de alface? Ou uma salada de rúcula, tomate e chicória? Você reune seus amigos para comer uma alfafa? Uma cenoura assada na brasa?

Espero que as lojas e as indústrias têxteis confeccionem roupas de padrões democráticos, remarquem as numerações de acordo com a cintura e o quadril das mulheres possíveis.
E torço para que essa moda não se estenda aos acessórios e sapatos. Se chegar, vou cruzar os dedos para a Gisele Bündchen calçar 38.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Puro devaneio

Eu não sou de grandes planos e idealizações porque sempre tive os pés no chão quanto a grandes expectativas. Por causa disso, sou de planos possíveis e de curto prazo. Isso não quer dizer que não tenha grandes sonhos. Não desejos veementes ou aspirações, mas devaneios, quimera. Um deles é escrever um grande romance.

Já sei a dedicatória e como eu começaria a escrever o livro. Um romance mineiro. Tenho a história e os personagens. Eu teria que ser muito boa para contá-la com a força que ela tem, uma historinha tão simples.

Eu poderia até adiantar a história aqui. Posso? Vou contá-la, ainda que sem o tratamento que ela teria no meu fantástico romance sonhado. Seria um pedacinho apenas. Tudo isto eu botaria no livro, com muita literatura, podem acreditar. Deixa ver se a conto em algumas linhas...

É na adolescência, de alma descuidada e coração vadio, que eles se conhecem. Tudo é um vir-a-ser. Vida, profissão, amor, família, tudo é futuro. Cotidianamente, ele a segue com olhos atentos, até que ela chegue ao portão de casa. Ela, tímida, até gosta, mas se faz de desentendida.

A possibilidade de ele vir falar com ela, a faz estremecer desde a ponta dos seus pés. São tantas as tentativas que, um dia, ela se permite encontrar os olhos dele. Isso é o suficiente. Um sussurro percorre seu corpo inteiro. É uma inauguração em seu corpo, em seus sentidos, em sua alma.

Um dia, meias frases, meio diálogos, sem pontos finais. Acontecimentos pelo meio e eles ficam pelo meio. E, não é que vivem no passado, é o passado que está neles. Desde então, porém, a pergunta a persegue: como se lida com o reverso do amor?

Ela espera que ele diga “largue tudo e venha comigo”. Ele não diz e assim ela segue a estrada mais difícil, menos usada e isso faz toda a diferença. Ele passa, às vezes, pelo mesmo portão e talvez se lembre dela. A estrada que não tomaram continua ali. O passado molda o dia de hoje, mas não o determina inteiramente, não o impede e, sobretudo, não o substitui.

O tempo passa e como o amor desdenha das situações preparadas para o amor, mas não despreza o acaso, há sim um último encontro, para provar que, assim como, aos 30 anos não se pode recuperar uma paixão da adolescência, Tom e Chico estavam certos, quando falaram do quanto é “desconcertante rever o grande amor”.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Gostaria de dizer...

Gostaria de dizer que ando por aí despreocupada, que deixo a bolsa na cadeira ou em cima do balcão. Gostaria de dizer que os pobres herdarão o reino dos céus e que os juros vão cair. Gostaria de dizer que príncipes encantados existem, que chocolate não engorda e que a dívida externa foi perdoada.

Gostaria de dizer que não estou arrependida do voto que dei na última eleição, aliás, dizer que nunca me arrependi, que sempre votei certo. Gostaria de dizer que a unha não vai quebrar, o ônibus não vai atrasar e a meia calça não vai rasgar.

Gostaria de dizer que Deus ajuda quem cedo madruga. Gostaria de dizer que ética tem valido mais que estética e que reina em nosso país juízes justos e políticos íntegros. Por fim, gostaria de dizer que o compadrio não leva vantagem sobre o mais competente e que o jogo de influências não derrota o aplicado.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

10 anos

Izabella,
que a fé more sempre em seu coração,
a justiça guie o seu espírito,
a bondade seja sempre o perfume de sua alma
e o perdão seja sempre a flor mais bela de seus pensamentos.
Magda
*Escrito no meu diário de Hello Kitty, em 10/12/1991, numa página qualquer para que fosse achado a qualquer momento.


Eu não conheci minha avó. Ela se foi antes mesmo de se tornar uma. Foi precocemente no inverno de 1968.

Minha mãe também partiu em um inverno, no dia de 10 de julho de 2000, carregando o mesmo legado de sua mãe. Mas antes mesmo de ser avó, faltou-lhe o tempo de continuar a ser mãe. Minha mãe.

Quando pequena, eu era como qualquer criança: dependente de todo o cuidado materno. Aos poucos, dando os primeiros passos, as primeiras quedas fui ganhando independência e, ao mesmo tempo, personalidade. Mas ela estava lá, assistindo todo o meu caminho.

Na adolescência, como todo "quase adulto", achei que esse negócio de ser mãe era chatice pura e por diversas vezes entortei o nariz para seus conselhos. Mas ela estava lá, insistindo em seus avisos e me esperando de braços abertos para caminharmos juntas.

E foi exatamente no intervalo entre a adolescência e a vida adulta que ela se foi. Eu tinha 18 anos. Exatamente na época em que se descobre que a adolescência não é eterna e que começam a surgir os desafios da vida. Foi exatamente aí que eu procurei a sua mão, o seu olhar dizendo "coragem" e não os encontrei.

Eu me lembro de uma mãe de postura firme, que me ensinava a seguir em frente, a lutar e ter fé. Eu me lembo de uma mãe zelosa e amável que me ensinou princípios e virtudes para levar comigo. Mas naquele dia, nenhuma lembrança se fez maior que o tamanho de sua ausência.

Ausência que tem cheiro, que tem voz. Ausência que caminha ao meu lado há 10 anos. Às vezes em ritmo acelerado, forçando-me a tomar fôlego ou a parar um pouco, exaurida de saudade.

Engana-se quem pensa que o tempo faz esquecer as pessoas. Ao contrário, o tempo tratou de guardar minha mãe em mim. Ela nasce em mim todos os dias e eu sou ela sempre. E sempre busco um pouco dela nas pessoas e nas coisas que me cercam e dou um pouco dela para as coisas e as pessoas que me cercam.

E assim, sob olhar eterno, minha mãe continua a assistir meu caminho e a caminhar comigo.

Eu não carrego o legado de não ser avó. Isso foi um mero acaso. Não estou fadada a este destino. O meu legado é continuar a viver esse amor. É procriar esse sentimento e mostrar para todos e para mim mesma que, mesmo desfrutando tão pouco da dádiva de ser mãe, ela foi a melhor do mundo.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

O 1º bolo de maçã a gente nunca esquece!



De uns tempos para cá tenho sentido uma enorme vontade de aprender a cozinhar. Acho que isso é meio que um dom e como não o tenho estou forçando a barra para pelo menos tentar exercer essa minha parte mulherzinha de forma razoável. Tenho visitado uns blogs de culinária e alguns deles são inspiradores, além da beleza das fotos e do capricho de suas donas, a forma como elas nos encorajam a testar as receitas é contagiante! Já salvei várias receitas, comprei alguns ingredientes que ainda não usei e espero cada vez mais aprimorar a minha falta de jeito. Só sei que quando no final tudo dá certo, dá uma imensa alegria de realização.

A receita do meu primeiro bolo de maçã eu tirei do blog chocolatria, desse post aqui, esse blog é uma delícia, dá água na boca e realmente adoça a vida! O preparo é bem simples e o cheirinho da maçã assando junto com a canela é delicioso.

