quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Minha vaca Menuda

Quem é mineiro sabe que não é nada bom perder o trem. E quando a gente percebe que ele se foi, ai, como dói! Ficamos a lastimar o que não foi, a sofrer por não ter agido com mais coragem, a desejar fervorosamente o que não volta. Como deixamos aquela oportunidade ir embora?

Bem pequena ainda, eu tinha uma vaca chamada Menuda. Pois bem, eu gostava muito da Menuda, que morava na fazenda onde meu pai nasceu, e que, naquela época, era cuidada – a fazenda e a Menuda – por minha tia Tita. Quando a minha tia morreu, eles precisaram vender a fazenda e meu pai me explicou que eu não poderia trazer a Menuda pra casa. Muito triste eu aceitei que vendessem a Menuda. Com o dinheiro, eu comprei uma bicicleta Caloi amarela.

Nem acreditei quando vi o caminhão chegando com minha bike linda, brilhando sob a luz do sol. Esqueci de tudo, inclusive da Menuda. Foi uma emoção sem tamanho. No meio das pilhas de caixas, lá estava a minha magrela. Todo dia passeava com ela, cuidava tanto para não arranhar, não pegar chuva, não enferrujar, não descascar. Até que um dia, deixei a magrela um minutinho na porta de casa pra beber água. Quando voltei, ela não estava mais lá.

Fiz um escândalo! Aí alguém disse que viu alguém que disse que tinha visto quem tinha pegado a minha bicicleta. Chamaram a polícia. Foram até a casa do menino. O menino já tinha vendido a bicicleta pra outra pessoa. Trouxeram o menino pra minha casa, não sei por que cargas d’água, pra ele contar com quem estava a bicicleta. Meu pai deu água com açúcar pra ele se acalmar e ele contou. No fim, trouxeram minha magrela de volta. Que trauma!

Chegou a minha magrela amarela toda destroçada tadinha. Peguei um balde, uma escovinha, sabão e deixei ela nova de novo. Joguei um spray para dar uma lubrificada geral. Pedalei pela garagem do edifício para testar, que beleza! Subi com ela e deixei estacionada na sala, até que meu pai providenciasse uma tranca poderosa.

Durante as horas que a minha magrela amarela ficou perdida, eu lembrei da Menuda. Fiquei pensando, porque eu não tinha insistido com meu pai e trazido a Menuda pra casa. A minha vaca ninguém ia roubar, eu tinha certeza. Tadinha da Menuda! Tinha abandonado a minha vaca e depois, não tinha vaca, nem bicicleta amarela.

Hoje, eu fico pensando que processo tirano de autopunição é esse que nos faz acordar para uma coisa somente quando ela não é mais viável? Porque que o que passou não é só um tempo bom que ficou lá atrás e ponto? Porque ficar tentando recuperar o tempo perdido, os momentos desperdiçados?

Tem aquela frase, que diz: “Eu aprendi que as oportunidades nunca são perdidas, alguém vai aproveitar as que você perdeu”. Sabe o que eu acho mesmo? As oportunidades são perdidas sim e não retornam, "já era", mas outras vêm. Ou não. Como você nunca vai saber, acredite que algo muito bom sempre está por vir. Sempre está mesmo.

7 comentários:

  1. kkkk, por que cargas d'água a vaca chamava Menuda?? Era por causa dos Menudos??kkkk, só vc mesmo Julieta! Sua Caloi amarela me fez lembrar da minha Cecizinha rosa com rodinhas que eu amava de paixão! Ah...e como foi bom o dia em que eu me libertei das rodinhas...acho que foi a maior sensação de liberdade que já tive! Pois é, cara amiga, várias vezes parei para pensar nesses lances de oportunidades perdidas, principalmente no quesito "entrevista de emprego", muitas vezes perdi a vaga, mas e nas vezes que eu ganhei, para isso outra pessoa também sofreu. Sei lá, acho que tudo tem a hora certa e endereço certo, uma hora chega a nossa vez, é só nem pensar em desistir! Afinal, somos brasileiras não desistimos jamais! Bjssssss

    ResponderExcluir
  2. Gente, vcs nem repararam nas margaridas novas e na ovelhinha que eu tirei! Hunf!!!!rsrs

    ResponderExcluir
  3. Sabiiiiia que era você que tinha colocado as margaridas!!! Hahahahaha... Sua cara Anoca! Ficaram lindas!

    ResponderExcluir
  4. Aaaah! Não sei porque ela chamava Menuda. Eu nem gostava dos Menudos! Só eu mesmo.

    ResponderExcluir
  5. Eu reparei, Anoca! Mas a falta de tempo tá me deixando maluca!
    O texto da Ju me fez lembrar da minha bicicleta tb. Eu a vendi para comprar um óculos escuros. hahahahah! E nunca usei os óculos.
    Adorei o nome da vaquinha. Da Ju, esperava tudo!
    Hehehehhe
    beijos!

    ResponderExcluir
  6. kkkkkkkkkkkkkkkkkk so vc mesmo Ju... não pela Menuda mais pela memória rsrs eu não lembrava nem que tinha uma vaquinha quanto mais o nome dela...será q gastaram o dinheiro da minha? rsrs
    bjoo

    ResponderExcluir
  7. Kkkkkkkk... meu pai lembra! A sua tinha inclusive um bezerro, a Menuda não tinha bezerro ainda não... rsrsrsrsrs

    ResponderExcluir