Sim, é mais fácil crer nas conjunções celestes, do que aceitar os fatos terrenos. Tudo fica mais simples quando o culpado é o Cosmo. Não acredito em Astrologia, mas leio horóscopos, vou à cartomante, faço mapas-astrais, e aceito todas as informações com as quais concordo. E, adoro as descrições do meu signo, até as piores.
Mas, tem gente que diz que esse negócio de horóscopo é t-u-d-o-m-e-n-t-i-r-a. Até gostaria que essas pessoas não tivessem razão, que este negócio de horóscopo não “fosse t-u-d-o-m-e-n-t-i-r-a”. Imaginem vocês que, no dia mesmo do meu aniversário, quem faria 108 anos? Cecília Meireles.
Fiquei feliz quando descobri isso hoje, porque as estrelas da constelação de escorpião transformam a Cecília em uma das pessoas mais influentes da minha vida. Vou contar por que.
Foi na quarta série, que minha professora de Literatura despertou em mim a paixão pela escrita. Não aprendi a escrever nas aulas de gramática, sabe por quê? Em geral, os professores desta disciplina não sabem o valor das palavras. A minha professora de Literatura sabia e me ensinou que a palavra é imensa, é reveladora. Mas, mais que isso, ela me deu motivo.
Toda aula, ela levava um poema da Cecília Meireles. Nós líamos juntos e analisávamos palavra por palavra. No final, o exercício era o seguinte: em cima da métrica do poema da Cecília, nós tínhamos que escrever outro poema, trocando as rimas. Assim, ela escrevia:
“Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta”.
E o meu ficava:
“Eu sonho porque pra mim é brincadeira
e a minha vida tem esperança.
Não sou teimosa nem sou arteira:
sou criança”.
Simples, né? Mas, eu achava o máximo. Eu acreditava piamente que os poemas eram meus. Eu tinha motivo, entende? Mostrava o meu caderninho cheio desses poemas pra todas as pessoas que visitavam minha casa. Eu devia ter uns nove, dez anos e me achava a rainha da cocada preta, queria publicar meu caderninho para mostrar o tanto que eu sabia escrever. Aquilo era paixão.
Aí, um dia o jornal publicou umas poesias da Cecília, dizendo que ela era uma das mais importantes representantes da lírica em língua portuguesa. Mostrei a página do jornal pro meu pai: “Olha aí, pai. É ela, tá vendo? Eu escrevo do jeitinho que ela escreve. Tô feita!" Meu pai me olhou com calma e me disse: “Minha filha, ainda não. Isto aqui eu não sei bem o que é, mas se o jornal está dizendo estas coisas do poema dela é porque o que ela escreve deve ser muito importante. Tão importante que nós não entendemos. Deixa você crescer que aí, você vai entender. Seu pai não sabe como te explicar.” Eta, pai!!!
Bom seria se todos os professores tivessem condições de fazer o que a minha professora de Literatura fazia. Ainda lembro de uma carta dela me incentivando a escrever mais. Hoje, acredito que sei escrever mais ou menos direitinho, por causa dela – mas ainda não sei nada de gramática. Não gosto muito de classificar gerações, mas acredito que hoje falta um pouco dessa paixão. Acho essa garotada meio descrente na vida, uma geração meio blasé, meio apática…
Ainda falando sobre bichos estelares, aí vem outro grande amor da minha vida: Carlos Drummond de Andrade. Pois não é que, sábado que vem, ele faria 107 anos, primeiro decanato de escorpião, nascido também em Minas. Mistério lindo este de descobrir, que duas das maiores admirações que cultivei na minha vida tenham sido por dois parceiros de astral.
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Imagina que quando eu comecei a escrever sobre meu aniversário, queria dizer alguma coisa sobre inferno astral. Ah, gente! Inferno que nada!
terça-feira, 27 de outubro de 2009
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E você se esqueceu de falar de mim! rsrsr
ResponderExcluirSou do primeiríssimo decanato!
Amiga-irmã de profissão, causos e astral!
Beijo!
Eita, Julieta: "escrevo mais ou menos direitinho"?? Como assim? Sua escrita é uma coisa inspiradora, adorooooooooo ler tudo o que vc esvreve e principalmente o seu ponto de vista inteligente dos fatos. Saiba que é uma das responsáveis pela minha paixão pela escrita e pela literatura! Bjsss
ResponderExcluirOiiii...
ResponderExcluirComo é que tá? Vc tem um blog e nem conta...
Não me lembro dessa professora...na quarta serie era bibliotecaria, não? Se for bibliotecaria era Dona Lobélia...teve até um concurso...rs!!!
Beijo!
Nossa Chris, será que era dona Lobélia? Não ia lembrar nunca o nome, rs... Beijos!
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