Bolo de maçã
Ingredientes:
1 1/3 xícaras de óleo vegetal
3 xícaras de farinha de trigo
1 colher de sopa de canela em pó
1 colher de chá de bicarbonato de sódio ( eu não tinha em casa, então substitui por uma colher de chá bem rasa de fermento em pó )
1 colher de chá de sal
2 xícaras de açúcar
3 ovos
4 maçãs -usei a Gala- descascadas, sem sementes e cortadas em cubinhos. ( Eu usei 3 maçãs grandes e achei o suficiente )
1 xícara de nozes picadas grosseiramente ( eu não tinha nozes, então usei castanhas de caju que eu já tinha comprado previamente trituradas )
Modo de Fazer:
Pré-aqueça o forno a 180oC.
No bowl da batedeira, junte os ovos, o óleo e o açúcar. Em um outro recipiente, misture a farinha, o bicarbonato, o sal e a canela polvilhados.
Bata a mistura de ovos até obter um amarelo claro. Agregue a mistura de secos e bata o suficiente para envolver.
Retire da batedeira e adicione as nozes e as maçãs picadas. Divida a mistura nas assadeiras previamente untadas com manteiga e polvilhadas com farinha de trigo, deixando um dedo de borda.
Leve para assar por cerca de 45 minutos -faça o teste do palito- rotacionando a forma no meio do tempo.


Ficou muito bom! Se alguém se animar de testar a receita, me conta depois como foi!
Boa semana e bom jogo do Brasil pra nós hoje!!

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Ao gênio, com carinho.



"Acho que todos nós devemos repensar o que andamos aqui a fazer. Bom é que nos divirtamos, que vamos à praia, à festa, ao futebol, esta vida são dois dias, quem vier atrás que feche a porta – mas se não nos decidirmos a olhar o mundo gravemente, com olhos severos e avaliadores, o mais certo é termos apenas um dia para viver, o mais certo é deixarmos a porta aberta para um vazio infinito de morte, escuridão e malogro".

SARAMAGO,José.“Cada vez mais sós”, in Deste Mundo e do Outro, Ed. Caminho, 7.ª ed., p. 216



Difícil entender do que é feita a cabeça dos gênios. Mas há uma semelhança entre eles: a capacidade de ver sempre além, de enxergar o que algumas pessoas nunca verão, de entender que a vida nunca será explicada. Todos os meus escritores favoritos são vanguardistas, são meio loucos, não são politicamente corretos, são contestadores, realistas e, aí está a pitada mágica da genialidade, mesmo assim conseguem arrebatar a alma de quem os lê.

Saramago já estava no hall da imortalidade mesmo estando vivo, seus livros dizem tanto e abrem tanto a mente das pessoas que chega a doer. Aliás, a dor da melancolia portuguesa que ele ajudou a transformar em universal aliada à visão extraordinária de uma mente genial capaz de colocar no papel algo que mude a forma de pessoas enxergarem a vida é só uma das características desse escritor, jornalista, dramaturgo e poeta.

Perdoem-me a repetição de características, mas gênios não morrem todos os dias. O que Saramago fez pela literatura mundial e pelas pessoas que transformou já está imortalizado.

Apesar de saber que sua obra jamais deixará de ser ter o peso de sua genialidade, hoje o dia amanheceu mais triste. Não digo adeus nem até logo, digo que ele sempre fará parte de quem o lê porque ninguém permanece o mesmo após passar por Saramago.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Eu não sou do uhu!

Você acorda cedo no domingo sem muitos planos para o dia. Fica na cama pensando no que poderia fazer para otimizar a sua total liberdade de não fazer nada. O telefone toca. É um amigo convidando para um churrasco. Uhu!, você pula da cama animadíssima! Hoje é dia de comer tarde, ter no prato uma carne mal cortada e fora do ponto e beber cerveja quente. Não, obrigada, você diz. Do lado de lá, cogitam, o que te faz ser menos feliz que eles.

Ok, eu sei que um churrasco pode ser divertido, motivo para encontrar amigos, bater um bom papo. E esse é só um exemplo. Às vezes, eu gosto muito. Mas, às vezes, não. E não me convencem armadilhas emocionais politicamente corretas que te fazem crer que essas são obrigações sociais que você deve cumprir para... ser feliz.

Sinto nas pessoas uma certa obrigação de ser feliz. Uhu! é o lema. O mundo anda barulhento demais. Uma espécie de euforia compelida... quase uma histeria coletiva... que vai crescendo... e fica difícil prestar atenção em alguma coisa... fica difícil prestar atenção nas pessoas... Faz-se mais e sente-se menos.

Eu não sou do uhu!, não sou de matilha, nem de fazer “a social” e me entedio com todo-mundo-junto-o-tempo-todo. Mas entenda, não estou abatida, nem deprimida, não maltrato criancinhas, dou passagem na faixa de pedestres e cuido muito bem das minhas plantinhas.

Desculpem, é piegas, eu sei; mas não acho termo menos clichê para dizer exatamente isso: "triste é quem tem obrigação de ser feliz".

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Prefira o ogro

Mesmo num mundo com menos preconceito, muitos homens ainda não saíram do escurinho do armário. Mas tem um tipo de homem, que me deparo sempre e cada dia mais: ele é heterossexual convicto, nada gay, mas detesta mulher. Em vez de desejar a mulher, ele deseja a si mesmo, o que reflete na retina feminina.

Sabe que precisa de uma mulher, e até gosta de desfilar com aquela que ele considera privilegiada, mas pouco se importa com as emoções dela. É o cara que trata a mulher que o acompanha com desdém, até que apareça uma amiga dela ou dele. Aí ele se acende como se fosse árvore de Natal na Lagoa da Pampulha. Quer mesmo é fazer a social e depois correr para contar seus feitos para os amigos.

É monotemático na conversa. Só fala de carro. Só fala de golfe. Só fala de trabalho. Só fala dele. Ama um espelho. Aposta no físico perfeito, mas é emocionalmente um banana. Coloca-se como porta-voz , interrompe e fala pela mulher, mesmo quando o assunto são os projetos dela.

Ele curte sair com os camaradas, comentar a boa forma do Paulão, vai religiosamente à academia, mas nunca leu uma lauda. Lá no fundo, ele acredita que há um lugar muito especial, superior, reservado aos homens, e que as mulheres, nessa escalada evolutiva, estão lutando contra a própria natureza.

Fujam desse tipo. Ele é o príncipe encantado do Sherek. Prefira o ogro.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Eu te amo!


Eu nunca disse o quanto amei você. Ao contrário, fiquei calada e por vezes espanei o que estava sentindo. Medo de admitir que aquele amor era maior que eu e não cabia aqui dentro.

Eu também nunca disse o quanto desejei você. Os sonhos de uma vida ou de um amor adolescente. Ao contrário, fiquei em silêncio, sem esgostar todas as possibilidades de uma paixão para a vida toda, guardando sentimentos que deveriam ser vividos juntos, construídos juntos. Firmando e reafirmando as certezas de seguir em frente.

Eu pensava que o silêncio fosse dizer tudo o que sentia, de maneira delicada, sutil. Eu pensava que o silêncio, como um sopro, pudesse encurtar o tempo e trazer você de volta.

Preciso aprender a dizer.

"E hoje em dia, como é que se diz eu te amo?"

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Eu não te avisei

Na plataforma, o casal chega apressado ao guichê, o embarque já encerrado. Aturdida, ela faz perguntas, cogita hipóteses, parece sentir-se culpada pelo atraso. Em vão: o trem já partira. Desapontada, ela o olha com olhos piedosos. Implacável, ele condena: Eu bem que avisei!

Perdi a conta, nessa minha vida, da infância à maturidade, das vezes em que também fui atingida por um “Eu bem que avisei!”. Cale-se, escute e ainda corra o risco de ser considerado o arrogante, que não deu ouvidos aos avisos, o desobediente.

Não vou dizer que não me irrita essa inapelável sentença. Você não precisa me enxergar para me julgar, mas precisa me enxergar para me entender.

