segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Um prato e um pai

Semana passada aconteceu uma coisa incomum. Dessas que fazem a gente pensar que realmente tudo tem um quê e um pra quê. Minha madrinha me devolveu um prato, desses que se penduram na parede, que era do meu pai, e minha mãe havia dado a ela de presente logo depois de sua morte, como uma homenagem por todo o carinho que ambos sentiram ao longo da vida. Juro que havia me esquecido desse prato, um prato com países e a marca da ONU no meio, que foi dado a ele quando serviu o exército e que sempre enfeitou nossa casa e era motivo de orgulho para ele. É triste pensar que além de uma camisa preta de seda que guardo até hoje, é esse prato a coisa mais concreta que tenho do meu pai: lá estão histórias que ele viveu na guerra, lembranças de uma vida que eu não tive tempo de ouvir e nem ele de me contar. Meu pai era puro coração, talvez por isso me lembre de tantos erros, mas também por isso era fácil amá-lo e querer ouvir suas risadas. Me lembro do cabelo macio ( ou falta dele, rs), dos olhos amendoados, da doçura com a qual durante 14 anos tive a sorte de ser rodeada. Lembro dos boleros antigos, da maçã picadinha com leite condensado, da batata frita mais gostosa do mundo. Lembro de ser a sua caçula e de me sentir a menina mais feliz do mundo. Feliz dia dos pais, papai.

Um comentário:

  1. Anoca paçoca! Alguma pessoas estão tão presentes da nossa vida, que a presença mesmo não é necessária, sabe como? Fazem dois anos é meio que eu não encontro você, mas é como se você sempre estivesse do meu lado. Sempre! Mas não escrevo mais, acho que isso vale um post...

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