sexta-feira, 14 de agosto de 2009

O casal de Woodstock


Registros, vestidos, identidades, certidões, comprovantes e assinaturas. O que tudo isso tem a ver com amor? Não importa. É assim que noivos selam o compromisso oficialmente, se fazem questão de uma cerimônia formal (na verdade, mais ainda, suas famílias). Casamentos sempre me pareceram cerimônias de ficção. Essa história de “até que a morte nos separe” não faz sentido algum. Morte de que? De quem? Como assim cara-pálida? Até pode ser sim, mas, não é ali que se define isso.

Sei que há pessoas que enxergam nesse ritual de promessa algo transcendental. O amor é lindo. Aahhnn, tá bom. Acredito sim no companheirismo, no amor sincero e na vontade de construir projetos comuns. São estas e outras características, como paciência, muita paciência, que vão determinar se um casal vai ou não seguir em frente. Tenho certeza que é justamente a possibilidade de não ser para sempre, que faz com que os casais continuem. Pelo menos aqueles que continuam felizes.

A felicidade não pode ser uma promessa. “Prometo ser feliz e fiel, bla, bla, bla...”. Ela deve acontecer aqui e agora.

Alguns vão dizer que as escolhas que pressupõem renúncias são fáceis de serem feitas. Escolhas dignas mesmo, seriam aquelas que são para sempre, indissolúveis. Esse negócio de querer pesar feito cruz nas tuas costas que te retalha em postas… isso é muito romântico, mas só na prosa e fantasia de Ruy Guerra e Chico Buarque. Na vida real - menos, gente. To falando de vida, que até que me provem o contrário, é uma só. Se não deu certo, pega as suas coisinhas e volta lá pro fim da fila.

Eu fiz este rodeio todo pra falar de uma matéria que eu li hoje no G1. Nick e Bobbi (o casal da foto) viraram ícones da geração Woodstock, ao figurar na capa do álbum e no pôster do documentário sobre o festival, lançado em 1970. O casal está junto até hoje e ainda mora próximo à cidadezinha, onde foi realizado o festival, considerado o grande marco do movimento de contracultura da década de 60, o sonho hippie.

O dionisíaco festival de Woodstock revelou ao mundo a força da geração paz e amor. Diziam não à guerra, pregavam a paz, o amor e a liberdade sexual. Questionavam valores e condenavam a hipocrisia. Logo eles, da geração “ninguém é de ninguém”, estão aí velhinhos e juntos. Que fofo!

Vamos combinar que, quando a gente pode ser de ninguém ou de todo mundo, fica muito mais fácil ser de alguém.

4 comentários:

  1. Quando li essa matéria hoje, fiquei impressionada, sei lá...fiquei olhando a foto e imaginando o que se passou na vida desse casal nos últimos 40 anos ( principalmente quando vi a foto dos 2 nos dias de hoje, e estão aparentemente como um casal que não tem cara de quem foi símbolo do Woodstock). Seu texto me deu as respostas, e eu concordo muito com ele. Lindo e verdadeiro, Julieta. Que bom voltar às minhas leituras tuas do tempo de FUNEC. bJSSSSSSSS.

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  2. Eternos pensamentos insanos Anoca! Saudades!

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  3. Todo amor é eterno. O mesmo não acontece com os relacionamentos.
    Até que a morte nos separe sim! Pode ser a morte do amor! Ou o amor, quem sabe, nasce e morra várias vezes me si mesmo!
    Que seja eterno enquanto dure... Vinícius de Morais que o diga, casou-se nove vezes, procurando sempre eternizar o seu.

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  4. Engraçado. Não fui nem um pouco romântica quando li essa matéria. Pensei: acho que faz 40 anos que eles falam paz e amor e fumam maconha. rs
    Quem sabe isso não seja romântico? Vai saber!
    Estou insana com meu humor hoje.

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