Para esses, eu estou bem aqui na frente, mas insistem em não me ver. Tudo bem, cada um enxerga o que quer. O problema é quando sem ter ideia de como sou, o que faço, onde estou, resolvem dar a visão deles sobre mim. Embora isso não faça sentido, porque não me enxergam, certo?

Explicando melhor: preferiria que me esquecessem, mas até para poder esquecer teriam que me enxergar. Entenda, por favor, que não é o meu desejo, mas se você que me lê vier a errar, falhar ou fracassar – possibilidade muito remota, bem sei – não, eu não te avisei.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Presente de aniversário

Bom...passada a tempestade que fez parte do meu inferno astral, respiro aliviada. Como disse a minha tia “essa era de Aquário não está sendo fácil”. Bem antes do meu sempre presente período nostálgico e melancólico pré-aniversário, veio a história da Bárbara, por quem tenho um amor de mãe, pois vi nascer, vi o primeiro sorriso, a primeira febre, os primeiros passos... Bárbara hoje está com 18 anos, o que significa que quando ela nasceu eu tinha 14 e a mãe dela ( minha prima ) 15. Dá para imaginar a revolução que foi isso em nossa família? E no hipócrita colégio de freira em que estudávamos? Minha prima Carolina é a mulher mais corajosa que conheço, enfrentou o mundo aos 15 anos por sua Bárbara. Não é a toa que deu esse nome à sua menininha: um nome forte, de guerreira. E, nestes últimos dias, essa menininha mostrou a força bárbara que traz em suas veias, e fez uma verdadeira guerra para continuar viva. Explico melhor: há cerca de 20 dias, minha prima levou sua filha ao Hospital Biocor com forte dor de cabeça e vômito, eles a internaram e fizeram vários exames para tentar descobrir a causa dos sintomas. Sugeriram dengue, virose, rota-vírus, e, mesmo contra as justificativas de minha prima, sugeriram até que ela levasse sua filha para se recuperar em casa. Porém, Bárbara não melhorava, os sintomas pioravam, a febre não cedia, apareceu uma taquicardia... resolveram levar o quadro da menina a sério e fizeram ultrassons: descobriram que ela estava com uma alteração estranha no fígado. Não era de se assustar? Mais piora, e aí 2 dias depois resolveram fazer um exame muito “sofisticado”, que acredito qualquer leigo no assunto já teria feito: um exame de urina – bingo!- a menina estava com uma infecção urinária. Como não foi detectada no prazo certo, essa infecção bacteriana tomou uma dimensão enorme. E então resolveram fazer um teste de sangue chamado PCR, o qual detecta uma proteína responsável por infecções e que, o máximo permitido para um ser humano tolerá-la seria 6, o teste de Bárbara acusou 360!! Correria: levaram a menina para o CTI com os 2 pulmões infiltrados e a bactéria espalhando-se pelo seu organismo por meio dos rins. O estado dela era gravíssimo, finalmente o Biocor colocou à disposição dela médicos competentes, entre eles o dr. Ivan, um médico excepcional que acompanhou Bárbara até que ela se recuperasse. Foram 4 dias no CTI e mais 9 (contando com a entrada dela no hospital) internada para que ela recebesse alta. No meio disso tudo, o sistema de saúde brasileiro mostrou sua falência, mesmo com plano de saúde particular, não havia apartamento disponível e minha prima teve que rodar a baiana para que depois do CTI ela fosse para um quarto, queriam deixar ela lá por mais tempo sem necessidade. Já não havia sido traumático demais? Nós, familiares, perdemos o sono, a tranqüilidade e só respiramos aliviados no dia em que ela recebeu alta. Minha prima quase surtou de tanto desespero. Eu, de longe, não queria acreditar que aquilo estava acontecendo. Bárbara é nossa 3ª geração, sempre foi para mim, símbolo do sonho de ser mãe e meu primeiro amor. Tenho por ela um amor sem tamanho, sempre brincava dizendo a ela que “odiava ser apenas sua prima de 2º grau”. Ela sabe que para mim ela é muito mais que isso. Hoje, fica o susto e a dor do que passamos, mas fica também o orgulho por uma menina que lutou contra uma poderosa bactéria, que pouco antes havia matado uma jovem nesse mesmo hospital. Tenho que corrigir o que disse antes: a mãe dela não é a mulher mais corajosa que conheço, ela e sua filha são as mulheres mais corajosas que conheço.

E, assim, o meu maior presente de aniversário foi vê-la sentada e sorrindo, brindando os meus 32 anos!

Até a próxima!

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Sem a tua companhia

“A minha alma chorou tanto
que de pranto esta vazia
Desde o dia em que fiquei
sem a tua companhia”

Na sua companhia, ela já viveu as mais diversas situações: em algumas, foram momentos de intensa alegria, nos quais, como crianças, se julgaram eternos, e outras, de grande aflição, quando quase chegaram a pensar, devido a tanta dor e sofrimento, que nada mais valia a pena.
Mas que ele, sempre forte, conseguiu dominar e dar a volta por cima, pois sabe que a vida, independente das peças que possa nos pegar, foi feita para ser vivida. Entregar o ouro para o bandido, jamais, e ele – tão especial que é – sabe que esta é uma verdade maior. Não é à toa que os seus olhos, castanho-claros, e belos, sempre miram adiante, muito adiante, mesmo que nuvens escuras, vez ou outra, possam surgir no horizonte.
Ela procura nas pessoas com as quais convive, nas que cruzam o seu caminho e perguntam por ele, mas nada preenche o vazio. Na imaginação, no corpo e na mente, o rosto dela olha pra ele e lhe faz companhia. É a presença que se sente, mas não se pode tocar e é compensada, substituída, completada, pela certeza de que ele vai voltar.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

‘Tanta criança passando fome e...’



Já ouvi esta frase dezenas ou centenas de vezes, de gente incomodada com protestos pró-libertação animal, e até mesmo os conhecidos que atuam na proteção animal já me relataram ter ouvido esse mantra boca-suja à exaustão. Qualquer movimento, ação ou preocupação com os animais, gera em determinadas pessoas a pergunta ‘mas com tanta criança passando fome, vocês aí ________?’.

Eu ouço uma pergunta diferente nesses casos; da boca da pessoa sai a frase acima, porém a tradução é ‘mas com tanta criança passando fome, vocês aí que fazem coisas, que gastam dinheiro do próprio bolso, que sacrificam horas e dias de repouso, que esquentam a cabeça e se preocupam em resolver aquilo que nós, maioria, apenas passamos os olhos com indiferença, destinaram todo esse esforço voluntário justamente pros animais?’. Quem sempre tem uma opinião na ponta da língua, não é a mesma que faz doações regulares a entidades beneficentes, que vai uma vez por semana fazer leitura para cegos, que vai conversar com um morador de rua para tentar dar uma ajuda, que sacrifica um dia besta na frente da televisão para se voluntariar como instrutor em oficinas profissionalizantes, ou arrecadar um computador seminovo entre conhecidos e enviar a algum lugar que necessite.

São pessoas diferentes, embora alguns esperneiem para dizer que, sim, eles são os bons samaritanos de primeira hora, de raiz, e cospem em quem levanta dúvida sobre sua incapacidade de levantar a bunda da poltrona para alterar, em 0,00001%, a realidade lá fora. A realidade que passa de relance nos noticiários.

Acredito sinceramente que as crianças que passam fome infelizmente estão à mercê da grande maioria das pessoas, cuja indignação e empatia duram somente o tempo dos intervalos comerciais, ou o tempo de leitura de algum e-mail apelativo recebido de conhecidos. Porque parece que nós, ativistas pró-animais, e protetores e defensores, estamos somente enxugando gelo, enquanto o céu desaba lá fora – realidade detectada somente pelos que tudo criticam, mas pouco fazem.

Nós, ‘trololós das ideias’, estamos perdendo nosso tempo – e o tempo deles – com conversas e atividades envolvendo cachorros, vacas, porcos e até animais que nunca veremos, como focas no Canadá, golfinhos no Japão, animais fofos na China e ratos brancos em laboratórios.

Eles, não.

Eles enchem a boca para criticar as protetoras dondocas, que nada têm a fazer, então correm atrás de cachorros pelas ruas, que saem alimentando gatos, que brigam com carroceiros malvados etc. Eles, com orgulho, apontam todas as falhas de razão que os veganos têm, suas preocupações e soluções bobas, já que não há mal nenhum em um bom bife, necessário à saúde e que, convenhamos, não tem nada a ver com imagens sangrentas e agressivas que povoam o Orkut e sites de gente que usa camiseta preta.

Mas as crianças continuam a passar fome, a despeito dessa maioria que, transbordando um bom-senso que eu não terei em vida, pesa melhor os problemas que aí estão. Tal como as promessas de muitos candidatos a cargos políticos, basta abraçar os problemas na hora da fotografia, e o remorso passa em instantes.

A indiferença resume a ética dessa brava gente brasileira.

A indignação só vale para a conversa rasteira com o motorista do táxi, xingando o governo e ‘a ladroagem’, mas o ritmo de vida não muda, o que só depende da própria pessoa. Foi-se o tempo em que era necessário encaixar-se nos moldes, nas oportunidades fornecidas por terceiros, nas vagas a autômatos. Quem quiser arregaçar as mangas, terá um mundo inteiro, lá fora, aguardando e precisando de sua boa vontade e culhão. Não é fácil, pois se escolher a problemática A, o pessoal dos camarotes vai comentar que o certo seria atacar a problemática B, e assim por diante.

Mas essa maioria ainda não se deu conta de que o voyeur não faz nem participa, contenta-se em olhar para o que os outros estão fazendo, com prazer. Como o ativismo pró-libertação animal, gostem ou não.

Vanguarda Abolicionista - Marcio de Almeida Bueno
Publicado em http://www.anda.jor.br

domingo, 4 de abril de 2010

Ora, pois!

Portugal sempre foi um bom motivo para me debruçar em livros de história. Assim como qualquer outro país ou qualquer livro de história. Mas, realmente, nunca pensei que um dia fosse conhecer as terras lusitanas.

Foi meio que de repente. Planejava um descanso no final do ano em Salvador quando, em novembro, meu irmão me liga dizendo: vamos para Portugal? "Ai, Jesus!", pensei. Mas, em seguida disse que topava o convite.

Troquei o sol escaldante das praias nordestinas pelo restinho de frio gostoso e charmoso que fazia na Europa no início da primavera de lá. E de lá pra cá, fechei a torneira com os gastos bobos. Afinal, era uma viagem para Portugal.

Muitos podem dizer: Portugal é a porta de entrada para a Europa. Pois. Que digam! Dizem isso por puro despeito, acredito. Tá certo que cada país tem suas belezas e seus problemas. Mas problema na Europa tem lá seu charme.
Portugal é fascinante. Todo brasileiro deveria conhecer este país. Foram 12 dias de encantamento. Cada cidade uma história. Cada história um descobrimento.
Até a maria-sem-vergonha, aquele matinho chato, possui uma cor linda e enfeita as estradas e plantações!

Eu começo em Lisboa. Mais precisamente na Pça Marquês de Pombal, Hotel Avis. O hotel que hospedou nomes como Sinatra, Maria Callas, Ava Gadner é simplesmente um luxo. Minha cama cabia umas 13 pessoas, sem exagero. No café da manhã, pães, pastéis de nata, frutas, chás variados, café bem forte e champagne. Isso mesmo, champagne. Mas não tomei. Achei muito esnobe.

O primeiro dia de passeio começou logo na chegada. De metrô, fomos até o bairro Oriente. Uma região moderna às margens do rio Tejo. Visitamos um aquário que contém espécies de todos os oceanos. Perfeito!

No dia seguinte, Belém. Pegamos um ônibus de turismo e fomos visitar a famosa Torre de Belém, o Monumento das Grandes Navegações e o Mosteiro de São Jerônimo. Simplesmente encantador.

No segundo dia, alugamos um carro que só largamos no último dia e partimos para o litoral. As estradas são perfeitas. Pistas triplas, conservadas e as plantações de parreira eram nossa companhia durante toda a paisagem.
Cascais. Cidade cosmopolita e charmosa. Que faz um calorzinho convidativo para um passeio na orla. Mas nem ouse colocar os pés na água. Gelado. Ainda.
Foi nessa cidade que comemos o melhor prato da viagem. O restaurante se chama Casa Velha e o prato é um carril (um peixe que nunca ouvi falar) com legumes. Para acompanhar, um belíssimo vinho verde.

Come-se muito bem em Portugal. É uma comida saudável. Eu, por exemplo, coloquei meu ômega 3 em dia com tanto peixe saboroso, frutos do mar e camarões. Para limpar as artérias, vinho. Foram 12 garrafas liquidadas por três pessoas (eu, Eduardo e minha cunhada Maria Elisa). É claro que a gente acaba sentindo falta de um arroz ou de um feijão. Mas o sangue fidalgo que tenho certeza que corre nas minhas veias nem parou para pensar nisso.
Voltemos ao passeio.

De Cascais fomos para Sintra. Uma cidade no alto de uma montanha que tem como atração turística o Parque da Pena. Nesse lugar, castelos dos mouros, um parque com matas lindas e o Palácio da Pena, a última residência do Rei de Portugal. Ao chegar em Sintra, um nevoeiro tomou conta da paisagem e a temperatura caiu bastante. Bom, né? A paisagem ficou bucólica e ao mesmo tempo misteriosa.

No dia seguinte, debaixo de chuva, fomos para Ourém. A cidade mais conhecida como Fátima. O santuário é enorme e não tem quem não se emocione naquele lugar. Em todas as cidades vi pombos cinzas. Em Fátima, os pombos são brancos. Vai entender.
Preces e orações feitas seguimos para Batalha.

Batalha é a cidade onde estão enterrados os reis da dinastia Avis. Essa dinastia foi muito importante para o mundo, pois foi nela que deram início as Grandes Navegações. O Mosteiro de Santa Maria da Vitória é um caso a parte. Cada coluna do pátio do mosteiro tem um desenho diferente. E possui uma parte chamada Capelas Imperfeitas que de imperfeito não tem nada. Na verdade, elas não foram terminadas. O rei da época e o arquiteto que fez o mosteiro morreram no mesmo ano e o teto da capela ficou inacabado, sem cobertura.

O quarto dia foi um passeio a cidade de Óbidos. Um castelo feudal belíssimo. Na história, Portugal foi o último Estado da Europa a se transformar em reino, acabando com o famoso sistema feudal da Idade Média. Aquele sistema que só possuía 3 castas: senhor feudal, clero e servos. Óbidos é bastante preservada. Pelos muros da cidade, você faz um belo passeio e ganha imagens lindas. Hoje, no castelo do feudo funciona uma pousada.

Ao cair a tarde, seguimos para Lisboa, atravessamos a ponte Vasco da Gama (lá, tudo é Vasco da Gama. Cabral é um mero subcoadjuvante) que tem 16km de extensão e fomos para a cidade de Alcochete para deliciarmos em um shopping outlet. Grandes marcas por preços mínimos. Mas haja paciência para garimpar a melhor roupa e o melhor calçado por preços baixos.

No dia seguinte, bem cedo, seguimos para a cidade de Porto, segunda maior cidade de Portugal, mais ao norte do país.
Porto é mais preservada que Lisboa porque não sofreu terremotos que destruíram a capital. A cidade é banhada pelo rio Douro. Aquele que carrega fama de rio dos vinhos. E faz jus à fama que tem.

Para mim, a vista mais bonita da viagem foi o passeio que fizemos em Gaia, cidade que fica do outro lado da margem do Douro. Gaia tem a vista mais linda do mundo: as construções de Porto. Eu não queria piscar os olhos naquele momento para não perder um lance das imagens e gravá-las lá no hipocampo, pra sempre.

Nos dias seguintes, pegamos estrada no sentido Norte e fomos para Guimarães – lugar onde Portugal nasceu e de onde vem a família real brasileira (a dinastia de Bragança). Guimarães é chique, as pessoas são chiques, as construções são chiques, a lixeira da rua é chique.
Não podíamos visitar esta cidade apenas uma vez. Então, dois dias depois, já em nossos últimos suspiros europeus, retornamos à cidade para um delicioso passeio de teleférico.

Entre os dias de Guimarães e a volta a Guimarães, passamos por Viana do Castelo. Viana recebe mais influência espanhola. Estávamos a mais ou menos 60km de Valença.
Viana do Castelo é um balneário. No verão a cidade recebe turistas de vários países da Europa e como eu já me incluo nessa União Européia estou até pensando em largar um pouco as praias do Sul da Bahia para veranear em Viana do Castelo.

De Viana do Castelo para Porto. De Porto para Lisboa. De Lisboa para Belo Horizonte.
De volta à realidade na Terra Brasilis, sou recebida por um bafo de calor em pleno outono belorizontino. Chego em casa e me deparo com uma humilde cama de solteiro e na geladeira, meio vidro de água. Mas aí a gente faz o jogo do contente da queridíssima Poliana: o barato dessa história é saber que Portugal, assim como qualquer outro destino, estará sempre à sua espera. Basta parcelar a passagem em várias prestações, cortar os gastos em botecos no fim de semana e fazer as malas.

Nota 10 para:
_As rádios locais que tinham uma programação perfeita;
_O vinho Quinta da Soalheira. O melhor de toda a viagem;
_O almoço de Cascais e a sobremesa também;
_Os pastéis de nata de qualquer lugar de Portugal;
_As lindas estradas (o pouco que vi porque caía no sono antes do carro sair da garagem);
_Os hotéis: Avis (Lisboa) e Eurostar (Porto);
_As liquidações;
_Guimarães;
_Para meus companheiros de viagem Duda e Isa (presente perfeito!)

terça-feira, 30 de março de 2010

Eu, eu mesma e meu silêncio



Na semana passada, dei de presente para o maridón a camiseta aí da foto. Muito mais porque achei divertida, do que para confessar a minha conflituosa relação com o silêncio. Eu nunca achei que ser mulher fosse vantagem ou desvantagem, mas me interesso e acho até divertido o tema diferenças de gênero. E a nossa relação com o silêncio com certeza é um ponto.

Em geral somos mais rumorosas. Fomos premiadas com um cérebro labiríntico. Falamos em entrelinhas, achamos duplos sentidos para tudo. E, ao que parece, nos acostumamos com esse diálogo contínuo. Já contei aqui que na falta de uma boa companhia, eu converso sozinha sem nenhum pudor. Para nós, ou a maioria das mulheres, o silêncio é visto com negativa, como falta de assunto, como certo mal-estar. Perguntar aos homens porque estão em silêncio, ou tão quietos, ou se tem algum problema, é uma estratégia de dominação ensaiada por nós há milênios, sem qualquer sucesso.

A verdade é que mulher é mais chegada a uma conversa de bar do que os homens. Mas quando a gente se reúne em torno de uma cervejinha, os assuntos são bem diferentes. A gente não discute por que o Cruzeiro perdeu um campeonato ganho, nem a incrível comissão de frente daquela garota da outra mesa. A gente discute, entre outras coisas, “por que a gente é assim”. Afinal de contas, não são só os homens que não nos entendem. A gente também não!

O fato é que essa camiseta talvez tenha me levado a fazer algumas reflexões e a repensar minha relação com essa ausência da fala. Acho que vou ligar pra alguma amiga.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Sobre espiritualidade

Já faz algum tempo que tenho me preocupado mais com a minha espiritualidade, sei lá, sinto falta de algo que me faça entender melhor as inquietudes sem fim que rondam minha alma. Hoje, chegando ao trabalho, uma colega me perguntou: “você é religiosa?”, respondi o de sempre: “acredito em Deus e me identifico bastante com o Espiritismo...”- ela queria que eu direcionasse orações à esposa de um colega nosso, que acabou de dar à luz uma menininha linda e encontra-se no CTI, por conta de problemas respiratórios – Eu respondi que “ia direcionar minhas energias positivas, sim!”. Essa conversa me fez voltar a pensar em resolver minha espiritualidade...certamente tenho muita afinidade com a doutrina espírita e acredito não ter mais por falta de me aprofundar e frequentar as reuniões. Sei que minha avó materna era espírita, devido a isso tenho lá em casa alguns livros que foram dela e que “herdei” da minha mãe, aliás além dos livros, herdei da mamãe a simpatia pelo espiritismo, sentimento que me acompanha desde sempre. Já li alguns deles, mas nunca senti-me como uma espírita completa, parece que falta algo...

Respeito as opções das pessoas em seguirem suas religiões, mas o exagero me incomoda, pessoas beatas demais ou aqueles “crentes do rabo quente”. Aliás, tenho pavor da religião católica e da lavagem cerebral que a igreja evangélica faz em seus discípulos, não sei como as pessoas podem se aproveitar da fraqueza das outras e tirarem vantagens altamente psicológicas e, pior, financeiras delas. Conheço pessoas que deixam faltar em casa para doar o tal do “dízimo” e, enquanto isso, os pastores estão por aí circulando em carros importados e comprando mansões mundo afora. Quanto ao catolicismo, o que me incomoda, além das monstruosidades e roubos cometidos ao longo da história, é a coisa dos dogmas, de não evoluir com a humanidade, de não perceber que seus fiéis precisam de uma verdade mais flexível e real.

Durante alguns anos após a morte da minha mãe, briguei com Deus, queria culpar alguém pela morte dela, e a minha imaturidade achou mais fácil transferir a minha raiva para ele. Achava bonito dizer às pessoas que não acreditava que pudesse existir um Deus que tirasse a vida de uma mulher tão boa e deixasse por aí vivendo tanta gente ruim. Claro, isso passou com o tempo e eu fiz “as pazes” com Deus, confesso que senti um certo alívio quando isso aconteceu. Com a morte dela ainda recente, lembro-me de tentar um “contato imediato” em algumas sessões espíritas, íamos eu e Karine, numa busca de respostas e de alívio à dor da perda de nossas mães ( acreditávamos que receberíamos um carta psicografada, ou algo assim ), claro que nem chegamos perto disso, mas, pelo menos, ainda tínhamos ( e temos ) uma a outra. A vivência da perda fica mais fácil quando temos alguém que nos importa e que está passando pela mesma coisa.

Semana passada soube do lançamento de um filme sobre a história de Chico Xavier, já sabia que já estava sendo filmado, mas não tinha ideia da estreia. Vi algumas entrevistas com o ator Nelson Xavier ( o qual tenho muita admiração pelo trabalho ) e me emocionei pela maneira com a qual ele descreveu o trabalho e a honra de viver Chico nos cinemas, além da forte emoção que o tomou desde que ele conheceu a vida do grande médium. A estreia nacional será em 2 de abril ( veja o site oficial do filme aqui), data em que ele completaria 100 anos, e eu estou verdadeiramente ansiosa por assistir. O filme é baseado no livro do jornalista Marcel Souto: “As vidas de Chico Xavier”, e ele ficou muito satisfeito com o resultado.




Apesar de ainda ficar meio perdida nas minhas crenças, espero me esforçar mais pela busca da minha espiritualidade e aliar isso ao que realmente acredito que seja um diferencial na formação de um mundo melhor: a família. Essa sim, sem demagogia, é capaz de fazer seres humanos melhores, que façam algo pelo próximo e cultivem a tolerância e o amor.

quarta-feira, 17 de março de 2010

A estreia de Ana

Eta, que a minha estreia neste ano quase se prorroga para abril, socorro! Não foi por falta de querer escrever nem muito menos por falta de assunto... sei lá, o ano já começou tão corrido e cheio de trabalho que, para variar, andei deixando meus prazeres de lado – não pode- inclusive, essa é uma das minhas metas para 2010.

Então, antes tarde do que mais tarde, procurarei fazer um megarresumo ( isso é esquisito assim mesmo com a reforma ortográfica, ui! ) de tudo que quis escrever e até hoje não postei por aqui, ok?

2010 começou muito bem, comigo em janeiro de férias, viajei bastante com o meu amor, conheci um pouco do sul do país e, finalmente, andei de avião pela primeira vez! Foi tudo bom demais da conta! Fiz algumas metas para o ano-novo e, até agora, estou conseguindo cumprir parte delas, tipo: emagrecer os quilos que ganhei nas férias, alimentar-me melhor, colocar aparelho, etc... falta ainda tirar a minha carteira, fazer alguma atividade física e muitassssssss outras que espero realizar ao longo de 2010.

Pois bem, quero este ano, viver mais, ler mais, ver mais filmes, fazer mais coisas que gosto; quero ter forças para estudar, aprimorar-me, tornar-me melhor naquilo que faço. Quero mais projetos de trabalho, mais desafios, mais realizações. Quero ter mais tempo para estar com meu amor e que conquistemos cada vez mais os nossos sonhos. Quero estar mais presente na vida da minha família e das minhas amigas queridas e compartilhar momentos que sei sempre serão inesquecíveis. Quero, enfim, conseguir conciliar isso tudo num dia a dia feliz e que quando não seja possível, não me falte bom humor!

Bom... é isso, prometo a partir de agora ser mais presente, postar com mais frequência e tentar escrever alguma coisa que preste por aqui. Sei lá, a cada dia que passa, e isso é bom, escrevo com mais franqueza, sinceridade ... é bom ler minhas coisas e me reconhecer nelas...assim como faço com vocês no nosso blog: adoro começar a ler um post e adivinhar pelo estilo da escrita quem é a autora do texto, e olha, quase sempre acerto. Sem mais delongas quero dizer que estou feliz em finalmente estreiar por aqui e espero tirar o atraso em breve.

Beijo grande em todos.

Ana

quinta-feira, 11 de março de 2010

Hiato

O que minha alma sente?
O que o sentimento ressente?
Quando não há mais voz
E o silêncio grita e o coração escuta?

Não há espaço para lamento
Há uma dor que lateja, que transcende e sufoca
Mas não há espaço para lamento

Não há espaço para o passado
E não há como passar o presente e pular o futuro
Há um hiato, um soluço
Tudo que cabe nesse espaço

E dentro da minha alma recente
Há um coração que sente
É a vida que segue no sempre
E sempre ausente

terça-feira, 9 de março de 2010

"E se..."



Tivesse sido diferente



Quem leu o perturbardor Precisamos Falar Sobre Kevin, sabe que sua autora, Lionel Shriver, é craque em esmiuçar as razões psicológicas que motivam todos os nossos atos, mesmo os mais tolos, e em demonstrar o quanto esses atos geram consequências previsíveis e imprevisíveis. Em seu novo livro, O Mundo Pós-Aniversário, ela conta a história de Irina, uma mulher instalada num sólido casamento de 10 anos, que um dia sente um incontrolável desejo de beijar outro homem. Pra complicar, esse homem é um amigo do casal. A partir daí, a autora desmembra o livro em duas histórias que correm paralelas: a vida de Irina caso consumasse seu impulso erótico, e a vida de Irina caso reprimisse seu desejo.

A autora poderia ter se contentado em escrever sobre o poder transformador de um primeiro beijo em alguém, mas foi mais inteligente e abordou também o poder transformador de mantermos tudo como está. É comum pensarmos que, ao ficarmos parados no mesmo lugar, sem agir, sem mudar nada, estamos assegurando um destino tranquilo. Engessados na mesma situação, é como se estivéssemos protegidos de qualquer possível ebulição que nos inquiete. Sssshh. Quietos. Ninguém se mexe pra não acordar o demônio.

Não deixa de ser uma estratégia, mas falta combinar com o resto da população. As pessoas que nos cercam sempre interferirão no nosso destino. Se dermos uma guinada brusca ou permanecermos na rotina, tanto faz: o mundo se encarregará de trocar as peças de lugar nesse imenso tabuleiro chamado dia-a-dia.

Ao fazer algo socialmente condenável (como ser casada e dar um beijo em outro homem, pra dar o exemplo do livro), tudo poderá acontecer - inclusive nada. Você poderá se apaixonar, abandonar seu marido e viver uma tórrida história de amor, e essa história de amor se revelar uma furada e você se arrepender, e tentar reatar com seu marido que a essa altura já estará apaixonado pela vizinha. Ou você beijará e em vez de iniciar um romance tórrido, voltará pra casa bocejando e nada, nadinha será alterado. Foi só uma pequena estupidez momentânea e sem consequências. Mas das consequências de continuar viva você não escapa.

Esse 2010 promete ser bom: ano do tigre no horóscopo chinês, ano de Vênus no horóscopo ocidental. Quem entende do assunto, diz que teremos um aquecimento global do tipo que ninguém tem nada contra. Emoções calientes. Mas adianta fazer planos? Seja qual for o caminho que optarmos seguir, haverá altos e baixos. E isso é tudo. Se fizermos uma auditoria em nossas vidas, em algum momento questionaremos: “e se eu tivesse feito diferente?”. O diferente teria sido melhor e teria sido pior. Então o jeito é curtir nossas escolhas e abandoná-las quando for preciso, mexer e remexer na nossa trajetória, alegrar-se e sofrer, acreditar e descrer, que lá adiante tudo se justificará, tudo dará certo. Algumas vidas até podem ser tristes, outras são desperdiçadas, mas, num sentido mais absoluto, não existe vida errada.

Martha Medeiros

Publicado na Revista O Globo
Em 28 de fevereiro de 2010

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Perdi o bonde

– Sente direito, menina!
– Não fale palavrão!
– Isso são modos?

Não, meninas. Isso não é mais o bastante para sermos boas mocinhas. Para quem não teve esse tipo de “treinamento” ou para quem, como eu, precisa lembrar algumas regrinhas, é bom correr, porque os ensinamentos da mãe ou da vovó não são mais suficientes. Ser mulher está cada dia mais difícil.

Outro dia, vendo uma propaganda, em que a Débora Secco dá dicas de sedução, eu aprendi: “Peça para uma amiga contar quantas palavras você fala em um minuto. O ideal é ficar perto de 160. Muito abaixo, aumente o ritmo. Muito acima, tente desacelerar“. É sério? Alguém se habilita a contar quantas palavras eu falo em 60 segundos?

As lições para atingir a suposta perfeição, que vão fazer de você uma mulher bem sucedida, com um bom marido, filhos lindos, um corpão de dar inveja, pele de seda, cartão de crédito liberado, apelido de fruta e tempo pra ir ao shopping e ao cabeleireiro, estendem-se por vários capítulos: “Como parecer 10 anos mais jovem”, “Vista-se para seduzir”, “Como ser santa na rua e puta na cama”.

Posso confessar? Eu tenho medo. Eu tenho muito medo. Perdi o bonde da mulherzinha. Os tratamentos de beleza estão há anos-luz do meu conhecimento. Tenho preguiça de fazer a unha, porque ela sempre estraga quando vou dar banho no meu cachorro. E isso eu faço toda semana. Eu não gosto de bolsa. Tenho uma única e ela serve para todas as ocasiões. Acho horrorosas as Louis Vuitton, parecem coisa das minhas tias-avós. Meus sapatos se restringem a sete pares, contando duas rasteirinhas. Compro meu shampoo no supermercado. Faço minha depilação em casa com um creminho que não dói nada. Não passo maquiagem para trabalhar, nem batom. Isso permite que eu acorde mais tarde. Estimulação russa me parece algum tipo de tortura soviética. E que diabos é nude?

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Do que você tem medo?

Do que você tem medo? Eu tenho medo da morte e esta é uma questão que me atormenta. Não a morte sobranceira, que nos espia diariamente. Eu tenho fé que vou morrer velhinha e estou decidida a conhecer meus netos.

Ao contrário da canção do Gilberto Gil, eu não tenho medo de morrer, entende? Eu tenho medo da morte, que é o que vem depois. Como ele diz “morrer ainda é aqui, na vida, no sol, no ar”. Então, mesmo que haja dor, ainda é vida. Eu tenho medo do que vem depois. Melhor dizendo, medo do que pode não vir. Porque se vier alguma coisa, qualquer coisa, pra mim já é lucro.

Pensando nas possibilidades, reencarnar não é bacana, porque a partir do momento que eu reencarno eu já não sou mais Juliana. Mesmo que seja pra me tornar uma pessoa melhor. Melhor do que quem? Gandhi? Oprah? Não, obrigada. Virar luz também não quero. Nem anjo, nem santo, nem pó.

Não penso na morte todo o tempo. Penso mais na vida, claro. Mas, meu Deus, vai tudo isso aqui pra debaixo da terra? Meus cinquenta e dois quilos, meu dedo mindinho, meu joelho com cicatriz de queda de bicicleta? Minha mente cheia de perversões. O pior mesmo, é que todo o resto continua. A roda de samba, a cervejinha gelada, o pão de queijo. Políticos corruptos. Assassinos. Pedófilos. Eles vão continuar tomando café com pão de queijo. E eu, que nunca matei ninguém... A vida é injusta.

E meus badulaques? Minha mãe não ia querer guardar aquele monte de coisas. E minhas plantinhas? Será que minha mãe cuidaria delas? Meus livros irão para um sebo? Meu pai guardaria, porque ele ama livros. Mas talvez não, por causa da culpa. Olharia os livros e lembraria. Hahaha... Na morte todo mundo vira santo.

E meus filhos, guardariam? Duvido. Filhos são sempre ingratos. Venderiam tudo por uma mixaria. Ficariam só com os CD’s. Se bem que até lá nem vão existir mais CDs.

E meu marido, guardaria meus livros? Mas e se ele casar de novo? Claro que vai casar, homem não fica sozinho, ainda mais depois de velho. A mulher que ele escolher vai guardar meus livros, velhos e novos? Talvez ela guarde, e diga: “ela tinha tanto bom gosto...” Talvez ela o convença a se livrar de tudo. Ciúmes de uma morta?! “Ocupa muito espaço, benzinho...” Ah ta! Será que eu consigo puxar o pé deles à noite?

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Felicidade e regras não-aplicáveis



Há pouco tempo, o marido de uma amiga me disse que o segredo da felicidade consiste em não criar regras não-executáveis para nossas vidas. Regras do tipo que não sejam possíveis, ou que sejam quase impossíveis de se cumprir.

Exemplifico: proibir seus filhos adolescentes de ver televisão ou acessar a internet durante a tarde, e determinar que eles estudem neste período. Pode-se até criar punições para quem descumprir a norma.

O plano parece bom, entretanto eles ficam sozinhos em casa até você chegar à noite. Resumo da ópera, esta regra tem chance mínima de ser aplicada, já que não pode ser fiscalizada. E seria injustiça aplicar punições sem provas ou evidências.

Segundo o marido da minha amiga, assim acontece com quase tudo na vida. E apesar da obviedade do desperdício de energia em ter uma regra não-executável na nossa vida, passamos boa parte do tempo criando determinações do tipo para nós mesmos e pessoas a nosso redor.

Ao mesmo tempo em que eu escrevo esse texto, eu avalio quais são as regras falidas que institui para mim e para os outros. Acho que não são poucas a contar da minha insatisfação em alguns campos da minha vida.

Essas determinações ineficientes dificultam a nossa vida e nos dão a impressão de que falhamos ao não cumprir determinada regra, quando o erro na verdade foi estabelecer uma regra que não vai funcionar na prática. Mas o mundo está cheio de determinações do tipo não-aplicável.

Só para citar algumas: uma lei do Estado de Michigan proíbe amarrar jacarés aos hidrantes. Lá também existe uma regra segundo a qual casais casados que não vivam sob o mesmo teto devem ser presos. Claro que nem precisa dizer que essas leis não são aplicadas, certo?!

Pois é. Não sei se não criar esse tipo de regra é realmente o caminho da felicidade, mas ajuda bastante não colocar obstáculos no trajeto da nossa corrida olímpica day-by-day.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Felicidade Realista em 2010!

Amigas, depois de um longo e tenebroso inverno de muita preguiça do blog, estou de volta!!!
O ano começou há 1 mês e, só agora, vim contar-lhes minhas resoluções pra 2010!
Estou atrasada, sei disso, mas ainda é hora de renovar, jogar fora os recalques e inseguranças e alçar voos mais altos, né?
Pra começar, nada de ficar esperando que algo grandioso aconteça para ser plenamente Feliz! Balela! Isso não existe!!! Helooo balzaca sonhadora.... rs
Vou tratar de ser feliz com o corpitcho (aff) que tenho e lutar, malhar mais, beber menos (ai), e dar adeus a 4 kgs que não me pertencem!
Gastar menos e começar a poupar, visto que os pés de galinha e sulcos (socorro!) estão ganhando espaço e preciso pensar no futuro (já era sem tempo né Alice! rs)
Ser feliz com meu relacionamento ou cantar a canção "Levanta sacode a poeira e dá volta por cimaaaaaa"... o mesmo para meu emprego! Porta da rua serventia da casa! (Não é nada fácil...mas...)
Além de ser uma mãe mais paciente (contarei até mil), irei aprender um idioma e viajar mais (chega de Lençois e circuito das águas! kkk). Mas nada de perguntarem onde vou no carnaval!! (Detesto carnaval e natal!).
Enfim, buscarei uma felicidade realista a minhas possibilidades. Sonhar é fundamental mas não enche barriga! (credo!)
Mesmo quando estiver lá entoando meu lerê-lerê, lerê, lerê,lereeee, vou lembrar que existe um sol brilhando lá fora, estou cheia de saúde, tenho tudo que preciso pra viver e vum bora ser Feliz!! Passarei meu reboco na cara com um pó iluminador por cima e sairei toda prosa por aí!
Bjos a todas!
Karine




Felicidade Realista
(Martha Medeiros)

A princípio, bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote
louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos.
Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos, sarados, irresistíveis.

Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica e uma temporada num spa cinco estrelas. E quanto ao amor? Ah, o amor... não basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando. Isso é pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar à luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário, queremos ser felizes assim e não de outro jeito.
É o que dá ver tanta televisão.

Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista. Ter um parceiro constante, pode ou não, ser sinônimo de felicidade. Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com um parceiro, feliz sem nenhum. Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio.

Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo,
usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o
suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça, como um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de criatividade.

Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável. Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o eterno. Olhe para o relógio: hora de acordar. É importante pensar-se ao extremo, buscar lá dentro o que nos mobiliza, instiga e conduz mas sem exigir-se desumanamente. A vida não é um jogo onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio. Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. Se a meta está alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras, demita-se.

Invente seu próprio jogo. Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade. Ela transmite paz e não sentimentos fortes, que nos atormenta e provoca inquietude no nosso coração. Isso pode ser alegria, paixão, entusiasmo, mas não felicidade.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Raio X

Ela sempre inspirou paixão.
Assistiu a filmes de final feliz, leu calhamaços de histórias de mocinhas que se apaixonam por mocinhos e cantarolou músicas de pura passione.
Ela colecionou papéis de carta de desenhos finos e perfumados. Colecionou com intenção de uma dia escrever sobre seus amores a seus namorados.

Ela ensaiou beijos defronte espelhos e declamou poesias como um trovador. Ela guardou histórias, segredos empoeirados, romances da juventude. Amor febril.
Escondeu traumas e lágrimas, disfarçou o choro com sorriso de canto. Ela sempre foi paixão.

Ela acreditou em sonhos. Mas acolheu a ideia de não ter uma companhia para ir além das nuvens. Fotografou amores, beijos e promessas e deu a esses retratos o nome de alma gêmea.

Ela amou intensamente. Viveu para descobrir a imensidão desse sentimento, ainda que para muitos o amor seja uma conveniência ou um sentimento passageiro.

Ela sempre vai inspirar e expirar paixão. Continuará a assistir filmes de final feliz, a ler histórias de mocinhas que se apaixonam por mocinhos, a cantar músicas de pura passione. Permanecerá declamando poesias e guardando histórias empoeiradas.
Ela continuará acreditando em sonhos. Porque ela sempre viverá para o amor.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

"Não é hora de perder a esperança"


Recordo os tempos dos 10 ou 12 anos, mais ou menos, fase de transição entre a ainda menina e o projeto de mulher. Minha tia me levou a uma das visitas da Pastoral da Criança, num bairro pobre de Belo Horizonte. Lá eu vi pela primeira vez a dona Zilda Arns. Uma senhorinha de pequenos olhos claros, sorriso sempre aberto, rosto germânico e gestos comedidos.

Era um dia festa, por causa da visita dela. Fiquei admirada com aquela mulher que tinha vindo de longe explicar a algumas mães como cuidar melhor de seus filhos. Só mais tarde pude entender a vastidão daquele gesto. Ali eu conheci algumas crianças que só conseguiram se manter neste mundo graças ao trabalho dos voluntários da Pastoral, criada por Zilda.

Ali também minha tia me ensinou: quando estiver diante de gente que abraçou o ser humano e tem em sua mais profunda essência o espírito público, certifique-se de que é verdadeira essa sua impressão, bata palmas e siga esse cidadão.

Desde então, eu passei a acompanhar a trajetória dessa grande mulher que salvou milhares de vidas com cuidados básicos da saúde. Mais de 15 anos depois, pude olhar para aqueles olhos novamente em uma vista que ela fez à pastoral de Ji-Paraná.

Em todo esse tempo, enquanto estávamos distraídos, estudando e trabalhando, e nem notávamos as mudanças em nossa paisagem, Zilda Arns metia a mão na massa para reduzir sofrimento humano. Enquanto nos mantínhamos atentos ao processo de nosso crescimento pessoal, às questões da família e dos amigos, e nem notávamos que lá fora a coisa estava ficando complicada, ela agia. Zilda não suportou ver as crianças brasileiras asfixiadas: sem ar, sem água, sem pão, sem amor, sem alegria. Será ousadia cuidar das pequenas coisas que fazem a vida das pessoas? Será temerário ter o ser humano como objetivo principal de qualquer atitude?

O trabalho de Zilda Arns provava que uma parcela importante, significativa, da humanidade, não tinha perdido as esperanças. E como disse dom Evaristo hoje, sobre a morte da irmã no Haiti:"Não é hora de perder a esperança".

Assim como você



Hoje escrevo para indicar o que na minha humilde opinião é melhor blog que eu já li. O Jairo é jornalista, trabalha na Folha de S.Paulo e é cadeirante. Seu blog, o Assim Como Você abriu e continua abrindo a minha cabeça para as necessidades das pessoas com alguma limitação física, ou “malacabadas” como ele diz.

Tudo escrito com muito, muito humor e nenhum discurso chato! Tenho que confessar que quase faço xixi nas calças ao ler os posts. Na redação a galera já sabe quando estou concentrada nas aventuras que o Jairo narra: as gargalhadas são tão altas que atrapalho todo mundo. E como curioso é sobrenome de jornalista, os colegas não sossegam enquanto não leem também. O politicamente correto (aquele do tipo hipócrita) não cola com o Jairo e sua turma. Aliás, ele tem centenas de leitores fiéis e participativos (Eu quero que o CINCOETANTO seja assim quando crescer).

Aprendi lendo o blog do Jairo que a gigantesca gangue de gente sem perna, sem braço, que tem o escutador de novela prejudicado, que manca, que baba, e que num para em pé viveria muito melhor com algumas adaptações e muita compreensão. Como vivo indicando para os amigos decidi postar aqui. Não faço isso para sensibilizar as pessoas sobre “a causa deficiente”, quem faz isso é o Jairo. E faz com naturalidade. Indico porque é muito bom mesmo. Viva a inclusão!

http://assimcomovoce.folha.blog.uol.com.br/

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Resoluções de ano-novo

Adoro listas! Sou viciada. De supermercado a consulta médica, eu sempre faço uma lista para facilitar. A propósito: a cara dos médicos quando perguntam o que eu estou sentido, e de repente, eu saco um papel e começo a ler é hilária...

Às vezes não adianta, pois esqueço a lista em casa, mas pelo menos, tenho sensação virtual de ser uma pessoa mais organizada. Mas agora resolvi extrapolar a atividade deliciosa de colocar a vida em itens.

Nunca havia pensado nas resoluções para um novo ano da forma tradicional (emagrecer, comprar uma casa, mudar de emprego, etc.). Sempre achei uma besteira. Tinha planos e pronto.

E como as decisões desta época do ano, alguns dos meus planos se concretizavam, outros não. Mas agora vou fazer como todos, e até mais um pouco. Vou publicar aqui as minhas resoluções. O objetivo é para ser cobrada por todos. Ou seja, caros amigos, tenho dever de dar satisfações a todos que lerem esse post.

Esse é um passo bastante importante para alguém que tem verdadeiro pavor de frustrar os outros. Mas, por favor, não se contenham. Cobrem. Envergonhem-me. Assim terei mais força para cumprir meus planos nos anos que seguirão. Aí vão meus objetivos para 2010:

Emagrecer (Vamos começar logo com o mais difícil)
Cozinhar (Faço muito bem, mas a preguiça anda me vencendo)
Malhar de verdade (Lá vem a tal da preguiça de novo)
Tirar carteira (Ok, ok, ok. Já devia ter feito isso a long time ago)
Botar as contas em dia (E nunca mais dever nem satisfação para o banco)
Viajar mais por diversão (Atualmente é quase que só por trabalho e visitar a família)
Guardar dinheiro (Preciso de fórmulas. Alguém?!)
Comprar um celular decente (O meu é quase uma piada)
Ligar constantemente para os meus amigos (Eles me fazem muita falta)
Fazer amigos (Em São Paulo, já que os meus, e eu mesma, estão espalhados mundo afora)
Estudar (Várias coisas, mas especialmente francês)
Escrever boas histórias (Elas estão por aí, espalhadas pelo mundo. Loucas para serem descobertas...)
Escolher minhas próprias roupas (Sem levar a opinião dos outros em conta)
Contribuir com o Cincoetanto

Feliz 2010 pra todo mundo! Espero cobranças...